O Concais acabou de renovar seu período de concessão do Terminal Marítimo Giusfredo Santini, o terminal de cruzeiros do porto de Santos. Desde 1997 responsável pela administração da área dos armazéns 25 e frigorífico, a empresa seguirá administrando as instalações até 2038.

No segundo fórum CLIA Brasil, realizado em Brasília na última quarta-feira, Flávio Brancato, diretor-presidente do terminal, comentou sobre o status atual da empresa, que planeja um investimento de 161 milhões de reais nos próximos vinte anos.

“É um valor muito significativo, mesmo comparando com terminais de carga. Há terminais de carga – que não tem período ocioso e que movimentam milhões de toneladas, renovando contratos com montantes inferiores ao nosso”, disse Brancato.

Fingers, novo prédio para bagagem e salão marrom

Armazém de bagagens, prédio verde claro na parte direita da foto, dará lugar a novo prédio, que será ligado ao armazém frigorífico, na esquerda

O dinheiro será investido, principalmente, na remodelação da área hoje utilizada pelo terminal de bagagens. Um novo prédio, interligado ao principal, será erguido no lugar do atual. O salão marrom também será reformulado para que possa ser utilizado nas operações de embarque e desembarque.

O Concais ainda planeja a instalação de fingers para que os passageiros possam ir do navio diretamente para o terminal e vice-versa. O equipamento, no entanto, depende da definição do realinhamento do Cais de Outeirinhos.

A obra do Governo Federal, prevista para a Copa do Mundo de 2014, pretendia aumentar a retroárea do terminal de cruzeiros e permitir que mais navios atracassem em frente a suas instalações. Entretanto, foi suspensa após ter apenas um trecho concluído. O cais em frente ao terminal de cruzeiros, seguiu inalterado.

“É uma obra que iria nos ajudar, mas não foi feita até agora. Esperamos que seja realizada, mas o que precisamos é de uma definição para os fingers. Se não for realizada, já podemos instalá-los, caso contrário, é preciso esperar que seja concluída”, disse Brancato.

O terminal ainda planeja investir em elevadores, escadas rolantes, ar-condicionado, scanners e mais.

Ociosidade e incertezas

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Para o diretor, a ociosidade é o maior problema enfrentado pelo terminal na atualidade. Segundo dados do próprio Concais, suas instalações foram utilizadas apenas durante 19% dos dias em 2017.

O fato, se deve à sazonalidade; as temporadas duram apenas alguns meses do ano. Se há alguns anos as estações chegaram a se estender entre outubro e maio, hoje começam no fim de novembro e terminam no começo de abril.

Outra questão a ser observada é a incerteza da movimentação. Para o terminal, não há garantia de que, com o investimento, mais navios virão. Não há sequer a garantia de que os números atuais, na casa dos 500 mil passageiros, serão mantidos. “Nosso risco é total pois investimos sem saber como será o futuro. Dependemos de mercado e de terceiros, que são os armadores. Poderemos ter uma temporada com 50 mil passageiros e nós simplesmente seremos informados; esse risco é todo nosso”, explicou o diretor.

Para poder se planejar, o Concais também gostaria de receber as informações sobre as escalas com maior antecedência. “Hoje nós recebemos as informações das escalas com cerca de seis meses de antecedência. O ideal seria saber pelo menos as próximas cinco temporadas, como garantia”, contou Brancato.

Segmento do ganha-ganha

Flávio Brancato, durante o II Fórum CLIA Brasil

Para um futuro mais positivo, o diretor pede que o governo interceda da forma correta no setor dos cruzeiros. De acordo com ele, não é necessário investir diretamente, mas sim criar as condições para o investimento. “O país tem que entender e formar uma proposta de turismo. Ele não tem que coordenar a execução, mas a implementação de políticas, regulamentações e seguranças jurídicas para que o nosso setor possa crescer”, disse Brancato.

“Ninguém está pedindo privilégio, pra não pagar imposto ou não seguir a lei. O que nós queremos é que as coisas funcionem direito, dentro da lei e das regras, mas que essas  regras e leis possam ser favoráveis ao desenvolvimento do setor”, completou.

A estrutura atual do terminal é suficiente para a operação, de acordo com Brancato. “O Terminal do Concais nunca será um empecilho para o crescimento do seguimento. Ele está apto a receber mais navios e navios maiores ainda por um bom tempo”, disse o diretor.

O diretor ainda frisou a importância dos navios de cruzeiro para Santos e para o país como um todo. “Um navio atracado no porto envolve 20 entidades, entre prestadores de serviço, sindicatos, fornecedores e outros. É algo que realmente movimenta muito a economia de maneira geral”, disse.

Para Brancato, o setor dos cruzeiros é positivo para todos, e portanto, merece mais atenção. “É o segmento do ganha-ganha. Ninguém envolvido no setor perde. Ganham os terminais, ganham os armadores, ganham as cidades. Não há prejuízo, todos ganham”, disse ele.

“O turismo é uma questão de estado. Ele não é bom só para um empresário, ele é bom para o país, bom para todos. Porque não fazer isso funcionar?”, completou Brancato.

Texto e Imagens (©) Copyright Daniel Capella

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