O Brasil é, hoje, o quinto maior mercado mundial de cruzeiros marítimos, atrás dos Estados Unidos e Canadá (considerados um mercado), Inglaterra, Alemanha e Itália, de acordo com estimativas da Cruise Lines International Association (CLIA). A temporada atual, que teve início em outubro de 2011 e vai até maio de 2012, será a maior já realizada no País, com a expectativa de 894.833 cruzeiristas em 17 navios que farão 386 roteiros pelo litoral. A oferta de leitos é 1,6% maior se comparada com a da temporada 2010/2011.
A oferta de crédito no Brasil, o aumento da classe média e seu poder aquisitivo, maior investimento das companhias no país, ampliação do número de mini-cruzeiros, temporada mais extensa e crescimento do número de hóspedes estrangeiros são os fatores que impulsionaram o desenvolvimento deste mercado.
“Os cruzeiros marítimos, principalmente os roteiros mais curtos, são muito atraentes e acessíveis a grupos de turistas que, agora, têm possibilidade de viajar a custos acessíveis. De modo geral, o brasileiro tem viajado mais e buscado novas opções de entretenimento”, diz Ricardo Amaral, presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar).
Para Joana Picq, CEO da Voyage Privé Brasil, agência on-line internacional de turismo de luxo, a cultura de cruzeiros está sendo bem estruturada e ganha força. “O que antes era distante e pequeno, hoje cresce e oferece novas versões. É o caso dos cruzeiros temáticos e eventos profissionais a bordo de navios”, exemplifica.
Os estrangeiros também ajudaram a impulsionar o mercado nacional, pois o Brasil é uma opção para fugir dos clássicos roteiros do Caribe e do Mediterrâneo. “As empresas de navios conseguem parcerias com as companhias aéreas que tornam as tarifas bem baixas, o que facilita a vinda do turista de outro país. E, no geral, esse público representa 10% da clientela local”, afirma Joana.
Mas, o crescimento do mercado apresentado no ano passado não deve ter continuidade. Segundo Joana, os números de navios e de passageiros devem manter-se neste patamar nos próximos anos. “A grande explosão de crescimento aconteceu nos últimos cinco anos, quando foram alcançadas altas de até 25% ao ano”, comenta.
Na temporada passada (2010/ 2011), um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com a Abremar mostrou que 5.603 tripulantes brasileiros foram empregados nos 20 navios que estiveram no país – um aumento de 72% na comparação com a temporada anterior, 2009/2010, quando 3.254 brasileiros trabalharam a bordo. “Se contarmos ainda os empregos gerados em escritórios, agências de viagem, receptivos e nas cidades onde os navios fazem escala, este número é quadruplicado”, explica Amaral.
O trabalho a bordo é dirigido, em sua maioria, a jovens entre 18 e 35 anos com inglês fluente. Para ganhar um salário entre US$ 550 e US$ 1200 e conhecer diversos lugares, eles se candidatam a vagas nas áreas de restaurante, bar, limpeza, recreação, fotografia, massagista, manicure, cabeleireiro e outros.
Os impactos totais (diretos e indiretos) das empresas de navios e dos cruzeiristas foram de R$ 1,3 bilhão, sendo R$ 791,6 milhões gerados pelos gastos das companhias com compras de suprimentos, custos portuários e combustíveis; e R$ 522,5 milhões gerados pelos gastos dos turistas nos portos de embarque, desembarque e de trânsito.