Silver Cloud atracado no canteiro de obras do novo terminal de cruzeiros, no final de 2013. Ao fundo, a ponte Newton Navarro. |
Passageiros do MSC Divina, que virão ao Brasil para embarcar no navio fretado pela Mundomex e assistir jogos da seleção mexicana, serão obrigados a realizar um trecho de 280 km por terra para poder assistir a um dos jogos do México. A cidade em questão, Natal, no Rio Grande do Norte, possui porto, e até mesmo um terminal de cruzeiros, entretanto, e infraestrutura do local não é adequada para o recebimento do navio.
Ponte Newton Navarro. |
Um erro de planejamento na construção de um terminal no Rio Grande do Norte fará com que os passageiros do MSC Divina, em sua maioria mexicanos, que virão ao Brasil durante a Copa do Mundo, tenham que percorrer 280 km por terra para chegar a Natal. A cidade possui um porto, com terminal de cruzeiros construído especialmente para o evento esportivo, mas mesmo assim, não poderá receber o navio.
Os cerca de 3,500 passageiros compraram o pacote Gran Plan Brasil, da operadora mexicana Mundomex, que irá levá-los a todos os jogos da seleção mexicana na primeira fase do mundial. Inicialmente, o fretamento do navio, o Divina, da MSC Crociere, pretendia facilitar o transporte dos turistas entre as sedes da competição, e tirar proveito dos novos terminais de cruzeiros construídos em diversas cidades do país especialmente para a Copa. Entretanto, no caso de Natal, ocorreu o contrário.
MSC Divina, que virá do Caribe ao Brasil especialmente para a Copa do Mundo. |
Uma ponte situada na entrada do porto da capital potiguar impede que o Divina, com seus 67 metros de altura entre no porto, tornando sua atração no novo terminal impossível. A ponte, inaugurada em 2007, após cerca de 15 anos de obras, possui apenas 55 metros de altura em seu ponto mais alto. Batizada Newton Navarro, a construção tem 1,8 km de comprimento, e liga os bairros da zona norte e os bairros da zona leste de Natal, cortando o Rio Potengi.
A opção neste caso, seria fundear o navio na entrada do porto, e utilizar os tenders para o desembarque de passageiros. Esta possibilidade chegou a ser estudada pela Mundomex, mas foi descartada devido ao nível de dificuldade que envolveria o transporte dos passageiros. Aparentemente, os pontos de fundeio do porto de Natal ficam distantes da costa, e muito tempo seria gasto em cada viagem entre o navio e a terra. Além disso, toda operação por tender está sujeita a condições climáticas, especialmente relacionadas ao vento, fato que no Nordeste, pode ser decisivo.
Dessa forma, o navio continuará atracado em Recife, e os passageiros desembarcarão em Pernambuco para percorrer 280 km por terra até Natal, em cerca de cem ônibus fretados pela Mundomex. Serão aproximadamente oito horas dentro dos automóveis, somando-se o tempo necessário para a ida e a volta de Natal.
“Programamos isso [parada em Natal] em dezembro [de 2013], mas cancelamos em fevereiro”, disse Maria Laris, executiva da Mundomex. “Checamos todas as opções, e transportar o grupo de ônibus foi a melhor.”, concluiu.
Estado da obra em dezembro de 2013. Além da construção do terminal, o cais de atracação foi alongado. |
Em 2012, ao lançar a obra do terminal marítimo de passageiros de Natal, a Secretaria de Portos informou que esse tipo de equipamento permitiria às sedes da Copa receber navios que funcionariam como “hotéis flutuantes”. A entrega do terminal estava inicialmente prevista para agosto de 2013, entretanto, o último prazo era maio de 2014.
Consultada pela Folha de S. Paulo, a Secretaria de Portos da Presidência afirmou não participar de negociações entre agências e docas para atracação dos cruzeiros. Disse, contudo, que os terminais de passageiros estarão operacionais para receber navios na Copa. Enquanto a Prefeitura de Natal disse que a ponte “é um obstáculo e não tem solução”.
Ridículo. O que mais posso dizer.
Que vergonha!