A CLIA Brasil vem trabalhando para melhorar as condições operacionais para os navios de cruzeiro no país. Além de focar em criar novos destinos para as embarcações, a entidade também busca ajudar a otimizar a infraestrutura em portos tradicionais. 

Em entrevista exclusiva com o Portal WorldCruises.com durante o último Seatrade Cruise Global, em março, o presidente executivo da CLIA Brasil, Marco Ferraz, revelou detalhes das tratativas com diversos munícipios no litoral brasileiro. 

Braço da CLIA Global, a associação reúne as principais companhias de cruzeiro do mundo, além de outros players do mercado como agências de viagem, fornecedores e mais. 

Rio Grande (RS)

cruzeiros Rio Grande
Recepção ao Seven Seas Mariner no Porto de Rio Grande

Em Rio Grande, a CLIA Brasil busca realizar uma nova escala teste, que faça um levantamento turístico de toda a região de Rio Grande e também de Pelotas.

Segundo Ferraz, existem conversas com o prefeito da cidade, que já recebe cerca de cinco ou seis escalas de navios em trânsito por temporada. 

“É uma possibilidade não só de aumentar as escalas para turismo, mas como fonte de cruzeiros. Rio Grande fica perto de Porto Alegre, em um estado forte”, explicou o presidente executivo da CLIA Brasil. 

Balneário Camboriú (SC)

Costa Balneário Camboriú
Navio da Costa Cruzeiros em Balneário Camboriú

Em Santa Catarina, as associadas da CLIA Brasil operam em três cidades, incluindo Balneário Camboriú. Lá, a entidade ajudou a resolver questões burocráticas que envolvem imigração e alfandegamento. 

“Foi resolvida, então de 19 escalas, vamos para 49 na próxima temporada. Mais do que dobra, Balneário vai ter uma temporada muito forte”, explicou Ferraz. 

Porto Belo (SC)

Porto Belo
MSC Splendida esteve em Porto Belo na temporada 2021/2022

Outro destino visitado pelos navios da CLIA em SC, Porto Belo vive situação semelhante, disse o presidente executivo da entidade. 

“Não tem alfandegamento e imigração, mas já ta bem encaminhado, com o governador ajudando. A polícia de Porto Belo é a Florianópolis, então essa ajuda é importante”, explicou. 

Itajaí (SC)

Cruzeiros Santa Catarina
Costa Fascinosa durante escala no Porto de Itajaí

Terceiro destino dos navios da CLIA Brasil em Santa Catarina, Itajaí seguirá, neste momento, com a operação em seu centro de convenções. 

“Existe a chance de fazer um terminal de passageiros em um novo local perto da marina, mas é uma questão para quatro, cinco anos”, disse Ferraz. 

O terminal de cruzeiros atual da cidade não tem condições de ser utilizado por conta de seu tamanho, acrescentou.

“O espaço é muito pequeno, então acabamos precisando usar o centro de convenções. A ajuda da receita esse ano foi fundamental, pois não tínhamos como alfandegar centro de convenções e a receita topou fazer a alfândega a bordo”, disse.

“Foi um plano piloto que começou em Itajaí, foi para Balneário e agora provavelmente a gente vai levar para outros lugares”, acrescentou. 

Penha (SC)
Penha planeja receber navios de cruzeiro 

Já Penha é um destino catarinense que pode entrar nos itinerários dos navios em breve. 

“O flutuante já está instalado, o píer ta pronto e a batimetria foi feita, junto com levantamento hidrográfico e simulação em simulador. Tudo foi enviado para a prefeitura e agora eles estão conversando com a Marinha para homologação do ponto de fundeio e operação”, explicou Ferraz. 

Depois disso será necessário marcar uma escala teste, acrescentou. 

São Francisco do Sul (SC)

Com tratativas já em andamento, São Francisco do Sul também pode retornar aos itinerários em breve. 

“A nossa ideia é atracar no porto. É um porto público e um privado. A gente já fez pedido para o porto, para na próxima temporada fazer pelo menos uma escala. O governador vai nos ajudar, tem um novo presidente no porto”, disse. 

