Ponte Newton Navarro, a origem do problema com o Divina. |
Após a divulgação de que o novo terminal de cruzeiros de Natal não tem capacidade para receber o MSC Divina durante a Copa do Mundo, autoridades regionais convocaram uma entrevista coletiva para se defender. Em um texto questionável, que reproduzimos a seguir na íntegra, a diretoria da Codern cita exemplos questionáveis, e defende que o navio vá a Natal e fique fundeado na entrada do porto para transporte dos passageiros por tender.
MSC Divina |
A Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) convocou entrevista coletiva na tarde do dia 15 de Abril para explicar a polêmica relacionada à capacidade do Terminal Marítimo de Passageiros (TMP) e da possível vinda a Natal de um navio da MSC Cruzeiros com 3,2 mil passageiros do México, para assistir aos jogos da Copa do Mundo na capital potiguar. Para entender o problema relacionado ao terminal de Natal, clique aqui. Com claro propósito de se defender, o governo nordestino propõe uma forma alternativa de levar os passageiros do navio à terra, sem utilização de seu berço de atracação recém construído. A seguir, o release do governo, com trechos em vermelho, que não condizem com a realidade, ou são questionáveis, e serão comentados logo a seguir.
Vista parcial do Porto de Veneza com quatro navios de cruzeiro e um ferry. Todos atracados no VTP. |
Um típico tender com capacidade para cerca de 100 pessoas. |
Nesse mesmo parágrafo o governo afirma que o trajeto entre o navio e o porto duraria apenas 15 minutos, já que o navio estaria fundeado somente a 2 milhas do terminal. Entretanto, a informação é divergente. A Folha de São Paulo, por exemplo, afirmou que o trajeto entre o navio e o terminal levaria na realidade 3 horas. É difícil fazer uma estimativa real, já que desconhecemos os pontos de fundeio em Natal, e também as condições de mar nesta área. Hanna Safieh, diretor técnico-comercial do órgão diz que a operação é confortável, segura e ágil, porém, novamente, há quem discorde. Em contato com o G1, a Capitânia dos Portos colocou alguns empecilhos, o capitão dos portos, Alexander Neves de Assumpção explicou que o embarque e desembarque dos passageiros ficaria restrito a horários específicos. “Devem ser feitos preferencialmente pela manhã, pois o vento durante a tarde e a condição do mar podem estar desfavoráveis”, conta.
O responsável pela Capitânia acrescenta que a Codern precisaria colocar flutuantes para receber com segurança os passageiros que chegaram ao cais do Porto de Natal. “Por último, em função das restrições de entrada do canal e o desconhecimento da água por parte dos oficiais do navio, exigimos que o translado seja acompanhado por uma lancha da Associação de Praticagem, que fará o auxílio”, conclui. Mesmo com o cumprimento das exigências, o comandante Alexander afirma que a operação pode ser interrompida caso a situação seja avaliada como perigosa na ocasião.
Island Escape, último navio a escalar Florianópolis. |
O texto ainda erra ao utilizar o exemplo de Florianópolis em duas ocasiões. De acordo com pesquisa realizada por nós, Florianópolis não recebe escalas de navios de cruzeiro desde a temporada 2008/2009, quando o popular Island Escape fez escala na capital catarinense durante um mini-cruzeiro em março. Desde então a cidade sumiu do mapa dos navios, justamente devido aos problemas operacionais causados pela ausência de um berço de atração. Até 2008/2009, CVC e Island Cruises eram as principais frequentadoras da cidade; a primeira deixou de escalar a cidade após o Mistral ter precisado deixar a cidade antes da hora e passageiros em terra devido à uma tempestade, enquanto a Island despediu-se do Brasil nesta temporada.
Como presidente da Abremar, em 2011, Ricardo Abremar, da Royal Caribbean, chegou a comentar o estado da cidade como escala de cruzeiros. Como publicamos na época, o executivo demonstrou insatisfação com a situação da cidade, que possui um atracadouro inadequado mesmo para os tenders. Para ler a matéria da época, clique aqui.
O consultor da Codern, Fabrizio Pierdomenico, ainda afirmou que os problemas com o terminal não são responsabilidade do órgão para o qual trabalha, apesar de pouco antes ter afirmado que trata-se de uma polêmica infundada já que a prática do transporte por tenders é comum em todo o mundo. Apesar de considerar comum este tipo de operação, Fabrizio jogou a responsabilidade para a o governo do Rio Grande do Norte, que construiu a Ponte Newton Navarro com um calado aéreo pequeno. O consultor, dessa forma, quis isentar a Codern, que apesar de nada ter com a ponte, planejou a localização do novo terminal de cruzeiros, e foi a responsável por todo o planejamento da instalação, realizada com um investimento do Governo Federal.
Vixi, que lambança. Os amigos de Natal estão por fora do assunto.
Concordo totalmente com a posição do blog, como já havíamos conversado anteriormente. Eu fui, como turista, uma das 'vítimas' do mar agitado de Florianópolis e o Mistral nos deixou em terra e foi para Itajaí. A CVC teve de fretar um monte de ônibus o que acarretou atrasos. Achei a atitude certa pois a passagem do tender pro navio no mar do sul acarreta em riscos para nós mesmos.
E volto a repetir: ninguém, nenhum órgão está pensando no turista/passageiro que tem mobilidade reduzida. Eles acham que turista tem que conseguir pular do navio pro tender e do tender pra terra firme. Turista idoso/cadeirante não pode descer. E as cidades daqui do país entra ano e sai ano e não pensam em fazer um berço de atracação. Não é mais lamentável é ridículo.
O Governo devia ficar com boca calada pra nao passar vergonha e falar coisas que nao tem NADA a ver e aceitar a forma mais normal. Agora eles querem complicar colocando em risco os passageiros.
Davi
Uma operacao de tender em Natal acho muito arriscada, pricipalmente pelo vento e tb acho que a area de ancoragem e bem restrita p/ um navio desse tamanho. Sem falar que o canal de entrada do porto e estreito, com pouco de vento faria o capitao nao atracar ou ancorar.