Costa Concordia é saudado pelo Costa Serena, um de seus gêmeos, ontem a noite. |
A prática arriscada de navios de cruzeiro que consiste em passar próxima a ilha de Giglio em uma saudação para a população local parece ter contribuído para o desastre Concordia Costa, disseram autoridades e testemunhas domingo.
O navio de 114.500 toneladas afundou depois de bater num recife apenas a 300 metros (985 pés) da costa na última sexta-feira, enquanto passava muito perto da costa da ilha toscana em sua rota para Savona, no norte da Itália.
O ministro da Defesa Giampaolo Di Paola, um ex-almirante da marinha italiana, disse que o acidente é fruto de um “erro humano grosseiro” em entrevista a TV italiana Rai3 no domingo.”Navios de tais dimensões não podem navegar tão perto de uma costa onde se sabe que há rochas”, disse o ministro.
Costa Concordia teve a maioria de seus andares inundados. |
Algumas testemunhas disseram que o navio estava fazendo um desfile espetacular para a população local, e que já é conhecido na ilha, e inclusive é chamado pelos ilhéus de “inchino” ou arco reverente, com seus decks inundados de luz (as primeiras fotos do naufrágio mostram decks iluminados (como os da frente do navio, acima e abaixo da ponte), que não costumam estar acesos em dias de navegação), enquanto a maioria dos passageiros está jantando.
Acrescentando peso à teoria, o jornal La Stampa publicou no domingo uma carta datada de agosto do ano passado em que o prefeito Sergio Ortelli de Giglio agradeceu o capitão do Concordia pelo “incrível espetáculo” em uma passagem anterior.
O prefeito disse aos jornalistas da ilha no sábado que a rota normal para navios de cruzeiro rumo ao norte, ao porto de Civitavecchia (próximo à Roma) passa de três a cinco quilômetros (1,8 a 3,1 milhas) próximo a Giglio. “Muitos deles passam perto Giglio para saudar a população local com apitos de suas sirenes.”
Desde sexta-feira as equipes de socorro estão procurando possíveis sobreviventes. |
“É um show muito bonito de se ver, o navio todo iluminado, enquanto você vê-lo da terra. Desta vez deu errado”, disse o prefeito.
No domingo, porém, Ortelli negou que tenha sido uma prática regular o navio chegar tão próximo da ilha.”Não é a prática, mas algumas vezes pode acontecer uma saudação programado, mas sempre em condições seguras”, disse ele.
Ortelli disse que alguns capitães dos navios de cruzeiro Costa gostavam de “prestar homenagem” a ex-colegas que se aposentaram e até mesmo a própria ilha, mas que isso sempre ocorreu em “condições de segurança, sem maiores problemas”.
Francesco Verusio, procurador-chefe da região da Toscana, disse o capitão do navio “não deveria ter navegado tão próximo da ilha” e concluiu que ele deve ser preso por homicídio múltiplo e por abandonar o navio antes que todos os passageiros estavam fora.
Ele disse que o capitão tinha “se aproximou Giglio de uma forma muito estranha”, o que levou o navio a “bater em uma pedra que se alojou em seu lado esquerdo, fazendo com que uma enorme quantidade de água ocupasse o casco no espaço de dois ou três minutos “.
Esquema (em italiano) sobre possíveis problemas ambientais e suas soluções e também sobre a tentativa de reerguer o navio. |
Enrico Rossi, o governador da região da Toscana, visitou a ilha no domingo para ver o esforço de resgate em primeira mão. Ele disse que iria pedir ao Ministério do Meio Ambiente na segunda-feira que garantisse que os navios de cruzeiro aderissem estritamente às regras de navegação no futuro.
“É chocante descobrir que um navio deste tamanho pode navegar tão perto da costa”, Rossi disse à AFP, acrescentando que deve ser possível equilibrar a necessidade de entreter os passageiros com a segurança do navio.
A idéia, do comandante atual, Francesco Schettino, do Costa Concordia seria homenagear o seu ex-colega de profissão, hoje aposentado Mario Palombo. Ex-comandante do Concordia, Palombo seria famoso por suas manobras próximas a Giglio, sua cidade natal.
Mario Palombo, fora um veterano na Costa Crociere, trabalhando durante muitos anos como capitão de vários navios da frota, entre eles o Concordia. Na noite de sexta-feira treze, Mario estaria em sua casa na Ilha de Giglio, para visualizar a homenagem, mas acabou presenciando uma tragédia com seu ex-navio.
Porém, o advogado do capitão Schettino traz uma versão diferente da história, ele diz que o navio teria se desviado da rota justo por conta da colisão com as rochas. Segundo ele, o Concordia teria atingido rochas submersas que não constam nas cartas náuticas, e seu cliente, em manobra brilhante e lúcida, teria encaminhado o navio a Ilha de Giglio para “salvar milhares de vidas”.
Schettino teria ainda abandonado o navio antes do socorro de todos os passageiros, e escondido o que realmente acontecia, ao comunicar a seus passageiros uma simples falha nos geradores ao invés de uma grave colisão com rochas. Além disso ele teria a princípio se recusado a dar o sinal de emergência a sua tripulação, só fazendo-o quando obrigado pela Guarda Costeira de Livorno.
Costa Concordia adernado visto de um satélite. |
Alguns meios de comunicação italianos porém, afirmam que o comandante Schettino poderia ter sido orientado pelo pessoal da Costa em terra a tentar minimizar a situação para evitar maiores problemas até mesmo a ele. Há quem diga também que o navio poderia estar experimentando problemas de máquinas no momento em que colidiu com as rochas.
Isso porque, mesmo que o Concordia tenha se desviado de sua rota, a prática de homenagear Giglio era relativamente comum, e as rochas atingidas constavam nas cartas náuticas. Na ponte de comando, por protocolos de segurança, há qualquer momento devem haver 3 oficiais na ponte de comando, e todos teriam que ter errado e não notado a rocha.
O que poderá trazer luz a investigação é a analise das caixas pretas do navio, que já foram encontradas e estão sendo investigadas. O comandante Schettino está atualmente em prisão domiciliar em sua casa na Itália. Quem diria que um dia o Costa Concordia causaria tanta discórdia…
essa piada do final foi épica!
Pois é, obrigado.