A CLIA Brasil realizou uma reunião na cidade em abril, apresentando à comunidade local os impactos econômicos da operação de cruzeiro.

“Já operamos lá no passado, mas os pontos de fundeio para navios grandes estão muito longe e fazer essa operação em tender é difícil, desembarcando 3 ou 4 mil passageiros com um tempo de espera de 25 ou 30 minutos”, explicou Ferraz. 

Paranaguá e Ilha do Mel (PR)

Viking Octantis foi um dos navios que fez escala em Paranaguá na temporada 2022/2023

Após uma escala teste em 2022, Paranaguá entrou nos roteiros dos navios para a próxima temporada nacional. 

“Estamos felizes que a escala teste na temporada 2022/2023 foi um sucesso. Vamos ter 10 ou 12 escalas da MSC lá a partir do fim do ano”, disse Ferraz, se referindo ao MSC Lirica, que realizará embarques na cidade durante toda a estação

“Vai ter passeio para a Ilha do Mel, que também já está pronta e tem um ponto de fundeio, está com os píeres prontos. Dá pra fazer a operação lá e estamos a Costa ou a MSC para fazer uma escala teste a próxima”, acrescentou. 

Santos (SP)

Navio de cruzeiro em Santos

Em Santos, foram realizadas reuniões com o Ministro de Portos e Aeroportos Márcio França, além do Secretário de Portos Fabrizio Pierdomenico, com o objetivo de mostrar a infraestrutura do porto e falar sobre a mudança de localização do terminal. 

O complexo portuário paulista – que é o principal porto de embarques no Brasil – tem um projeto de transferir seu terminal de cruzeiros para uma nova área, mais adequada à operação dos navios. 

Ilhabela (SP)

Navio da Costa em Ilhabela durante a temporada 2021/2022

Ilhabela está indo super bem, disse Ferraz, e é um destino importante para os cruzeiros no Brasil. 

O balneário paulista chegou a receber 70 escalas na última temporada e participou da Seatrade Cruise Global, evento que reúne os principais players globais do mercado de cruzeiros. 

Ilha Anchieta (SP)

“É um destino que os navios de expedição e de luxo querem trabalhar. São navios menores”, disse Ferraz. 

O destino chegou a ter escalas agendadas na última temporada, mas a operação acabou não sendo possível. 

“Ainda tem outras para conseguirmos na temporada que vêm”, acrescentou o presidente da CLIA Brasil. 

Ubatuba (SP)

Os navios de cruzeiro não tem visitado Ubatuba desde que uma ressaca danificou o píer de desembarque da cidade, disse Ferraz. 

“A gente tem que ajustar com a prefeitura. Não tem escala programada lá, mas é um destino importante”, acrescentou. 

Paraty (RJ)

Com a ajuda da prefeitura e secretaria de turismo, Paraty teve muitas escalas na última temporada, disse o presidente executivo da CLIA Brasil. 

O destino acaba, no entanto, recebendo apenas navios de luxo e de menor porte. “Os grandes ficam muito longe, então não estão operando lá”, disse Ferraz. 

Ilha Grande e Angra dos Reis (RJ)

Vision of the Seas em Ilha Grande

Também no litoral do Rio de Janeiro, Ilha Grande está entre os principais destinos para os cruzeiros no país. 

“Foram mais de 40 escalas em Ilha Grande na última temporada e, esse ano, acrescentamos Angra dos Reis, que recebeu mais de 15 escalas”, disse Ferraz. 

Rio de Janeiro (RJ)

Costa Firenze e MSC Seaview no Rio de Janeiro

Já no Rio de Janeiro, um investimento de grande porte permitiu a dragagem do porto, aumentando sua capacidade de operações. 

“Foi ótimo, fazia muitos anos que o Rio não fazia um investimento desse. A gente conseguiu operar dois navios grandes ao mesmo tempo, o MSC Seaview e o Costa Firenze, o que não era possível fazer”, disse. 

