Seja bem vindo a nova série Navios por Dentro. A idéia aqui é mostrar ao público brasileiro mais dos navios de cruzeiro como um todo, e não só dos que fazem cruzeiros no país como muitas vezes acaba ocorrendo. O foco é nas embarcações e companhias que não são comuns no Brasil e América do Sul, como o Ocean Countess, da Cruise & Maritime Voyages.
O Ocean Countess, primeiro da série é um navio atualmente desativado, mas cheio de história, e que realizou apenas uma pequena temporada no Brasil. Foi um dos poucos navios que não foram Queens a ser construído pela Cunard que continua navegando. Seu projeto, na verdade, foi uma idealização de uma companhia aérea norte-americana, a Overseas National Airways, que tinha um ambicioso projeto de construção de 8 navios de cruzeiro, mas que acabou abandonado. O Ocean Countess era um desses oito, e junto a seu gêmeo, o atual Golden Iris, foi vendido a Cunard ainda antes de ser finalizado.
Como Cunard Countess, foi terminado em 1976, e realizou até 1996, cruzeiros pelo Caribe, dedicados ao mercado norte-americano. Diferentes dos navios tradicionais da Cunard, tanto ele, como seu gêmeo Cunard Princess, hoje Golden Iris, possuiam um estilo mais informal e descontraído; o design de seus interiores, teve inclusive a participação do fundador da Playboy, Hugh Hefner, que pretendia criar com os navios clubes Playboy flutuantes, o que nunca veio a ocorrer. Cada um dos navios possui capacidade para cerca de 800 passageiros.
Após deixar a frota da Cunard, o Ocean Countess operou por um pequeno período para uma companhia de cruzeiros chamada Awani Cruises, sendo, logo em seguida vendido para a Royal Olympic Cruises/Epirotiki Lines, que operou-o como Olimpyc Countess de 1998 a 2004. É nesse período que tem início o atual capítulo da história do navio; vendido para a Maximus Navigation Ltda. que possui-o até hoje, o Ocean Countess passou por vários operadores em regime de fretamento, chegando inclusive a operar no Brasil em substituição ao Pacific na temporada 2008/2009, apelidado pela CVC de Ocean Pacific.
Em outro momento interessante de sua história, foi fretado para realizar os cruzeiros deixados pelo naufragado Ocean Diamond, da Louis Cruises. Após o naufrágio em 2007 do navio na Grécia, a Louis se viu obrigada a cancelar todos seus cruzeiros ou achar um navio que pudesse substituí-lo no restante das viagens que já estavam programadas. A solução, foi fretar o Ocean Countess, e renomeá-lo Ruby, colocando-o nos roteiros do Ocean Diamond, e evitando o cancelamento desses cruzeiros. Em 2010, após algumas temporadas fretado ao operador espanhol Quail Cruises, o Ocean Countess começou a navegar por sua mais recente companhia, a Cruise & Maritime Voyages (CMV), do Reino Unido.
Até o ano passado serviu o mercado inglês, ao lado do veterano Marco Polo na frota da CMV, realizando cruzeiros pelo Mediter- râneo e Europa do Norte. Para a tual temporada, porém, foi substituído pelo Discovery, que até então navegava para o grupo All Leisure, e deixou a frota da companhia britânica. Após realizar seu último cruzeiro com as cores da CMV, seguiu para o norte do Adriático, e atracou, em Outubro, no porto de Chalkis, na Grécia, onde encontra-se até o momento, esperando por um operador que tenha interesse em fretá-lo.
Além da temporada no Nordeste, o Countess tem uma outra ligação com o Brasil. Seu único gêmeo, Cunard Princess foi o Rhapsody, da MSC Crociere, que veio ao Brasil algumas vezes em temporada, nos primeiros anos de operação da companhia na região. Em 2009, porém, deixou a frota da companhia italiana e foi vendido para uma operadora israelense e renomeado Golden Iris, nome com o qual opera até os dias atuais no mercado israelense. As fotos do interior do Ocean Countess são de 2010, durante uma visita ao interior do navio realizada por Rui Agostinho, em Portimão, na ocasião de sua estréia no porto português.
Texto (©) Copyright Daniel Capella.
Imagens (©) Copyright Rui Minas Agostinho.