Operado pela Aurora Expeditions, o Greg Mortimer tem 59% das pessoas a bordo infectadas pelo novo coronavírus. Até o momento, foram registrados 128 casos da COVID-19 entre os passageiros e tripulantes do navio. Originalmente, cerca de 217 pessoas estavam a bordo.
Projetado especialmente para cruzeiros de expedição, o Greg Mortimer está fundeado a cerca de 20 km do Porto de Montevideo, no Uruguai. Um dos poucos que ainda não parou suas operações, o navio tenta desembarcar seus passageiros desde o final de março.
Em cruzeiro de expedição pela Antártica, o Mortimer partiu de Ushuaia, no sul da Argentina, em 15 de março. Na ocasião, o surto do novo coronavírus já havia sido declarado pandemia pela Organização Mundial da Saúde.
Após cumprir seu roteiro, o Mortimer tentou retornar para a Argentina, mas os portos do país já haviam sido fechados para navios de cruzeiro. No Uruguai, encontrou a possibilidade de repatriar seus passageiros e tripulantes. Outros navios de expedição, como o Scenic Eclipse e o Ocean Atlantic, foram autorizados a encerrar seus cruzeiros no Porto de Montevideo.
Assim, partiu para a capital do país, onde chegou no dia 27. No entanto, quando foram informadas de um caso suspeito de COVID-19 a bordo, as autoridades uruguaias decidiram não permitir a operação do navio sem um período de quarentena.
Desde então, o Greg Mortimer encontra-se fundeado em isolamento. O passageiro que primeiro teve sintomas foi desembarcado para atendimento em terra. Posteriormente, outras nove pessoas tiveram que descer para serem hospitalizadas.
A princípio, o Uruguai só iria autorizar o desembarque de todos os passageiros e tripulantes quando todos a bordo completassem 14 dias sem registrar casos de febre.
Passageiros australianos são desembarcados
Após realizar testes para o novo coronavírus em todos a bordo, o governo uruguaio concordou com uma missão de repatriação na última semana. O país formou o que chamou de um ‘corredor humanitário’ para desembarcar os passageiros da Austrália e Nova Zelândia, que eram maioria a bordo.
Após o Greg Mortimer atracar, os hóspedes destes países foram levados do porto diretamente para o aeroporto internacional que serve Montevideo. Hóspedes saudáveis e também contaminados foram incluídos. De acordo com o governo, no trajeto, todas as recomendações e protocolos da OMS foram seguidos.
Uma vez no aeroporto, os cerca de 110 australianos e neozelandeses embarcaram em um A340 especialmente modificado para tratamento médico e isolamento. O avião, que foi fretado pela Aurora Expeditions e conta com 6 médicos em sua equipe, seguiu então para Melbourne.
Ao chegar na Austrália, os passageiros precisarão cumprir um período de 14 dias em quarentena em um hotel pré-determinado. Só após o novo isolamento poderão seguir para suas cidades e casas.
O custo estimado da operação é de 9.300 dólares por pessoa. Em parceria com sua seguradora, a Aurora Expeditions arcou com o preço, não repassando nada aos passageiros.
Passageiros dos EUA e Europa devem seguir para o Brasil
Os passageiros de outras nacionalidades seguem a bordo do navio. De acordo com o Seatrade Insider, os hóspedes restantes são da Europa e dos EUA e só serão autorizados a descer quando testarem negativo para a COVID-19.
Ainda de acordo com o site, a Aurora pretende repatriar estes passageiros através do Brasil, fazendo escala em São Paulo. Não ficou claro se a empresa pretende trazer o Mortimer até o Brasil, ou fretará aviões que passem pelo país.
Texto (©) Copyright Daniel Capella (com info de CNN Travel e Seatrade) / Imagem (©) Copyright AFP