Após ter assumido papel de destaque no retorno dos cruzeiros na Europa, a SeaDream Yacht Club pretendia repetir a dose no Caribe. A companhia foi a primeira a retomar operação, ainda em junho, com um programa por seu país de origem, a Noruega.
Com a chegada do inverno europeu, a SeaDream decidiu transferir sua retomada para outro destino: o Caribe. Em tempo recorde, a companhia preparou uma programação para o SeaDream I, partindo de Barbados e visitando portos considerados estratégicos.
Com início em novembro, a nova programação previa cruzeiros até março de 2021, além de uma travessia atlântica entre a Noruega e Barbados.
A operação também incluía, naturalmente, um novo protocolo de saúde para mitigar riscos e garantir a segurança dos passageiros.
O começo da operação, no entanto, foi determinante para o cancelamento de todo o planejamento.
Caso positivo e cobertura ao vivo de jornalistas e blogs
Após a travessia ocorrer normalmente, a SeaDream resolveu convidar a imprensa para conhecer o produto no Caribe. Também esperando provar a segurança de seu novo protocolo, a companhia chamou diversos jornalistas e blogueiros para embarcar na saída do último dia 7.
Entre eles, o norte-americano Gene Sloan, do The Points Guy. No dia 11, Sloan foi um dos primeiros a comunicar que o SeaDream I estava sob a ameaça da COVID-19. Na ocasião, o comandante do navio anunciou, via sistema de som, que análises prévias haviam apontado a presença do novo coronavírus a bordo.
O oficial também ordenou que todos os passageiros seguissem imediatamente para suas cabines, permanecendo isolados apenas com seus companheiros de quarto. A tripulação não essencial também foi orientada a retornar aos seus aposentos.
Os 53 passageiros e 66 tripulantes a bordo estavam seguindo todo o protocolo definido pela companhia. Tinham, inclusive, realizado diversos testes para COVID-19 antes de embarcar. Todos, naturalmente, haviam testado negativo para a doença.
Suspeita confirmada e nove casos a bordo
O comandante também informou que o navio estava retornando imediatamente para Barbados, de onde o cruzeiro havia partido, e que testes adicionais seriam realizados em todos a bordo.
Com os passageiros ainda isolados em suas cabines e o navio atracado no porto de saída, nove casos acabaram sendo confirmados entre tripulantes e passageiros.
Os hóspedes que tiveram testes negativos foram liberados para desembarcar no dia 15, após quatro dias de isolamento. Já os passageiros que testaram positivo precisaram retornar para suas casas em um voo privativo, arranjado pela SeaDream em parceria com as autoridades de Barbados.
A tripulação, no entanto, segue a bordo.
Cruzeiro encerrado e temporada cancelada
Com o surto a bordo, o restante do cruzeiro foi, naturalmente, cancelado. A SeaDream optou também por cancelar todas as saídas que estavam programadas até o final de 2020.
“Diversos testes PCR com resultado negativo foram exigidos antes do embarque dos passageiros, mas isso não foi suficiente”, disse a companhia em uma nota.
A SeaDream também frisou ter operado mais de 20 cruzeiros durante a pandemia sem maiores problemas ou registro de casos a bordo. O sucesso da temporada na Noruega foi possível pelo novo protocolo de saúde e segurança que estava em uso também no Caribe, de acordo com a companhia.
Por fim, a SeaDream afirmou que irá utilizar as próximas semanas para avaliar a situação mais a fundo e ‘ver se é possível operar com um maior grau de certeza de não haver infecções pelo Sar-Cov-2 a bordo’.
Texto e Imagens (©) Copyright Daniel Capella