Atracado no Porto do Recife desde 12 de março, o Silver Shadow deixou a capital pernambucana na última quinta-feira (26). A embarcação da Silversea Cruises recebeu liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para seguir para Cabo Verde.
A bordo, o navio contava com apenas 266 tripulantes, após ter desembarcado todos os seus passageiros na semana anterior. No total, o Silver Shadow ficou 14 dias atracado, cumprindo o período de quarentena determinado pela autoridade sanitária federal.
O isolamento começou após um passageiro ser desembarcado com sintomas do novo coronavírus.
No Recife, Silver Shadow é impedido de seguir viagem após passageiro ter sintomas da COVID-19
O caso foi depois confirmado e, neste período, o navio esteve sujeito a monitoramento diário, não registrando aumento dos casos de COVID-19. Além disso, protagonizou duas operações para desembarcar os passageiros, quase todos estrangeiros.
Primeiro Desembarque
Após negociações do Governo de Pernambuco com embaixadas e consulados das nacionalidades que estavam a bordo, o Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICCR) iniciou, no dia 20 de março, a primeiro operação de desembarque.
Naquele dia, 205 ocupantes do Silver Shadow foram transportados diretamente para o Aeroporto Internacional do Recife. Foram mobilizados, ao todo, cinco ônibus e três caminhões de carga. A operação de desembarque contou com três etapas.
A primeira fase se deu ainda no Porto do Recife, quando a Anvisa realizou a avaliação clínica dos ocupantes. A bordo, ocorreu o trâmite de imigração, para que o posterior embarque no aeroporto tomasse o menor tempo possível.
Na segunda parte, o primeiro grupo de 25 pessoas entrou no ônibus que os levou diretamente para o aeroporto. O veículo estava devidamente higienizado e o motorista utilizou o equipamento de proteção individual. Durante o percurso, simulado anteriormente, os veículos tiveram escolta e batedores para liberar o caminho.
A terceira e última etapa da operação consistia na ação de embarque no Aeroporto Internacional do Recife. Os ônibus e caminhões – que transportavam a bagagem dos passageiros – entraram diretamente na pista para seguir em direção a uma aeronave.
Aviões fretados
O avião foi fretado pela Silversea, em parceria com embaixadas e consulados dos países de origem dos passageiros e tripulantes do navio. As primeiras 25 pessoas embarcaram com destino a Santiago, capital do Chile. Parte dessas pessoas viajou, de lá, para a Austrália e a Nova Zelândia.
Às 20h, ainda do dia 20 de março, houve o deslocamento do segundo comboio, com repetição das três etapas da operação, desta vez com 180 ocupantes da embarcação, de diversas nacionalidades, principalmente britânicos.
O voo teve como destino o Reino Unido e conexão em outros países da Europa, que adotaram as providências, por meio de suas embaixadas, junto à empresa de cruzeiros e autoridades brasileiras.
Foram envolvidos nesse trabalho 120 profissionais de diversas entidades públicas e privadas, incluindo a Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar e profissionais de Inteligência, além da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Marinha do Brasil e Polícia Federal.
Os outros 400 tripulantes e passageiros permaneceram em isolamento dentro do navio, no Porto do Recife, aguardando a conclusão das negociações entre embaixadas, consulados e a Silversea Cruises.
Segundo Desembarque e tripulantes
A segunda operação de desembarque ocorreu no dia 22 de março, levando mais 105 passageiros para seus respectivos países de origem. O mesmo processo utilizado no primeiro desembarque foi posto em prática, contando com profissionais de órgãos estaduais e federais.
Ao final das operações, permaneceram a bordo apenas cerca de 270 funcionários do navio. Além dos que seguiram viagem no dia 26, o Silver Shadow contava com sete tripulantes brasileiros. Os funcionários aguardavam o período de isolamento acabar para desembarcar no Porto do Recife e seguir para seus locais de origem.
A operação de desembarque deles ocorreu pela manhã da última quinta-feira.
Antes, na quarta-feira (25), foi realizada uma nova avaliação de todos os tripulantes, não havendo registro de febre ou relato de sintoma respiratório. Apenas após a comprovação de que não havia risco, a Anvisa autorizou desembarque de tripulantes e continuação da viagem.
Texto (©) Copyright Daniel Capella (adaptado de Porto do Recife) / Imagens (©) Copyright Porto do Recife