Não é novidade que o mercado brasileiro de cruzeiros marítimos padece de problemas crônicos. A título de exemplo, podemos citar a grosso modo, as altas taxas portuárias, a falta de investimentos e infra estrutura portuária deficiente. Como se não bastasse existem ainda questões burocráticas e trabalhistas. De acordo com a legislação em vigor 25% dos tripulantes dos navios que operam na costa brasileira devem ser brasileiros. Tal medida tem o louvável intuito de geral empregos para os brasileiros, mas por outro lado, acarreta dificuldade e burocracia para as companhias. Por conta disso tudo, nos últimos anos nosso mercado sofreu uma redução drástica, ocasionando, por consequência uma grande diminuição do número de navios que participam da temporada brasileira, inclusive com companhias tradicionais deixando o mercado brasileiro. Em um passado recente chegamos a ter cerca de 20 navios na temporada. Hoje em dia essas embarcações não passam de seis. Fora isso temos os navios internacionais que passam pelo litoral brasileiro trazendo, em sua maioria turistas estrangeiros. São os chamados navios de longo curso. Assim, não é preciso dizer que o Brasil caminha na contra mão da tendência mundial, que é justamente de crescimento do turismo de navios de cruzeiro. Para a temporada 2018/2019 também deverá ser será mantido o número de seis embarcações na costa brasileira. Assim, o Brasil vem perdendo mercado para destinos mais competitivos como China, Caribe e até mesmo Austrália. Também em um passado recente existiam cruzeiros para Fernando de Noronha e tentou-se até a implantação de um navio durante o ano todo na costa brasileira. Iniciativas que lamentavelmente não tiveram o devido exito.
Não estou dizendo que é fácil, barato ou que deva ser feito de uma hora pra outra. Mas parece que aqui “nada pode”, “nada vai pra frente” por total falta de visão e interesse. Em Miami, por exemplo, tivemos a construção de um terminal específico para receber o novo MSC Seaside. Também estão construindo um terminal para receber navios da Classe Oasis da Royal Caribbean. Aqui, como se sabe, teremos a vinda do MSC Seaview para a temporada 2018/2019. Mas a pergunta que cabe é: O que esta sendo feito a título de investimento, objetivando a vinda deste e de outros navios? Posso até estar enganado mas sinceramente não vejo investimentos relevantes no setor. Vez ou outra temos notícias sobre a realização de debates e seminários a respeito do assunto mas parece que quase nada de concreto se realiza.
As companhias marítimas, de um modo geral, estão investindo em navios cada vez maiores, alguns serão movidos a GNL e é claro que a falta de investimentos em infra estrutura dos portos brasileiros compromete e muito a eventual vinda desses navios no futuro. Sim, para a temporada 2018/2019 teremos a vinda do MSC Seaview que ainda esta sendo construído na Europa e muitas pessoas, assim como eu, estão empolgadas com a possibilidade de viajar em um navio tão novo e moderno. Mas a grande pergunta que fica no ar e que me preocupa muito é: Nas atuais circunstâncias, será que ainda poderemos ter outras novidades como essa no mercado brasileiro futuramente? Sinceramente não vejo grandes perspectivas…
Por outro lado, o nº de queixas no “Reclame aqui” aumentou consideravelmente. Os serviços a bordo andam piorando a cada ano.