A CLIA Brasil realizou ontem a segunda edição de seu fórum em Brasília. O evento reuniu a cúpula da indústria de cruzeiros nacionais na capital federal para discutir o futuro do setor no país. Além de executivos das principais marcas que atuam no Brasil, estiveram presentes autoridades federais e municipais, órgãos reguladores e representantes dos terminais.
Entre os presentes, esteve o Ministro de Estado do Turismo Vinícius Lummertz e os diretores locais da MSC Crociere, Adrian Ursilli; da Costa Crociere, Renê Hermann; da Norwegian Cruise Line, Estela Farina; e da Royal Caribbean Cruises, Mário Franco.
CLIA luta por melhoras
Farina, que também é presidente do Conselho da CLIA Brasil abriu o debate. “Somos resistentes e persistentes pois conhecemos a força do nosso setor. Voltamos a Brasília por acreditar que este é o centro das articulações; o lugar ideal para debates e trocas de ideias que apontem soluções práticas e reais aos principais desafios de nosso segmento”, disse ela.
A cobrança por mudanças e soluções foi a pauta central das discussões, que foram divididos em painéis de diferentes assuntos. Entre os abordados, esteve a legislação trabalhista que deve ser seguida pelos navios, questões operacionais e de praticagem, desafios dos destinos e mais.
Presidente Executivo da CLIA Brasil, Marco Ferraz ilustrou a situação pela qual os cruzeiros passam, lembrando a taxação incoerente. “A carga de impostos é muito forte no nosso país e é um problema. A indústria de cruzeiros ainda tem um imposto exclusivo que é o Pis/Cofins sobre combustível e fretamento”, disse ele.
“Se um navio de carga atraca do lado lado de um nosso, e abastece o mesmo combustível daquele de carga, a gente paga Pis e Cofis da operação e eles não”, disse ele. A situação é a mesma para fretamento, segundo ele.
No dia a dia, Marco conduz a CLIA para melhoras não só em questões de taxação, mas em todas as áreas necessárias, entre elas as de regulação trabalhista, de marinha e de cabotagem.
Interesse é condicionado por dificuldades, diz NCL
Como diretora geral da Norwegian Cruise Line Holdings para o Brasil, Estela Farina cobrou custos competitivos, segurança jurídica e melhor infraestrutura. “Queremos dar continuidade ao que iniciamos no ano passado. Precisamos falar de cruzeiros e tudo que representam”, disse ela.
Os navios de suas marcas poderão atuar diretamente no futuro no Brasil caso as questões sejam solucionadas. “Há interesse evidente, mas é preciso ressaltar os entraves. Eles precisam ser pensados agora. Nós temos oito navios em construção e a maneira de pensar em trazê-los para cá é realizar mudanças imediatas”, ressaltou.
União pela economia e crescimento é fundamental para MSC
Já Adrian Ursilli, da MSC, lembrou da importância dos navios para a economia como um todo. “Nossa atividade tem amplo impacto de geração de emprego e receita. Precisamos nos unir como setor para que juntos possamos enfrentar as dificuldades que se apresentam e possamos ampliar a atividade dos cruzeiros”, disse ele.
“Nós temos duas grandes alegrias na área de cruzeiros, uma é realizar os sonhos dos nossos hóspedes, das famílias, casais e todos que embarcam em nossos navios (…) A outra é poder abrir postos, poder gerar trabalho”, disse ele.
Competição é internacional e cruzeiros não são vilões, lembra Royal Caribbean
Diretor da Royal Caribbean Cruzeiros no Brasil, Mário Franco, vê a situação de forma mais ampla. “O Brasil não percebe que a competição é internacional e não interna”, disse ele, lembrando que o país disputa o mercado com destinos como China, Caribe e Dubai. “Os cruzeiros não competem com os hotéis e outros setores do turismo, mas o país chega ao cúmulo de tributar os navios que trazem estrangeiros para nós”, completou.
O executivo é esperançoso, mas também cobrou mudanças. “O futuro está pressionado pela construção de navios e muitos irão acabar aqui. Mas a operação no Brasil hoje é uma confusão muito grande, é um esforço tremendo operar por aqui”, disse.
“Esperamos que as autoridades vejam uma oportunidade de diminuir as exigências e a carga de impostos e permitir que o Brasil compita melhor pelos navios que estão aí à fora”, completou Franco.
Costa faz coro com CLIA por melhoras
Mais tradicional companhia no Brasil, a Costa Crociere também acredita serem necessárias mudanças. “Completamos em 2018 os 70 anos de Brasil, mas a dificuldade para operação aqui é incrível”, disse Renê Hermann, diretor da companhia para a América do Sul.
De acordo com Hermann, muito já foi melhorado em conjunto com a CLIA. Entretanto, o cenário segue longe do ideal. “Estou há 24 anos nessa indústria e posso dizer que é muito difícil avançar. Com o bom trabalho que o Marco e a CLIA vem fazendo, temos alcançado muita coisa, mas ainda precisamos alcançar mais”, completou.
Texto e Imagens (©) Copyright Daniel Capella