O porto ainda pode investir em mais uma dragagem, acrescentou Ferraz, aumentando sua capacidade de operar navios simultaneamente. 

Cabo Frio (RJ)

cruzeiros em Cabo Frio
Em cruzeiro que partiu da Inglaterra, o Aurora esteve em Cabo Frio na última temporada

Cabo Frio tem recebido poucas escalas, em geral, de navios de luxo e em cruzeiros de longo curso. 

“Tem uma dragagem acontecendo no canal, que deve ficar pronta em breve. Tivemos uma reunião com o prefeito e ele foi muito receptivo”, disse Ferraz. 

Com o trabalho concluído, a CLIA Brasil tinha planos de realizar uma inspeção do canal de navegação junto às companhias de cruzeiro. 

“Pedimos para aproximar o ponto de fundeio. Os navios estavam ficando muito longe e o trânsito fica longo”, disse. 

Búzios (RJ)

MSC Preziosa
MSC Preziosa fundeado em Búzios

Búzios, por outro lado, segue como um dos principais destinos para os navios no Brasil. 

“É um belo destino, com dois piers, os dois funcionando, tanto o Veleiro como o do Centro”, destacou Ferraz. 

“Todas as companhias, praticamente, operam lá. Muito boa a operação”, acrescentou o presidente da CLIA Brasil. 

Vitória (ES)

Grand Holiday navega no porto de Vitória, em 2012

O retorno dos navios de cabotagem à Vitória segue em discussão, disse Ferraz, mas um desfecho ainda está distante. 

O porto capixaba recebe apenas navios em trânsito, que conseguem atracar em seu cais principal. Todos os navios que realizam a temporada regular no Brasil, no entanto, são grandes demais para operar com a infraestrutura. 

“A saída é fazer um fundeio ali fora da ponte, com operação em um dos píer que tem na região. Mas não está tão fácil de resolver isso. A gente tenta nos últimos sete ou oito anos”, disse. 

Porto Seguro (BA)

cruzeiro Porto Seguro
Operado pela Hapag-Lloyd, o Europa realizou cruzeiro com passagem por Porto Seguro 

Na Bahia, Porto Seguro é um destino que estreou nos itinerários dos cruzeiros na última temporada. 

“Foi um sucesso, foram quatro ou cinco escalas de longo curso. Eles gostaram”, disse Ferraz. 

Já a situação dos navios de grande porte é mais complicada, acrescentou. “Os grandes, como eles tem que ficar muito longe, e é muito desabrigado do vento, fica mais difícil, mas a gente está sempre em contato”, acrescentou. 

Barra Grande e Morro de São Paulo (BA)

Morro de São Paulo

Mais destinos baianos que podem entrar nos itinerários são Barra Grande e Morro de São Paulo. 

“Continuam como possibilidade, apesar de não haver muito avanço. Tem que fazer batimetria, ver o píer, ver se tem um ponto de fundeio que não seja distante dos píer… Mas estamos sempre falando com os governos municipais e estaduais para avançar”, disse Ferraz. 

Itaparica (BA)

Bahia
Itaparica é um dos destinos em estudo

“Itaparica tem interesse de uma empresa, para fazer uma escala lá na próxima temporada. O píer já está pronto e o ponto de fundeio foi definido pela Marinha”, disse Ferraz. 

Agora, basta que uma companhia realize uma escala teste, acrescentou o presidente executivo da CLIA Brasil. 

Salvador (BA)

Paisagem de Salvador

Em Salvador, as companhias precisaram se adaptar a escalas conjuntas de navios de grande porte, disse Ferraz. 

“Quando tem dois navios grandes, o segundo berço tem uma certa dificuldade de operação. As companhias se adaptaram”, explicou. 

“Salvador é um grande destino para a gente, é sensacional. Foram 79 escalas na última temporada e devemos estar em um nível igual ou maior na próxima”, acrescentou. 

A capital baiana também tem recebido mais embarques, com as companhias aumentando os bloqueios para cabines partindo de lá. 

