Para marcar os 18 anos desde o dia em que o Splendour of the Seas entrou em operação, recordamos sua estréia no porto de Santos, em 23 de dezembro de 2000, e sua primeira temporada no Brasil, a longínqua 2000/2001. Na época, o navio era não só o maior, como o mais moderno e popular navio na América do Sul. 

Há exatos 18 anos iniciava sua viagem inaugural o Splendour of the Seas, segunda navio da classe Vision, da Royal Caribbean International. Entregue pelo estaleiro francês Chantiers de l’Atlantique, que na época vivia grande fase, era um navio de grandes dimensões, com quase 70,000 toneladas e capacidade para cerca de 2,100 passageiros. Encerrando a primeira série de navios do total de seis da classe Vision, o Splendour é gêmeo apenas do Legend of the Seas.

Seu design representa essencialmente uma evolução dos navios anteriormente entregues pela companhia, mas introduziu novidades que seriam mantidas até os navios mais atuais da frota, como o solarium e o grande salão de jantar panorâmico com dois andares. Em 2000, com apenas quatro anos de seu lançamento, trouxe todas suas características e novidades para o Brasil, após um posicional Miami – Santos, em dezembro daquele ano.

Se hoje é comum que navios novos operem no mercado regional, essa prática foi introduzida justamente por esta temporada do Splendour. Em 2000/2001, com exceção do próprio Splendour, e das embarcações em trânsito, os navios eram em geral muito antigos e pequenos. Segundo consta nos registros do Concais, o terminal de passageiros de Santos, na temporada em questão, realizaram cruzeiros a partir da cidade, o Costa Allegra e o Costa Marina, da Costa Crociere, e o Princess Danae, da Classic International Cruises/BCR Cruzeiros. A MSC só passou a operar regularmente a partir de Santos em 2003/2004.

Juntos, os três navios da temporada, possuem capacidade para cerca de 3,000 passageiros, e pouco mais de 67,000 toneladas. Comparativamente, sozinho, o Splendour possui capacidade para dois terços dos passageiros destes navios, e ainda os excede em tonelagem. A diferença de idade entre os navios também é abismal; enquanto o Splendour havia sido inaugurado em 1996, o Princess Danae tem casco de 1955 e os gêmeos da Costa de 1969.

Nesse contexto, em 5 de dezembro de 2000, o Splendour of the Seas partiu de Miami com proa rumo ao Brasil. Em um posicional de 15 noites, escalou em Barbados, no Caribe, e em São Luís do Maranhão, em Fortaleza, Salvador e Rio de Janeiro, antes de chegar em Santos na antevéspera de Natal daquele ano. Nas fotos, é visto deixando o porto pouco depois das 17h, após atracar pela primeira vez na cidade, em um dia que outro então gigante da Royal Caribbean, nos visitou: o Mercury, da Celebrity Cruises.

A diferença era gritante não só nos números; um átrio de sete andares com telhado de vidro, janelas enormes e um restaurante quase todo de vidro e com dois andares, uma piscina coberta, e outras características eram áreas inimagináveis nos navios que operavam regularmente na região. A popularidade do Splendour cresceu muito na época em função disso, e uma escala sua era sempre um evento por onde passava.



Durante aquela temporada realizou 15 cruzeiros na América do Sul, a maioria com partida de Santos, mas também alguns com embarque em Buenos Aires, e duração entre 3 e 12 noites. Destaque para o cruzeiro de Carnaval, com 12 noites e escalas em Búzios (com pernoite), Salvador, Porto Seguro, Ilhabela e Rio de Janeiro (com dupla pernoite), e para os roteiros ao Prata, que não possuíam ida e volta ao Brasil; ou começavam em Santos, ou terminavam nesta cidade; o outro extremo era Buenos Aires. A Royal Caribbean oferecia o outro trecho da viagem, de ida ou volta por ar, em pacote que podia incluir ainda uma noite em hotel na capital argentina. O cruzeiro de sete noites e o voo custavam cerca de 1,000 dólares por pessoa em cabine interna.

Além de Porto Seguro e São Luís do Maranhão, outra cidade que sumiu das programações atuais mas foi visitado regularmente pela Royal Caribbean em 2000/2001, foi Florianópolis. Todos os roteiros com destino ao Prata passavam pela capital de Santa Catarina, em uma escala de 9 horas. A temporada acabou em 6 de abril de 2001, quando realizou seu primeiro cruzeiro Santos – Lisboa.

Mercury deixando Santos no dia da estréia do Splendour

O sucesso do “Palácio de Vidro Flutuante”, como chama a Royal Caribbean no catálogo da época, foi tanto que a volta foi confirmada ainda durante a temporada, e a resposta da Costa Crociere, principal concorrente na época foi imediata. Em 2000/2001, pela primeira vez, três navios italianos estiveram no Brasil, sendo que dois, o Costa Classica e o Costa Tropicale, possuíam dimensões semelhantes ao Splendour, e estrearam na América do Sul naquela temporada; o terceiro foi o Allegra.

A temporada 2000/2001 foi bem mais completa, com roteiros ao nordeste, diversos mini-cruzeiros e mesmo os roteiros pelas praias do sudeste em cinco e seis noites, além dos Santos – Buenos Aires e Buenos Aires Santos. Foram no total 25 cruzeiros pela América do Sul, número semelhante ao realizado atualmente pelo navio. Essa temporada, no entanto, representou a despedida do Splendour da região, já que problemas operacionais fizeram com que a Royal Caribbean optasse por descontinuar as temporadas na América do Sul.

Uma volta só ocorreu em 2007/2008, quando os primeiros gigantes de mais de 100,000 toneladas começavam a dominar também o Brasil. Agora, a Royal Caribbean reserva mais uma despedida brasileira para o Splendour of the Seas; desta vez, provavelmente definitiva. Após encerrar a temporada 2014/2015, dificilmente o eterno “maior e mais moderno e luxuoso” retornará ao Brasil.

Texto (©) Copyright Daniel Capella.
Imagens (©) Copyright Daniel Capella e Silvio Roberto Smera.

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