Com 75 anos de história, navio de cruzeiro mais antigo do mundo corre risco de ser desmontado

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Astoria em operação para a Rivages du Monde em 2016

Atualizado em janeiro de 2024

Um dos mais antigos navios de cruzeiro da atualidade, o Astoria corre o risco de encerrar sua carreira em um estaleiro de desmanche. 

Construído nos anos 1940, o navio está sem operar desde o começo de 2020 e chegou a ser levado à leilão após a falência de seus últimos proprietários. 

Atualmente imobilizado no Porto de Rotterdam, na Holanda, foi adquirido por um grupo de investidores norte-americanos que tinham um plano ousado: colocar o navio para oferecer cruzeiros regulares entre Lisboa e a Ilha da Madeira, em Portugal. 

Astoria
Como Azores, em visita a cidade portuguesa de Portimão, em 2015

A ideia, no entanto, não foi para frente e o navio voltou a ser colocado no mercado. Sem atrair interessados, o Astoria foi alvo de rumores de desmanche recentemente. 

Diversos sites do setor chegaram a noticiar que a embarcação havia sido vendida para demolidores e entraria em processo de reciclagem ainda no começo de 2023. 

Os proprietários atuais, porém, negaram a notícia, reafirmando sua vontade de vender o Astoria para uma empresa que se comprometa a operá-lo ou preservá-lo.  

Navio de cruzeiro mais antigo

Astoria
Com sua aparência original, em operação pela Swedish American Line

Um dos mais antigos navios de cruzeiro da atualidade, o Astoria perde em idade apenas para o Sea Cloud. Construída nos anos 1930, a embarcação segue em operação para a Sea Cloud Cruises em destinos como o Caribe e o Mediterrâneo. 

Diferente do Astoria, no entanto, o Sea Cloud é um veleiro de pequeno porte, que tem capacidade para apenas 64 passageiros. 

Um dos últimos transatlânticos reais ainda em condições de operar, o Astoria entrou em operação em 1948.

Originalmente nomeado Stockholm, o navio foi projetado para realizar travessias entre a Suécia e os Estados Unidos, na linha regular operada pela Swedish American Line. 

Após vários anos em operação, o Stockholm ganhou fama mundial por conta de um acidente no Atlântico Norte. 

Em uma noite de julho de 1956, enquanto navegava entre Nova Iorque e a Escandinávia, o Stockholm se chocou com um dos mais famosos transatlânticos italianos da época, o SS Andrea Doria. 

O acidente foi causado pela forte neblina que atingia a região na ocasião e causou o naufrágio do navio italiano, que sofreu grande dano ao ser albaroado pelo casco quebra-gelo do Stockholm. 

Stockholm retorna aos Estados Unidos com proa fortemente danificada pelo impacto com o Andrea Doria

Ainda que uma grande operação de resgate tenha conseguido salvar a maior parte dos passageiros do Andrea Doria, um total de 51 passageiros e tripulantes dos navios morreram na tragédia. 

Quatro anos após o acidente, o Stockholm foi vendido pela Swedish American Line, navegando para outros operadores até ser transformado em um navio de cruzeiro moderno há cerca de 30 anos. 

Reconstruído quase em sua totalidade, o navio estreou com sua aparência e características atuais em 1994. Renomeado Italia Prima, navegou por vários operadores até chegar a Cruise & Maritime Voyages em 2016. 

Astoria
Astoria em operação pela Rivages du Monde em 2016

A empresa chegou a fretar o navio para outras companhias, como a francesa Rivages du Monde, antes de declarar falência em 2020. 

Atualmente, o Astoria tem capacidade para até 390 passageiros em ocupação máxima, deslocando cerca de 15 mil toneladas brutas. Seus interiores datam dos anos 90, quando foi reconstruído na Itália, e foram renovados na França entre 2013 e 2014. 

Em seus 75 anos de história, o Stockholm navegou com um total de 11 nomes diferentes. 

Texto (©) Copyright Daniel Capella / Imagens (©) Rivages du Monde, Rui Minas, Swedish American Line and USCG

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