Conheça a história e os interiores do Celestyal Olympia, da Celestyal Cruises, nesta edição do Navios por Dentro, de Rui Agostinho. Construído como Song of America para a Royal Caribbean International, o navio realiza hoje cruzeiros pelas Ilhas Gregas, pela companhia que até o ano passado se chamava Louis Cruises.
Restaurante Aegean, no Deck Poseidon. Os decks são nomeados após deuses gregos. |
Desde 2012 operando no Egeu, o Celestyal Olympia está ambientado com a região que agora é sua casa. Venus, Hera, Apollo e Helios; são alguns dos nomes que agora nomeiam as áreas públicas e decks do navio, que foi entrou em operação em 1982. Hoje maior navio da Celestyal Cruises, a nova marca da cipriota Louis Cruises, o navio faz jus a seu nome, Olympia e sua vocação. Por baixo da recente aparência grega, no entanto, é possível identificar traços de uma identidade anterior do navio.
Argo Bar, ex-Schooner Bar. |
A vida passada do navio está lá, praticamente intocada, e perceptível a um olhar mais atento. O Celestyal Olympia é claramente um navio construído para a Royal Caribbean (RCI). Além do Viking Crown, o Lounge panorâmico a baixo da chaminé, são várias as características de sua antiga companhia que o navio ainda guarda. Chama a atenção, principalmente o hoje Argo Bar, que é claramente o ex-Schooner Bar do navio. Presente em toda a frota da Royal Caribbean (incluindo os navios da classe Quantum e Oasis), o Schooner é um piano-bar com tema náutico que geralmente utiliza madeira e temas navais em sua decoração. O do Celestyal Olympia é semelhante aos da classe Sovereign e Vision. As características da mobília, decoração e materiais são ainda as da Royal Caribbean em muitos espaços.
O casino que lembra os da de alguns navios da classe Vision da Royal Caribbean. |
Isso tudo porque o Celestyal Olympia foi inaugurado em 1982 como Song of America, para a companhia norte-americana. A RCI começou sua operação com o Song of Norway no começo dos anos 70. Logo em seguida, acrescentou dois gêmeos à sua frota, o Sun Viking e Nordic Prince. Com menos de 20,000 toneladas, estes navios eram bem pequenos para os padrões atuais da companhia, e tinham capacidade para apenas 720 passageiros cada. Com o sucesso de sua operação, a Royal (que então era uma sociedade entre três armadores noruegueses) decidiu que precisava de mais leitos. Assim, em 1978 o Song of Norway entrou em estaleiro para uma ampliação, que visava ampliar o navio, acrescentando mais espaços públicos e, principalmente, cabines.
Horizons Bar, o tradicional Viking Crown Lounge. |
Com 23 mil toneladas, e 26 metros adicionais de comprimento, o navio passou a hospedar até 1,000 passageiros. Dois anos depois, o Nordic Prince passou pela mesma intervenção, e saiu com ainda mais cabines, podendo hospedar até 1,200 passageiros. Esperava-se que o terceiro gêmeo, Sun Viking, passasse pelo mesmo trabalho e ampliasse a oferta da companhia. Visando a demanda crescente, a Royal Caribbean decidiu, no entanto, aumentar seus leitos através da construção de um novo navio. Assim surge o Song of America, que foi encomendado ao estaleiro Wärtsilä Hietalahti, em Helsinki, Finlândia, no final dos anos 70.
Entregue à companhia em 11 de novembro de 1982 com 37 mil toneladas de deslocamento, capacidade para 1,575 passageiros e custo original de 140 milhões de dólares, tornou-se o maior e mais caro navio da Royal Caribbean International até então. Internamente, adotou um design diferenciado, muito utilizado em ferries, mas que não era muito popular com navios de cruzeiro. O seu projeto colocou a maior parte das cabines entre a proa, com os espaços públicos ocupando o restante do espaço em direção à popa. A idéia desse sistema é afastar as cabines dos motores e reduzir a vibração que causam e o barulho que fazem.
