Fórum CLIA discute adoção de combustíveis alternativos para navios de cruzeiro e adaptações em portos brasileiros

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combustíveis alternativos para navios de cruzeiro
Terceiro Painel do Fórum CLIA Brasil 2024 discutiu combustíveis alternativos para navios de cruzeiro

A edição de 2024 do Fórum CLIA Brasil dedicou um painel para discutir novas tecnologias sustentáveis empregadas pela indústria de cruzeiros em seu caminho rumo à descarbonização. 

Junto a Marco Ferraz, presidente executivo da CLIA Brasil, especialistas em sustentabilidade abordaram temas como a conexão elétrica nos portos e os novos combustíveis verdes.

O foco da discussão foi analisar os preparativos e investimentos necessários para a transição para estas novas tecnologias, com foco no papel do Brasil na agenda ambiental.

“Para a CLIA, o tema de sustentabilidade é uma prioridade, junto com a saúde e segurança dos hóspedes, tripulantes e pessoas que vivem nas cidades que visitamos”, disse Ferraz. 

“Assinamos e assumimos um compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 40%, em todas as companhias, até 2030, e depois em 100% até 2050”, explicou. 

As companhias tem investido em alta tecnologia para atingir o objetivo, com o objetivo de identificar novas formas de propulsão que sejam mais limpas, disse. 

“Essa é uma atitude bem ousada, bem importante das nossas associadas e nós contamos com a ajuda de todos os envolvidos”, acrescentou Ferraz. 

Destacando a conexão elétrica nos portos, que permite aos navios desligarem seus motores enquanto atracados, disse que o Brasil está atrasado nos preparativos para atender a estas novas demandas. 

navio de cruzeiro
Navios da Classe XL, como o Carnival Celebration, estão entre os que utilizam combustíveis alternativos na atualidade

Enquanto a tecnologia será utilizada em todos os portos europeus a partir de 2030, ainda não há planos firmes para implantação do serviço em nenhum porto brasileiro, acrescentou ele. 

De acordo com o Comandante Flavio Mathuiy, da Comissão Coordenadora de Sustentabilidade da IMO na Marinha do Basil, um dos desafios atuais do setor é identificar quais combustíveis verdes serão utilizados pelos navios no futuro.  

“Nós verificamos que as empresas de cruzeiro estão investindo no GNL, pensando no bioGNL, enquanto outras pensam no metanol como possibilidade e até no hidrogênio”, disse ele. 

Mathuy acrescentou que a escolha depende das características da navegação, acrescento que o setor não conta com uma “bala de prata”. 

“Não existirá no futuro um combustível único como é o bunker, o diesel marítimo,” acrescentou. 

Com isso, segundo ele, os navios de cruzeiro do futuro devem passar a ser construídos para operar em destinos específicos. 

“Nem todos os portos terão disponibilidade de todos os combustíveis. Cada empresa, dentro de sua estratégia e característica de operação está escolhendo um combustível”, disse Mathuy. 

Etanol como solução

O comandante ainda destacou o etanol como possível combustível para o futuro, o que traria para o Brasil uma vantagem competitiva em relação a outros mercados. 

“Nós já temos aqui no Brasil disponibilidade e capacidade de produção”, explicou, acrescentando que motores movidos ao combustivel estão sendo desenvolvidos neste momento. 

A Wartsila, uma das grandes fabricantes do setor, está trabalhando em motores flex, com regulagens eletrônicas, que poderão fazer uso do etanol, acrescentou Mathuy. 

Compartilhando da linha de raciocínio, o Gerente de Bunker da Petrobras, Hans Fuchslocha, acrescentou que o futuro não deve incluir um novo combustível único. 

“As soluções vão ser variadas, eventualmente regionais. No curto prazo, há dois combustíveis que estão despontando como combustíveis de transição, o GNL e a mistura com o renovável, que é o biodiesel”, explicou. 

“Para os navios de cruzeiro, o grande desafio (da Petrobras) é sempre fornecer. Tivemos uma grande temporada em termos de volume, assim como a anterior”, concluiu. 

Transição Energética 

Para melhor entender a situação, o Ministério de Portos e Aeroportos está assinando memorandos de entendimento com instituições internacionais que tenham expertise na área, revelou Rafaela Gomes de Souza e Silva, Coordenadora-Geral de Sustentabilidade do órgão. 

“A gente pode beber dessa fonte, com países que tem iniciativas de boas práticas e sejam benchmarks”, disse. 

Com a transição energética acontecendo de qualquer forma, o governo tem como papel definir regras e disciplinar o processo, acrescentou. 

“Nós temos o poder de incentivar a estamos falando de um setor que já faz muito por conta própria. Nosso papel é direcionar e fomentar”, disse Souza e Silva. 

O Fórum CLIA Brasil 2024 aconteceu na Sede da Confederação Nacional de Municípios, em Brasília, no final de agosto

Texto (©) Copyright Daniel Capella / Imagens (©) Copyright CLIA Brasil e Daniel Capella

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