Costa acaba com conceito neoCollection em abril

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Costa neoRomantica, um dos três e o principal navio a integrar a categoria di-
ferenciada. 

Lançado em 2013, o conceito neoCollection prometia uma experiência mais luxuosa a bordo dos navios menores e mais tradicionais da frota, com roteiros diferenciados, serviço mais atencioso e culinária superior. No entanto, a Costa Crociere parece estar acabando com estes cruzeiros diferenciados no ano que vêm, após quatro anos. O último roteiro do conceito está previsto para abril de 2017.


Idealizado como um subproduto, voltado aos passageiros mais tradicionais, uma alternativa superior ao oferecido pelos navios de grande porte, o conceito Costa neoCollection deve deixar de existir em abril do próximo ano.

Costa Diadema, que transporta cerca de 3,000 passageiros a
mais que os navios da neoCollection

A sub-marca era administrada e operada em conjunto com o restante da frota, mas prometia um serviço premium, em navios menores e mais tradicionais, com gastronomia mais elaborada e roteiros mais exóticos, com escalas mais longas e em portos que não estão normalmente nos roteiros. A companhia prometia nestes navios, acima de tudo, atenção especial aos detalhes que acabam por passar despercebidos em embarcações que acomodam quase 5,000 passageiros, como o Costa Diadema, maior navio da frota.

Operando em um nicho de mercado padrão, a Costa é uma “companhia de massa”, classificada como standard, na indústria. Com o neoCollection, a companhia pretendia ter participação também em um nicho mais alto e luxuoso, os cruzeiros premium.

Como reportado por nós em 2013, época em que o conceito foi lançado, dois navios foram destinados inicialmente ao neoCollection, o reconstruído Costa neoRomantica, e o ex-Grand Mistral, renomeado Costa neoRiviera. A companhia deu tal importância para tal idéia, que submeteu o então Costa Romantica à uma das maiores reformas já vistas na indústria dos cruzeiros. Externamente o navio mudou, mas internamente, a mudança foi abismal; como constatou o Portal WorldCruises.com em visita ainda em 2013, não houve área do navio que não tenha passado por uma total transformação.

Costa neoRiviera ainda operando pela Ibero

Criou-se um navio de fato especial, com características diferentes daquelas dos outros navios da frota, e que poderia estar operando na frota das melhores companhias premium do mercado. Além dele, outro navio designado para a sub-marca foi o então Grand Mistral, que até então operava pela Ibero Cruceros, outra filial do grupo Costa. Trazido para a frota Costa, o navio passou por uma pequena adaptação, enquanto aguardava uma planejada e nunca realizada grande reforma nos moldes da qual passou o Romantica.

No entanto, com capacidade para cerca de 1,670 passageiros e um número maior que a média de áreas públicas, o navio se adaptou bem ao conceito mesmo sem grandes reformas. A decoração tradicional e sóbria, diferente daquela presente da maior parte da frota Costa, também foi um diferencial.

Ainda que idealizado já em 2012, a sub-marca só passou a operar de fato em 2014, após o naufrágio do Costa Concordia, que tirou parte da atenção da novidade, dada a ainda recente memória da tragédia.

Com roteiros por destinos diferenciados como a África e a Índia, a sub-marca também promovia portos não visitados regularmente no Mediterrâneo e Norte da Europa, em roteiros mais longos que a média, e com maior tempo em porto.

Um dos lounges do neoRomantica, decoração de estilo
clássico, mas contemporânea, com vários efeitos de ilumina-
ção de última geração. 

Na culinária, o destaque era o conceito slow food, que visava rivalizar com o tradicional fast food, prometendo uma experiência alimentar melhor e mais completa, além de mais demorada. O serviço foi promovido como um diferencial também, dada a maior proporção de tripulantes para o número de passageiros nestes navios. Também pretendia-se foco nos spas, com um grande Samsara de dois andares do neoRomantica.

Estrategicamente e comercialmente, a sub-marca era uma forma de aproveitar melhor os navios menores e mais antigos da frota, já incompatíveis com as embarcações mais modernas. Promovê-los como opções mais luxuosas – com tarifa maior – facilitava o aumento do retorno financeiro que os navios promoviam. O pequeno mercado para navios de segunda mão, também contribuiu para a decisão, já que seria difícil conseguir vender essas embarcações por preços considerados “justos”.

Nesse contexto, o decano Costa Classica também foi acrescentado ao subproduto mais tarde, sendo renomeado Costa neoClassica. Apesar do novo nome, o navio não passou por grandes modificações e manteve suas características pouco alteradas. Gêmeo do Romantica, o navio tinha prevista já há bom tempo, uma grande remodelação como a de seu irmão. O plano original era realizá-la em 2012, mas o acidente com o Concordia inviabilizou o plano na época.

O diferenciado restaurante buffet, com serviço completo

Agora, a companhia italiana parece estar repensando seus planos, e planejando uma saída total do nicho de mercado para o qual deu tanta atenção nos últimos anos.

Com o Costa neoRomantica designado para assumir roteiros a partir da China e Japão em 2017, a Costa parece pretender encerrar sua sub-marca no ano em questão. O último catálogo especial da sub-marca prevê roteiros até abril de 2017, mês em que o neoRomantica encerra sua temporada no Oceano Índico e segue para a Ásia, passando ao comando da Costa Asia, outra das sub-marcas da companhia, esta servindo os mercados chinês, japonês e do sul da Ásia.

Os outros dois navios, Costa neoClassica e Costa neoRiviera, irão assumir dois novos roteiros – tradicionais – recém anunciados pela empresa italiana. Ainda que continue tirando vantagem do tamanho diferenciado dos navios, para servir, por exemplo, mercados menores e portos de embarque menos tradicionais (como será o caso do Classica, que ficará baseado em Bari), a companhia passa a tratar as embarcações como membros “comuns” da frota.

Ou seja, salva uma reviravolta, os diferenciais do neoCollection acabaram. Sem uma manifestação oficial da companhia sobre o assunto, não está clara a motivação para tal decisão.


 Texto e Imagens (©) Copyright Daniel Capella.
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