Último grande transatlântico a ser construído no Século XX, o Queen Elizabeth 2 é considerado ainda hoje um dos navios de passageiros mais famosos do mundo. Comissionado em 1969, foi também um dos mais prestigiados em todo o globo durante sua longa carreira.
O QE2 foi projetado para realizar travessias atlânticas entre a Europa e os Estados Unidos. Foi um dos últimos navios construídos com esse propósito, pouco antes da popularização dos jatos e da diminuição da demanda pelas viagens transatlânticas. O Queen Elizabeth 2 foi o único a continuar realizando este tipo de viagens até os anos 2000, sendo aposentado apenas em 2008 – ano em que foi substituído totalmente pelo Queen Mary 2.
Operado pela Cunard Line – companhia que se fundiu com a White Star Line, armadora do famoso Titanic – foi construído na Escócia, por um dos mais tradicionais estaleiros da Grã-Bretanha, o Upper Clydebank Shipbuilders, localizado na cidade de Clydebank. Com cerca de 70,000 toneladas, o navio tem capacidade para até 1,800 passageiros.
Durante toda a sua carreira, além de realizar sua rota regular entre Southampton (Inglaterra) e Nova Iorque (EUA) e vice-versa, o QE2 também realizou roteiros de lazer por outros mares. Uma viagem era especialmente popular, o cruzeiro anual de volta ao mundo.
Nessa viagem, o navio partia do porto de Southampton durante o inverno europeu para circo-navegar o mundo. Após navegar por destinos – em sua maioria no Hemisfério Sul – retornava para a Inglaterra depois de cerca de três meses. Também realizava outros roteiros longos rumo aos EUA, América Central, Ásia e mais. Em muitos destes cruzeiros o navio chegou a passar pelo Brasil e em quatro ocasiões esteve também no Porto de Santos.
Primeira escala com Ponta da Praia lotada
A primeira parada por aqui aconteceu em 1985, seguida de escalas em 1986, 1989 e 1993. Shiplover e historiador naval, Emerson Franco Rocha esteve presente nas quatro escalas do navio na cidade. “Com exceção da entrada de 86, acompanhei todas as manobras”, conta.
Em todas as paradas, o navio chamou a atenção da cidade e foi assunto entre os moradores, principalmente ao passar pela Ponta da Praia. “Cada escala teve sua peculiaridade”, lembra Emerson.
Em 4 de abril de 1985, o QE2 estreou no Porto de Santos e mobilizou a cidade. “Era a primeira escala do navio mais famoso do mundo, haviam celebridades a bordo e a imprensa caiu em cima. Na Ponta da Praia, não havia um lugar na mureta, desde a balsa até o aquário”, relembra.
Também shiplover, o jornalista Sérgio de Oliveira tem lembrança parecida. “Tenho fotos dele a passar pela Ponta da Praia lotada de gente”, conta.
Companheiros italianos e Dona Dorotéia
Na escala do ano seguinte, que aconteceu em 7 de fevereiro, o destaque foi o horário em que passou pela Ponta da Praia, após o anoitecer. “Em 86 ele saiu a noite. Havia poucos prédios e o navio foi visto iluminado de vários pontos da cidade. Ele ainda saiu na cola do Enrico C e do Eugenio C”, revela Emerson, citando dois navios da Costa Armatori que também estavam no porto naquele dia.
Em 1989, a escala do Queen Elizabeth 2 coincidiu com outro grande evento da cidade de Santos, o Banho da Dorotéia. Na única vez em que realizou pernoite no porto, o navio britânico chegou no dia 28 de janeiro para partir apenas no dia seguinte, um domingo. “Os passageiros foram recepcionados no cais pela União Imperial e foram na festa Mares do Sul do Ilha Porchat Club. Depois, o navio saiu na hora do Banho da Dorotéia e parou a festividade”, conta Emerson.
Ex-agente marítimo e shiplover, Marcelo Lopes também guarda as escalas do navio na memória. “Das quatro eu vi duas, a saída de 85 e a saída de 89”, conta ele.
A última escala em Santos aconteceu em 18 de janeiro de 1993. “Choveu o dia inteiro”, lembra Emerson.
Despedida do Brasil e aposentadoria em 2008
Depois de 1993, o QE2 chegou a voltar ao Brasil em cruzeiros de volta ao mundo. Sua despedida do país aconteceu em 2008. Em janeiro daquele ano, realizou a última escala no Rio de Janeiro, durante cruzeiro de volta ao mundo.
No mesmo ano, o Queen Elizabeth 2 foi vendido pela Cunard Line para a cidade de Dubai, para ser preservado como um hotel. Depois de ser oficialmente aposentado dos mares, o navio ficou imobilizado e sem uso por mais de dez anos. Em abril deste ano, finalmente foi aberto como hotel e museu.
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Atendi como agente o QE2 duas vezes em Santos, pela Cory Irmãos. Creio que foi em 1989 que embarquei em Montevideo junto com a Pol. Federal de Santos para fazer todos os trâmites de desembarque de passaportes para que pudessem desembarcar sem demora.