Com navios construídos em Portugal, a Mystic Cruises é a mais nova companhia de cruzeiros marítimos do mundo. Parte do grupo Mystic Invest, que também inclui as fluviais DouroAzul e Nicko Cruises, a companhia promete realizar cruzeiros para portos alternativos e – duas vezes por ano – cruzeiros entre Portugal e o Brasil.
Como anunciado na semana passada pelo site Cruise Industry News, a Mystic Invest encomendou um novo navio de cruzeiros marítimo ao estaleiro WestSea, em Portugal. Com capacidade para cerca de 200 passageiros, o navio será o maior do tipo já construído no país ibérico, e tomará forma na cidade de Viana do Castelo, onde está localizado o estaleiro.
Controlado pelo empresário português Mário Ferreira, a Mystic Invest opera no segmento de cruzeiros fluviais com duas marcas diferentes, a portuguesa DouroAzul, e a alemã Nicko Tours. Para operar o navio marítimo – que se chamará World Explorer – o grupo irá lançar uma nova marca, a Mystic Cruises.
“São tempos animadores para nós. Esse projeto é algo que temos trabalhado há algum tempo, criando-o para atender às necessidades de nossos clientes e do mercado. O World Explorer será o primeiro de nossos navios de expedição. Ele oferecerá aos passageiros experiências únicas, exclusivas, com serviço personalizado (…)”, afirma o CEO da grupo, Mário Ferreira.
Ainda segundo Ferreira, outros navios devem seguir o World Explorer, e serão encomendados nos próximos anos. O plano é operá-los em destinos exóticos, oferecendo cruzeiros a destinos pouco explorados e que “não são acessíveis a navios maiores”. Os portos portugueses de Lisboa e Porto serão utilizados como escala e também ponto de partida dos cruzeiros, que serão distribuídos pela Nicko Tours.
Apesar de serem voltadas principalmente ao mercado internacional, os cruzeiros serão inspirados pela cultura portuguesa. “Este primeiro navio oceânico ostentará a bandeira Portuguesa e será um verdadeiro embaixador do nosso país além-fronteiras, promovendo os nossos produtos nacionais e o DNA dos Portugueses como povo de grandes aventuras Marítimas”, explica Mário.
Roteiros na Antártica com a Quark e Brasil
Durante as temporadas de inverno europeu, o novo navio será operado em parceria com a tradicional Quark Expeditions em cruzeiros na Antártica. Na temporada 2018/2019 serão dez viagens para o continente branco, partindo do porto de Ushuaia, na Argentina.
A parceria com a Quark já está acertada por duas temporadas, em contrato que pode ser renovado por outras duas estações.
Antes e depois da operação na Antártica, o navio passará pelo Brasil, em posicionais entre a Europa e a América, e vice-versa. “Teremos duas vezes por ano a clássica e fantástica travessia Rio de Janeiro – Lisboa, a não perder!”, afirma Ferreira.
200 passageiros e 9,400 toneladas brutas
Com custo estimado em cerca de 70 milhões de euros, o navio terá 126 metros de comprimento por 19 metros de largura. O calado será de 4,8 metros, com deslocamento de 9,400 toneladas brutas. Com estas dimensões, terá capacidade para até 200 passageiros, servidos por 111 tripulantes.
Projetado com plataforma técnica da Rolls-Royce, o World Explorer foi projetado pelo arquiteto italiano Giuseppe Tringali.
A entrega do navio está prevista para outubro de 2018, e a operação, segundo Ferreira, irá começar no mês seguinte.
Operação na Amazônia abortada
Em 2012, o grupo Mystic já havia planejado lançar a marca Mystic Cruises, em parceria com um grupo de investimento norte-americano. Na época, o plano também era lançar cruzeiros de expedição, mas na Amazônia. Planejavam-se roteiros entre os portos de Manaus, no Amazonas e Iquitos, no Peru, com passagem também pela Colômbia. Leia notícia nossa da época, neste link.
A empresa chegou a adquirir um navio para a operação, mas acabou revendendo-o para outra companhia. Adquirido em 2014, o Atlântida, um ferry português, ia ser adaptado para sua nova função em estaleiro, e passaria a ser o primeiro navio oceânico do grupo. Como noticiado por nós na época, tinha previsão de entrada em serviço pela Mystic em janeiro de 2016.
Entretanto, antes de iniciar seu processo de transformação, o navio foi revendido para o operador norueguês Hurtigruten. Clique aqui para ver nossa notícia sobre a venda, e o cancelamento da operação na porção brasileira da Amazônia.
Texto (©) Copyright Daniel Capella, com informações de Mário Ferreira, Cruise Industry News e Jornal de Negócios | Imagem (©) Copyright Mystic Invest, Quark Expeditions e Hurtigruten.