Maceió (AL)

Terminal de Cruzeiros de Maceió foi inaugurado recentemente 

Maceió é atualmente o destino mais ao norte para cruzeiros de cabotagem, disse Ferraz, que destacou o novo terminal da capital alagoana. 

“Infelizmente não teve alfandegamento ainda do terminal, nós estamos tentando levar para dentro do navio, mas sem isso, os navios não podem voltar da Europa a partir de lá”, disse. 

Com isso, as embarcações não podem partir de Maceió diretamente para outro país, tendo que mudar suas escalas para Recife e Fortaleza. 

“Estamos fazendo reuniões com as autoridades para tentar melhorar isso e, aí, chegar e sair navio de lá direto para a Europa, por exemplo”, disse Ferraz, acrescentando que essa operação chegou a ser feita antes do terminal. 

Recife (PE)

Terminal de cruzeiros de Recife

Já Recife teve 29 escalas na última temporada brasileira, de navios de longo curso e também de embarcações entrando ou saindo do país. 

“O terminal lá é público, se fala em fazer a privatização. Nós estamos acompanhando”, disse Ferraz. 

Fortaleza (CE)

Termina de Cruzeiros do Porto de Fortaleza foi construído para a Copa do Mundo de Futebol de 2014

Após anos de aguardo, o terminal de cruzeiros de Fortaleza foi concedido à iniciativa privada neste mês

“É um destino fabuloso, com um bom terminal, mas que acaba tendo poucas escalas, pela distância e falta de dragagem. A gente acaba atracando com navios grandes no porto antigo e usa ônibus para levar os passageiros”, disse Ferraz. 

São Luís (MA)

No Maranhão, São Luís tem uma única escala agendada para a temporada 2023/2024. 

“Eles sempre nos pedem reuniões, nós temos conversado. Lá é um porto exclusivamente de carga, eles fazem uma tenda para receber os passageiros, mas tem muito pouco movimento ainda”, disse. 

Belém (PA)

Volendam visita Belém durante cruzeiro pelo Amazonas

Belém recebe uma quantidade considerável de navios em trânsito, disse Ferraz, especialmente daqueles que vão entrar no Amazonas. 

“Eles acabam fazendo Belém, tanto por dentro quanto por fora, passando pelo Estreito de Breves”, disse. 

Existem, porém, questões de infraestrutura que barram o crescimento das escalas na cidade. 

“Tem muito navio de carga. Tem navios de cruzeiro mas poderia incrementar as operações”, disse. 

Manaus, Boca da Valéria, Alter do Chão, Santarém e Parintins (AM)

cruzeiros manaus
Seabourn Venture foi um dos navios que passou por Manaus na temporada 2022/2023

O estado do Amazonas costuma receber entre 14 e 15 navios, em sua maioria embarcações de alto luxo. 

“Eles fazem aquele percurso de Boca da Valéria, Alter do Chão, Parintins, Santarém e Manaus. Alguns poucos navios ainda vão até o Peru”, disse. 

O destino tem potencial para receber um número consideravelmente maior de escalas, no entanto. 

“O Amazonas é um destino que se tivesse um custo mais competitivo e uma estrutura mais moderna, a gente poderia ter um número muito grande de navios”, concluiu Ferraz. 

Manaus recentemente passou por um problema com seu píer de atracação, que acabou afundando após um acidente. 

“Foi colocado um novo píer. Lá a maré do rio sobe e desce muito, então ele tem de ser flutuante. É um mega flutuante onde os navios até atracam”, disse Ferraz. 

Esse novo píer, no entanto, não foi aprovado pela Marinha, fazendo com que os navios precisassem realizar as operações fundeados. 

“Fundeio com troca de tripulação, mudança de tudo. Eles usam balsas, colocam caminhões nas balsas e elas vão até os navios levar comida, tirar lixo e abastecer. É um operação que já era cara e ta ficando mais cara ainda”, disse. 

Existe a expectativa, porém, que o píer já esteja homologado para escalas na temporada 2023/2024. 

Texto (©) Copyright Daniel Capella / Imagens (©) Copyright de seus respectivos autores

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