Queima de combustível e seus passivos ambientais – parte 2

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Retomando a publicação da semana passada, na qual vimos os problemas causados pela queima de combustível, apresentamos agora as ações tomadas para mitigar os prejuízos.

Na vanguarda das tecnologias ambientais, as companhias de cruzeiro não só seguem as regulações vigentes, como também as excedem em alguns sentidos, confira:


MARPOL e IMO 2020: exigências

Em 1º de janeiro deste ano entrou em vigor a norma IMO 2020, imposta pela IMO (Organização Marítima Internacional), exigindo que as embarcações utilizem óleo combustível com baixo teor de enxofre (LSFO – Low Sulphur Fuel Oil). A nova regulamentação orienta que o teor máximo de compostos sulfúricos não exceda 0,5%. Desde 2012 a exigência era de no máximo 3,5%, hoje considerado um alto teor (HSFO – High Sulphur Fuel Oil).

Sendo chamada também de MARPOL 2020, a IMO 2020 atualiza as obrigações exigidas no anexo VI da MARPOL 73/78, que é focado no combate à poluição do ar através da queima de combustíveis.

A MARPOL 73/78, importante convenção criada também pela IMO, impõe uma série de exigências quanto à obtenção de certificações ambientais. Entre elas está a IAPP – International Air Pollution Prevention Certificate (Certificado Internacional de Prevenção da Poluição do Ar), que atesta se os navios estão em conformidade quanto à emissão de poluentes na atmosfera.

Para alcançar as metas impostas pela IMO 2020, recomenda-se que sejam utilizados os gases combustíveis, além dos LSFO’s. Comparando com o diesel marítimo, as emissões de dióxido de enxofre (SO₂) são praticamente zero ao utilizar gás natural liquefeito (GNL). As reduções de emissões ficam em -85% de óxidos de nitrogênio (NOx), -20% de dióxido de carbono (CO₂) e -95 a 100% de materiais particulados. O uso de biocombustíveis, como o metanol, é encorajada também apesar do seu alto custo, tendo em vista que os níveis emitidos de SO₂  e CO₂  são baixíssimos.

É essencial que sistemas de depuração sejam instalados nos navios, para que o produto da queima do combustível se torne menos pesado. Filtros também necessitam ser utilizados nas chaminés, para que a maior quantidade possível de poluentes seja retida antes que sejam expelidos para a atmosfera.

Comprometimento das principais companhias

MSC Cruises

MSC Grandiosa conta com EGCS bem como Sistema de Redução Catalítica Seletiva

A MSC Cruises afirma que todos os seus navios utilizarão o GNL como combustível ou possuirão o Sistema Híbrido de Limpeza de Gases de Escape (EGCS), capaz de limpar até 97% do SO₂, instalados até o final de 2023. Os navios inaugurados mais recentemente, como o MSC Bellissima, MSC Seaview, MSC Seaside e MSC Meraviglia, já possuem o sistema instalado. O MSC Grandiosa é o primeiro navio da frota a ter o sistema de Redução Catalítica Seletiva (SCR), que reduz a quantidade NOx emitida. Todos os navios entregues a partir de 2017 possuem a tecnologia de conexão por terra. Isso possibilita a captação de energia do porto enquanto os navios estão atracados, auxiliando na redução das emissões.

Norwegian Cruise Line Holdings Ltd.

Outra companhia que também aderiu ao EGCS é a Norwegian Cruise Line Holdings Ltd. (NCL). Entretanto, esta garante que seu sistema tem a capacidade de reduzir as emissões de SO₂ ainda mais, em torno de 99%. Os navios que já possuem essa tecnologia são o Norwegian Bliss, Norwegian Escape, Norwegian Gem, Norwegian Jade, Norwegian Jewel, Norwegian Joy, Norwegian Pearl, Norwegian Sun e Pride of America. Investimentos foram feitos também pela NCL para realizar conexão por terra. Somente cinco navios estão aptos para essa inovação: Norwegian Bliss, Norwegian Epic, Norwegian Jewel, Norwegian Joy e Norwegian Star.

Carnival Corporation

O Costa Smeralda é um dos primeiros navios totalmente movidos a GNL

Sistemas Avançados de Qualidade do Ar foram anunciados já em 2013 pela Carnival Corporation. A implantação desses possibilita a remoção do SO₂ emitido junto aos gases de escape. O grupo assegura que testes realizados de forma independente acusam que as emissões dos navios de sua frota obtêm resultados satisfatórios, atendendo ou até mesmo superando valores de referência exigidos pela União Europeia, pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) e pela própria IMO.

Em 2015 o AIDAsol foi o primeiro navio de cruzeiro do mundo capaz de ser suprido por GNL enquanto estava atracado no porto de Hamburgo, na Alemanha. Três anos depois inauguraram o primeiro navio de cruzeiro do mundo com autonomia para navegar a GNL, o AIDAnova. No ano seguinte foi a vez do Costa Smeralda conseguir o mesmo feito. A promessa é que até 2025 mais oito navios sejam equipados para que tenham capacidade de navegar desse modo.

Royal Caribbean Cruises Ltd.

A Royal Caribbean Cruises Ltd. diz que investe em tecnologias de redução de emissões com sistemas Avançados de Purificação de Emissões (AEP), ao instalar lavadores e reatores catalíticos seletivos em seus navios. Os NOx são tratados e o SO₂ removido em 98%. Afirmam ainda que ao utilizar esses sistemas, a troca para novas opções de combustíveis não se faz necessária.

Vilões ou mocinhos?

Cruzeiros são parte pequena da frota total de navios nos mares

A emissão de poluentes na atmosfera de forma desenfreada e todos os seus malefícios não são causadas única e exclusivamente pelos navios de cruzeiro.  Estes representam uma parcela mínima da frota mundial de navios, onde os navios de carga são infinitamente numerosos, comparadamente, e tão poluidores quanto.

Mas é importante salientar que sim, todos os meios de transporte motorizados, sejam terrestres, aéreos ou aquáticos são potenciais poluidores do ar. A emissão diária de toneladas e mais toneladas de poluentes é extremamente perigosas para o equilíbrio ambiental, como você pôde perceber.

Por isso, é importante que decisões sejam tomadas por autoridades quanto à contenção das emissões de poluentes e o assunto seja divulgado para a população de maneira acessível, pois cedo ou tarde todos nós sentiremos os impactos, sejam negativos ou positivos.

Queima de combustível e seus passivos ambientais – parte 1

Texto (©) Copyright Natália Mendonça / Imagens (©) Copyright Daniel Capella e Costa

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