MSC em Buenos Aires |
O alto custo de operação afeta negativamente a programação das companhias na América do Sul, que diminuem cada vez mais a oferta na região. Em entrevista ao uruguaio El País, Roberto Fusaro, da MSC, e Mike Ronan, da Royal Caribbean, de- talham problemas.
Em um encontro regional dos envolvidos com o mercado de cruzeiros no Uruguai, executivos de grandes companhias que operam na América do Sul detalharam os problemas que encontram para operar na região. Durante o evento, organizado pelo Ministério do Turismo do Uruguai, Roberto Fusaro, diretor da MSC para a América do Sul, e Mike Ronan, vice-presidente da Royal Caribbean para relações governamentais para América Latina, Caribe e Ásia, alertaram sobre o impacto que questões como o preço podem trazer ao futuro dos cruzeiros nessa área.
Prático se aproxima de navio da RCL no Rio da Prata |
Em entrevista no Hotel Conrad, em Punta del Este, onde ocorreu o evento, Ronan lembrou dos problemas de infraestrutura comuns na região e lamentou os altos preços para utilizar as instalações deficitárias dos portos. “O alto custo das operações e instalações portuárias inadequadas fizeram com que o tráfego não tenha aumentado significativamente, apesar do alto potencial da região”, Mike Ronan.
No caso específico da Baía de Maldonado, onde está localizada Punta del Este, o executivo observou alguns inconvenientes gerados pela obrigação imposta pelo governo para que navios que fundeiem por lá precisem contratar empresas locais para o transporte dos passageiros até a terra, mesmo que possuam tenders próprios e não necessitem do serviço. “Não estamos falando de ignorar os empresários locais, mas sim de como podemos fazer da melhor forma, para tornar melhor para a região e para os visitantes”, disse Ronan.
Na MSC o otimismo pelo resultado de seus negócios é exibido de forma marcante, embora as previsões sejam de que o mercado não vá crescer na próxima temporada. “Estaremos muito bem no verão. Os mercados que alimentam o Uruguai, a Argentina e o Brasil , estão a crescer entre 40% e 25%. Infelizmente, as perspectivas para o mercado, no entanto, não são tão boas. O argentino está estagnado e brasileiro está em declínio. O total de turistas de cruzeiro que estarão vindo para o Uruguai neste verão deverá ser o mesmo do ano passado. Nós vamos trazer 40% a mais para o Uruguai, mas o restante das companhias irá diminuir esse número” disse Roberto Fusaro, da MSC.
“A queda do mercado é causada por uma redução da oferta. Não é possível culpar o Uruguai porque o país fez muitas coisas para melhorar, mas as condições do Brasil e da Argentina em termos de custo e de infra-estrutura fazem com que operar lucrativamente na região seja muito difícil. Por isso que algumas empresas concordaram em reduzir a capacidade enviando menos navios”, disse Fusaro.
Magnifica em Punta del Este |
A MSC virá com quatro navios à América do Sul, dos quais o maior não pode opera no Rio da Prata por conta de limitações impostas pela Argentina. “Não nos permitem operar estes navios no canal de acesso à hidrovia. Eles nos dizem que esses navios iriam bloquear a passagem de outras embarcações “, acrescentou Fusaro. A passagem pelo canal da hidrovia é obrigatória para o acesso aos portos da região do Prata.
Já Ronan disse que o porto de Buenos Aires é o mais caro do mundo, de forma que uma única escala no porto pode chegar a custar 300,000 dólares americanos. “No caso do Splendour of the Seas nos cobram cerca de US$ 90.000 para a navegação no canal de acesso para a hidrovia e entre US$ 20.000 e US$ 30.000 para cada prático que vai a bordo, sendo que por vezes nos obrigam a levar mais de um”, detalhou ao especificar alguns dos custos operacionais na capital argentina.
Ronan lembrou que, devido às fortes das economias da região, a América do Sul tornou-se um mercado atraente para as companhias de cruzeiro. Mas ele alertou que benefícios semelhantes são encontrados na Ásia e na Austrália “que competem por uma fatia maior no mercado global”. “Há uma necessidade de melhorar a infra-estrutura para otimizar os processos de embarque e desembarque, e os procedimentos para passageiros em trânsito. Também é muito necessário reduzir os custos operacionais que são muito altos e que geralmente aumentam no último minuto, sem a devida notificação”, Ronan enfatizou. O executivo destacou positivamente a dragagem no porto de Montevideo e a melhoria no receptivo dos passageiros que chegam ao mesmo.
Splendour em um berço comercial do Porto de Buenos Aires |
No mercado de cruzeiros, outras oportunidades de negócios estão disponíveis para os empresários das regiões visitadas, explicou Ronan. “Existem muitos serviços que poucos imaginam. A gestão de resíduos e reciclagem de alguns produtos que dos navios de cruzeiro são alguns desses. Há uma abundância de negócios, que podem interessar a empresas locais. Precisamos que se prestem esses serviços por terceiros. Existem outras possibilidades, por exemplo: nossos navios têm dezenas de pianos por isso, precisamos contratar pessoas que afinem os pianos de bordo. Não se trata apenas de vender produtos, e de comida e bebida”, completou Ronan.