Navios por Dentro: Prinsendam

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O oitavo navio da série Navios por Dentro, de Rui Agostinho, é o Prinsendam, navio menor e mais antigo da Holland America Line. Inaugurado pela Royal Viking Line, é também um dos mais antigos navios operados pela Carnival Corporation, inaugurado em 1988. Ainda assim, é um dos mais populares da companhia, com um amplo índice de passageiros repeaters.

O menor e mais antigo navio da frota da Holland America Line é também a embarcação da companhia com mais histórias entre as que atualmente operam para a empresa da Carnival Corporation. Inaugurado em 1988, como Royal Viking Sun, foi o penúltimo navio construído para a Royal Viking Line, tendo operado para a famosa companhia up-market apenas por quatro anos. A Royal Viking Line, era uma subsidiária do grupo Kloster, que operava também outras companhias. Seu principal negócio, no entanto, era a ainda jovem Norwegian Cruise Line, que em 1994, enfrentava graves problemas financeiros. Os problemas com a NCL puxavam todo o grupo para baixo no sentido financeiro, fazendo com que todas as companhias administradas pela empresa, conhecidas como o “Clã Kloster”, ficassem ameaçadas.

Como um paliativo para melhorar sua situação, a equipe financeira da equipe Kloster decidiu vender a marca Royal Viking. A própria subsidiária também enfrentava problemas para operar de forma lucrativa; com cinco navios e o advento do mercado de luxo (que viu nessa época a concorrência crescer com a criação de companhias que existem hoje no setor – Silversea, Crystal, Seabourn e etc), parecia então oferecer leitos em excesso, e acabava com dificuldade em vender todas as suas cabines, o que era necessário para cobrir o dispendioso custo operacional de uma companhia concebida para estar bem acima do nível normal de mercado. Assim, a marca Royal Viking Line foi aos poucos se desfazendo, com transferências e vendas de navios. Até que em 1994, a própria marca foi vendida, junto a um único navio, justamente o Royal Viking Sun.

A compradora era a mais tradicional companhia britânica (ao lado da P&O, claro), a Cunard Line. Uma Cunard Line, que era, entretanto, bem diferente da que conhecemos atualmente, procurava competir com os grandes do mundo dos cruzeiros, diversificando seus públicos e ampliando seu leque de marcas. Nesse contexto, a companhia incorporou o Royal Viking Sun com seu nome original em sua frota. Durante o período em que navegou para a empresa britânica, realizou cruzeiros ao redor do mundo, e foi classificado como um dos navios mais luxuosos do mercado, recebendo a distinção das 5+ estrelas. A Cunard no entanto, também tinha dificuldades financeiras, e após trocas de comando no final da década de 90 (a Trafalgar House, que havia adquirido a companhia na década de 70, foi vendida para um grupo de investimento norueguês), acabou vendida à então emergente e insaciável Carnival Corporation.

Em 1998, mesmo ano em que se tornou proprietária da Cunard, a Carnival ainda comprou as ações que ainda não possuía (cerca de 50% do total) da Seabourn, outra empresa de luxo, que tinha sido concorrente da própria Royal Viking Line. Conta a lenda, que Micky Arison, CEO da Carnival, a empresa criada do zero por seu pai, assistia a um documentário na TV sobre o estado financeiro difícil da Cunard, e a decidiu comprar porque ficou tocado com toda a história da empresa que poderia se perder no caso de uma intervenção externa não ocorrer. Ainda assim, parecia claro que mudanças seriam necessárias para que a companhia de Sir Samuel Cunard continuasse sua rica história. Durante a reestruturação pós compras, a Carnival decidiu então transferir o Royal Viking Sun para a Seabourn, que operava apenas os seus dois yatchs originais (e o recém adquirido Royal Viking Queen). Dessa forma, em 1999, passou a operar pela companhia de luxo do grupo Carnival, o agora Seabourn Sun. Foi nessa época, antes de iniciar a operar, que passou por sua primeira grande reforma, de forma a distanciar um pouco da sua aparência original.
Essa fase de sua carreira durou pouco. Em 2002, a Carnival anunciou que iria transferi-lo para a Holland America Line (HAL) e nomeá-lo Prinsendam. Desde então, passou por outra grande reforma em 2005, quando teve inclusive sua popa bastante modificada para o acréscimo de várias cabines com varanda. Mas outras áreas também foram modificadas para atualizar o design da embarcação, que é uma das únicas consideradas modernas a não possuir um navio gêmeo. É classificado pela companhia como o “explorador elegante”, e apesar de bastante diferente do restante da frota, parece continuar nos planos da empresa. Talvez por conta de seu projeto moderno, que em 1988 já incluía centenas de cabines com varanda. Anualmente realiza o cruzeiro de circo-navegação da América do Sul, e vários roteiros longos e diferentes ao redor do mundo, com cruzeiros à Europa que embarcam e desembarcam nos EUA, por exemplo. De qualquer forma, é um dos navios mais antigos da frota da Carnival, próximo aos ex-CCL Celebration e Holiday, que datam de 1987 e 1985, e do Seabourn Pride, de 1988.
Curiosamente, possui um dos maiores índices de passageiros repeaters da frota da HAL, o que quer dizer que boa parte dos passageiros que hoje embarcam no navio, já viajaram com ele outras (ou muitas) vezes. Após as diversas reformas, hoje, possui capacidade para cerca de 850 passageiros em capacidade máxima, 766 em ocupação dupla, que são atendidos por 160 tripulantes. Com 37,845 toneladas, possui comprimento de 204 metros, e largura de 28 metros, atingindo até os 22 nós. Foi entregue pelo estaleiro Wärtsilä Marine, de Turku, na Finlândia. As fotos são de Rui Agostinho, feitas recentemente, durante escala do navio em Portimão, Portugal.
 Texto (©) Copyright Daniel Capella.
Imagens (©) Copyright Rui Minas Agostinho.
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