A previsão de greve dos funcionários da Codesp, a partir das 6 horas da próxima segunda-feira, levou operadoras de cruzeiros a pedirem à Docas autorização para operarem com amarradores próprios durantea paralisação. A ideia é contratá-los diretamente da prestadora de serviços da estatal. A categoria é uma das que suspenderá o trabalho por tempo indeterminado.

Os amarradores são responsáveis por concluir a atracação, prendendo os cabos dos navios aos cabeços instalados nos berços de atracação.

Outra solicitação feita pelas empresas foi a antecipação das permissões de atracação, já que a Autoridade Portuária recebe a programação de todas as embarcações logo no início da temporada, que este ano começou no dia 29 de outubro.

Os pedidos foram feitos por meio de ofício protocolado junto à estatal nesta quarta-feira. A Tribuna teve acesso ao documento, que foi assinado por representantes da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar), do Concais S.A. (administradora doTerminal de Passageiros Giusfredo Santini) e das operadoras Royal Caribbean, Costa. MSC, Ibero Cruzeiros e Pullmantur.

A intenção das companhias é evitar prejuízos aos mais de 70 mil turistas que vão passar pelo complexo santista a partir da próxima segunda-feira. Nesse dia, estão previstas as escalas dos navios MSC Armonia e Vision of the Seas, com o embarque ou o desembarque de mais de 6 mil pessoas.

No texto enviado ao presidente da Codesp, José Roberto Correia Serra, as operadoras alegaram que, caso os navios não possam atracar na data prevista, os passageiros poderão ter sua saúde ameaçada, pois as embarcações não possuem mantimentos por uma estadia indeterminada. Outra consequência seria a ocorrência de tumultos no terminal de cruzeiros, devido à impossibilidade de embarque dos turistas, que, em sua maioria, viajam quilômetros para chegar a Santos. Segundo as empresas, as situações gerariam ações judiciais em função de tantos prejuízos morais e financeiros.

Mesmo que as empresas consigam o aval da Docas para contratar amarradores, os transtornos não serão totalmente evitados. Isso porque os cruzeiros não contarão com outros serviços, como o dos agentes da Guarda Portuária, considerado essencial paraa organização do trânsito, principalmente em dias com mais de três navios de passageiros.

Procuradas, a Abremar e o Concais afirmaram não ter informações sobre quaisquer manifestações suas e das operadoras de cruzeiro sobre a greve. A assessoria da Codesp, inicialmente, disse desconhecer uma carta entregue pela empresas referente à paralisação. No entanto, após ser informada por A Tribuna da existência do ofício, voltou atrás e confirmou o recebimento do mesmo pela Docas e garantiu que o material está sob análise da superintendência jurídica.

Greve
Essa será a segunda greve dos funcionários da Codesp nos últimos dias. A primeira aconteceu em 21 de novembro passado e durou apenas 24 horas. Na ocasião, não havia escalas de navios de cruzeiro no cais santista. O prejuízo ficou para as agências de navegação, que pagaram US$ 1,6 milhão de sobrestadia, conforme cálculo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar).

As paralisações são um protesto pelo descumprimento do último acordo coletivo da categoria. A negociação previa reajuste de salários, tratamento igualitário entre a remuneração dos novos funcionários e a dos antigos e a adoção de auxílios. No entanto, apenas o aumento de 9,6% foi liberado.

Texto (©) Copyright A Tribuna.
 Imagem (©) Copyright Daniel Capella.

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