Acidentado e imóvel na Ilha de Giglio desde a fatídica noite de 13 de janeiro de 2012, quando naufragou parcialmente após se chocar com uma rocha submersa, o Costa Concordia irá realizar uma nova jornada nas próximas semanas. Com toda a estrutura de reflutuação montada e pronta para uso, estima-se que o navio parta para Gênova, onde será desmontado, na próxima segunda-feira. Enquanto isso, mergulhadores estiveram a bordo para registrar alguns dos interiores inundados há mais de dois anos.
Costa Concordia em Santos, em sua única temporada brasileira, em 2010. |
O consórcio Titan Micoperi, responsável por toda a operação de retirada do Costa Concordia, anunciou recentemente que a estrutura necessária para a reflutuação do navio foi finalizada. Construída em um estaleiro europeu especialmente para esta operação, a estrutura estava sendo instalada desde o início da operação de retirada do navio. A principal parte dela, é composta por 30 flutuadores, afixados nas laterais do navio, e que são de fundamental importância para que o navio possa voltar a se mover.
Cada um deles consiste em uma grande caixa de metal branca, atualmente preenchida com água de lastro, para manter o navio em posição. Quando a operação começar, cada um dos flutuadores começará a ser preenchido com ar, através de um sistema pneumático, o que dará o navio a necessária flutuabilidade para se mover. Ainda assim, cerca de 10 metros do casco ficarão embaixo d’água, dando ao navio um calado de 18,5 metros.
Após esta operação, o navio será rebocado para Gênova, onde será desmontado e reciclado. Os responsáveis pela remoção do navio preveem que a partida do Concordia de Giglio irá acontecer já na próxima segunda-feira. Atualmente, são realizados testes nos vários sistemas que serão utilizados durante a operação, que ainda depende, para começar, de autorização das autoridades locais e de boas condições climatológicas.
Em Giglio após a operação de Parbuckling, há cerca de um ano. Leia mais sobre esta operação neste link. |
Serão necessários quatro dias para que o Concordia viaje as 190 milhas náuticas entre Giglio e Gênova, a uma velocidade média estimada em 2 nós (cerca de 4km/h). O consórcio planejou que esta parte final da operação ocorresse nesta parte do ano para que o navio encontra-se as melhores condições possíveis de mar nesta região da Europa, que atualmente se encontra no verão.
Uma vez em Gênova, o navio da Costa será desmontado no estaleiro San Giorgio del Porto, que planejou os trabalhos em quatro fases, com um prazo estimado de 22 meses. Em parceria com o estaleiro genovês, a Saipem, empresa marítima da área de gás e petróleo, irá supervisionar os aspectos ambientais da operação, garantindo que não haja nenhum prejuízo ao meio ambiente.
Curiosamente o estaleiro San Giorgio del Porto que já trabalhou em vários outros navios da Costa, principalmente em serviços de manutenção, realizava uma abrangente reforma no Costa neoRomantica no momento em que o Concordia se acidentou. Pouco depois do semi-naufrágio, o navio totalmente modificado foi inaugurado no estaleiro sem festa, em respeito às vitimas do acidente.
A remoção de Giglio é a quarta e última parte do processo iniciado há aproximadamente dois anos. Totalmente financiado pela Carnival Corporation e pela Costa Crociere, o trabalho originalmente duraria apenas 12 meses, e visava a completa remoção do navio com o menor impacto possível para o meio ambiente da Ilha de Giglio, que possui vida marinha abundante. Leia mais, neste link, sobre todo o processo de remoção em matéria nossa, da época em que o plano foi anunciado.
Flutuadores sendo esvaziados |
ATUALIZAÇÃO: As autoridades de Giglio autorizaram o início da reflutuação nesta segunda-feira, e neste momento (por volta de meia dia do dia 14/7), o navio já se encontra a flutuar. Seu casco está separado do fundo do mar (na realidade uma plataforma construída pela equipe Titan Micoperi), por cerca de 1 metro de água.
A operação de reflutuação continua ocorrendo, e quando o Concordia se encontrar a dois metros do fundo, será possível move-lo 30 metros para uma nova posição. Somente após este reposicionamento começa a fase visível do reflutuação, que deve durar entre seis e sete dias. Neste período, um deck será reflutuado por vez, até que apenas as áreas técnicas e os decks 1 e 2 fiquem submergidos.
Mergulhadores filmam o átrio e outras áreas submersas
Em um vídeo divulgado pelo jornal britânico The Telegraph, algumas áreas do Costa Concordia são vistos pelo público geral pela primeira vez após o naufrágio. Com cerca de oito minutos o vídeo mostra principalmente a área do átrio, submergida, mas ainda com computadores, meses e até mesmo vasos decorativos em posição. O vídeo foi creditado ao Carabinieri italiano, e possui cerca de 8 minutos.
O Costa Concordia naugrafou em 13 de janeiro de 2012 após se chocar com rochas submersas, enquanto navegava próximo à costa de Ilha de Giglio, para saudar a cidade italiana. No comandando estava Francesco Schettino, responsabilizado pelo incidente e por não ter conduzido a operação de evacuação da embarcação da forma correta, o que contribuiu para que 32 passageiros tenham morrido a bordo.
Cerca de 4,200 pessoas viajavam no Concordia no momento do acidente, sendo que 1,000 eram tripulantes da embarcação, que realizava um cruzeiro de sete noites pelo Mediterrâneo, com base em seu porto-base, Savona, e embarque também em outros portos, como o de Civitavecchia.
Entregue em 2006, o Costa Concordia foi o primeiro navio de uma nova classe, que leva seu nome, e tem design inspirado no Carnival Destiny, hoje Carnival Sunshine, da Carnival Cruise Line. Até 2012 outros cinco navios da classe Concordia foram construídos, tanto para a Costa Crociere como para a Carnival Cruise Line.