Thalassa Bar, na área externa. |
Esse layout foi amplamente utilizado em ferries construídos pelo mesmo estaleiro Wärtsilä e também utilizado em alguns navios de cruzeiro anteriormente (como o Europa, da Hapag-Lloyd, inaugurado em 1980). O projeto gerou um detalhe curioso; como as áreas públicas da popa possuem maior pé direito que as cabines na proa, o deck 6 só existe na proa. Após o Song of America, a Royal Caribbean adotou esta distribuição de espaços internos também na classe Sovereign (da qual faz parte o Sovereign da Pullmantur, que estará no Brasil na próxima temporada), antes de retornar a um design mais tradicional com a classe Vision.
Áreas externas |
Por esse e outros motivos, o Song of America pode ser considerado um ensaio, uma versão bem menor e mais tradicional, do Sovereign of the Seas e seus gêmeos. Foi o último navio da RCI a não possuir um grande átrio com vão aberto, conhecido como Centrum nos navios das classes Vision e Sovereign, e o primeiro a possuir duas piscinas na área central do lido. Também inovou ao trazer um Viking Crown totalmente fechado, e acessível pela parte interna. Navegando primeiramente pelo Caribe Leste, ficou na frota da Royal Caribbean até 1999, quando foi vendido prematuramente.
Muses Lounge, o teatro de bordo. |
Após operar apenas 18 anos pela RCI (quase na mesma época que o Sun Viking, que era dez anos mais antigo), foi comprado pela Sun Cruises por 98 milhões de dólares. Renomeado Sunbird passou por uma pequena reforma, na qual ganhou novas suítes, e começou a operar pela nova companhia em abril de 1999. A Sun Cruises era uma marca do grupo Airtours, da Inglaterra, que operava cruzeiros voltados ao mercado britânico, principalmente na Europa e Mediterrâneo. Também operavam pela companhia outros dois navios ex-Royal Caribbean, o Carousel, ex-Sun Viking, e o Sundream, ex-Song of Norway.
Buffet Leda |
A Sun Cruises deixou de existir em 2004, após uma reestruturação do negócio do grupo que a controlava. Assim, o navio foi novamente vendido. O comprador desta vez foi uma empresa de Cyprus, a Louis Hellenic Cruise Lines, empresa do grupo Louis, fundado em 1935. O navio, no entanto, foi imediatamente fretado a outro operador inglês, a Thomson Cruises. Renomeado Thomson Destiny navegou como o maior navio da frota da companhia até 2012, por destinos nas Ilhas Canárias, Mediterrâneo, Mar Vermelho e Caribe.
Área da recepção |
Balcão de excursões |
Em 2011 a Thomson Cruises decidiu modificar seu contrato de fretamento com a Louis Cruises e fez uma troca. Em vez de fretar o Destiny, preferiu passar a utilizar o mais novo Louis Majesty, que foi renomeado Thomson Majesty, e substituiu o Destiny na Inglaterra. Assim, o navio finalmente entrou em operação para a Louis Cruises, como Louis Olympia em abril de 2012. Navegou com esse nome até o ano passado, em roteiros no Mar Egeu, pelas Ilhas Gregas e Turquia. Com a criação da Celestyal Cruises, em 2014, passou a operar, no começo deste ano, como Celestyal Olympia, com novas cores.
Salão de Jogos com mármore branco típico da Royal Caribbean |
Selene Dance Lounge com sua pista de dança e layout tradicional |
A Celestyal Cruises é uma marca do grupo Louis, que opera especificamente na região do Egeu, em cruzeiros com duração entre 3 e 7 noites. Além do Olympia, a companhia opera o Celestyal Odyssey, ex-Olympic Explorer, e o Celestyal Crystal, ex- Leeward. As fotos foram feitas a bordo por Rui Agostinho, em setembro de 2015, durante um mini-cruzeiro pelas Ilhas Gregas.
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