A antiga frota da Classic International Cruises (CIC) segue em sua jornada inglória na Europa. Seis anos após a companhia de cruzeiros portuguesa declarar falência, três dos cinco navios da frota foram revendidos como sucata e desmontados.

O último a seguir o infame caminho foi o Porto, ex-Arion. Um dos quatro navios adquiridos pelo empresário português Rui Alegre para seu projeto de companhia de cruzeiro, foi vendido para a sucata no mês passado.

Porto tem capacidade para 300 passageiros

Construída na Croácia, a embarcação teve seus interiores recondicionados, foi rebatizada e ganhou as cores da Portuscale Cruises ainda em 2013, mas nunca voltou a navegar. Mais de cinco anos depois, há cerca de três semanas, deixou Lisboa para sua última viagem – com destino ao desmanche na Turquia.

Foi vendido, segundo o Expresso, por apenas 880 mil euros. O valor representa uma pequena fração do total investido desde 2013 no navio, que havia sido comissionado nos anos 1960. Um banco português havia emprestado aproximadamente 16 milhões de euros para o projeto, que incluía a compra, revitalização e operação da embarcação.

Enquanto o ex-Azores, é o único da antiga frota a seguir navegando, o Funchal terá seu destino selado em breve. De acordo com o Expresso, o último exemplar da frota de navios de passageiro portuguesa será leiloado no próximo dia cinco.

Ainda de acordo com o jornal português, o valor inicial para as propostas é de 2,3 milhões de euros – o equivalente a um décimo do investimento no navio. Entre 2013 e 2015, a Portuscale investiu cerca de 22 milhões de euros no recondicionamento do Funchal. A embarcação chegou a voltar e operar, realizando cruzeiros voltados ao mercado português e sueco em 2013 e 2014. Uma temporada de verão em 2015 foi programada, mas cancelada.

Hotel museu, residência estudantil ou sucata

Funchal navega no Rio Tejo em 2014

Para voltar a navegar, precisaria de, pelo menos, mais 7 milhões de euros de investimento, segundo seu atual administrador – um fundo de insolvência. Dessa forma, dois destinos são mais prováveis para o futuro do Funchal. Sua utilização como atração estática em um porto é uma hipótese, assim como sua venda para sucata.

Funchal recebeu investimentos de 22 milhões de euros

Também de acordo com a insolvência, 3 milhões de euros adicionais seriam necessários para recondicionar o navio como acomodação estática. Depois, poderia ser utilizado como residência estudantil bem como hotel e museu.

O Funchal começou a navegar em 1961 após construção na Dinamarca. Originalmente realizava linhas regulares entre o território continental e insular português. Posteriormente foi adaptado para realizar cruzeiros em tempo integral. Tem capacidade para 424 passageiros e cerca de 10,000 toneladas. Em seus mais de 50 anos de carreira, nunca teve seu nome alterado.

Em sua longa vida, navegou em praticamente todas as partes do mundo. Em 1997, foi um dos primeiros navios a realizar viagens de cabotagem no Brasil. Antes, nos anos 1970, havia sido escolhido para trazer ao país os restos mortais de Dom Pedro I. Seu processo de modernização havia sido iniciado em 2010 ainda pela CIC.

Texto (©) Copyright Daniel Capella / Imagem (©) Copyright Rui Minas

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