Pela primeira vez no Ocidente, o Norwegian Joy iniciou sua temporada inaugural pelo Alaska no mês passado. Para marcar a ocasião, a Norwegian Cruise Line organizou um cruzeiro especial comemorativo com convidados, agente de viagem, imprensa e parceiros de todo o mundo.
Após deixar um estaleiro em Singapura, o navio seguiu para Seattle (EUA), onde ajustes finais foram feitos a bordo. Depois, partiu, ainda em obras, para Vancouver, no Canadá, onde chegou no final da tarde do dia 25 de abril. No dia seguinte, com todos os trabalhos completados, recebeu o primeiro grupo de passageiros dessa sua nova fase: os convidados do cruzeiro especial.
O Portal WorldCruises.com esteve a bordo e viajou à convite da NCL. Depois de embarcar em Vancouver, passamos três noites a bordo, desembarcando posteriormente em Los Angeles, nos EUA.
Herança Chinesa
O Norwegian Joy foi inaugurado em maio de 2017, após ser construído na Alemanha. Segundo navio da classe Breakaway Plus, foi originalmente projetado para marcar a entrada da Norwegian Cruise Line no mercado chinês.
Seguindo os passos de outros grandes grupos de cruzeiro, a Norwegian Cruise Line quis explorar o novo e lucrativo mercado chines. Para ganhar mercado na Ásia, planejou ter navio novo e customizado na região. Assim, o Joy estreou em Shanghai no verão local de 2017, com diversas características próprias para o mercado local.
Tudo foi pensado para que o hóspede asiático, e principalmente o chinês, pudesse se sentir em casa a bordo. O navio contava, por exemplo, com um ‘jardim formal’ na área da piscina, salas de karaokê, salões de chá e restaurantes orientais.
A aventura asiática da NCL, no entanto, não durou muito. Com a forte concorrência na região e o desaquecimento do mercado doméstico chinês, o projeto da companhia acabou sendo descontinuado.
Em julho de 2018, a companhia anunciou que deixaria o mercado asiático e reposicionaria o navio nos EUA. A NCL anunciou também um investimento de 50 milhões de dólares, para adaptar o navio ao mercado americano e internacional.
Revitalização total
Hoje, a única característica que lembra o passado ‘chinês’ do Joy é a pintura da fênix de em seu casco, de autoria de Tan Ping. Com tons vermelhos e dourados, a arte é uma das mais coloridas e únicas da frota e foi mantida.
Os interiores, no entanto, foram totalmente remodelados e adaptados a seus novos itinerários nas Américas do Norte e Central. No total, 3625 especialistas participaram da reforma que instalou, por exemplo, 83,798 m² de carpetes novo, 2,240 novos lustres e luminárias e quase 2,000 m² de estofamento.
Os restaurantes e áreas públicas foram modificados, passando a contar com conceitos similares aos disponíveis nas outras embarcações da frota. Um navio, em especial, serviu de inspiração para a revitalização: o irmão mais novo do Joy, Norwegian Bliss. Projetado para navegar no Alaska, o Bliss ganhou características especiais para o destino.
Características para o Alaska
Como vai realizar sua temporada inaugural no estado americano, o Joy teve muitas das características do Bliss reproduzidas em seus interiores durante a revitalização. Entre elas, atenção especial para áreas fechadas e envidraçadas, de onde o passageiro pode observar a paisagem externa sem estar exposto ao clima.
O Observation Lounge, na proa, é um dos trunfos para a navegação no Alaska. Com paredes de vidro de dois andares de altura, o lounge está localizado em um dos pontos mais altos do navio e permite vista de 270º do entorno do navio.
Antes da revitalização, o espaço era exclusivo para passageiros de uma determinada categoria de cabine. Agora, é aberto para todos e ainda conta com uma filial da cafeteria Starbucks. Ocupando quase um terço do comprimento do navio, o espaço ainda possui pequenos buffets, onde são servidos lanches e café da manhã mais leve.
O lido Spice H20, presente em outros navios da frota, também foi adaptado ao clima mais frio. Sua área foi reduzida e, em vez de piscina, ganhou uma grande jacuzzi coberta e parcialmente fechada.
O navio conta até mesmo com aquecedores externos, localizados na área da piscina principal.
Além disso, duas áreas diferentes do The Waterfront, a promenade externa da NCL, foram envidraçadas e incorporadas aos ambientes internos. Nelas, funcionam agora o restaurante Food Republic e a cervejaria The District Brew House, ambos com vista panorâmica.
Sinta-se a vontade: Freestyle Cruising
Outra característica do Norwegian Joy é o sistema Freestyle Cruising da Norwegian Cruise Line. Implantado nos anos 90, o sistema é uma espécie de filosofia de vida para a companhia que reflete na oferta de entretenimento e gastronomia a bordo.
O Freestyle prega que o passageiro deve ser livre para fazer o que quiser, quando, como e com quem quiser, além de ter mais opções de entretenimento e gastronomia.
“Temos todos os tipos de cozinha que você pode imaginar”, detalha Andy Stuart, o presidente e CEO da NCL em entrevista. “É como uma grande cidade com vários restaurantes intimistas de estilos e cozinhas diferentes”, completa.
O destaque não está só na variedade, mas na flexibilidade. O passageiro pode fazer suas refeições no horário que quiser, dentro de uma janela pré-definida. Reservas são recomendadas, mas não necessárias. As mesas são sempre individuais, dedicadas apenas aos grupos com os quais o passageiro viaja.
Não há sugestão de traje para os dias a bordo. A sugestão é que o hóspede se vista como deseja e de forma a sentir-se bem consigo mesmo.
O entretenimento segue a mesma receita, além de maior quantidade e variedade, as atrações tem horários flexíveis e livres. Os shows no teatro, por exemplo, são repetidos várias vezes durante um cruzeiro em horários variados para que todos possam assisti-los.
Pista de kart e musical famoso
Um dos grandes destaques do navio é a oferta de entretenimento. O Norwegian Joy conta com atrações únicas, como uma pista de kart com dois decks de altura. “Essa é uma das coisas mais empolgantes que nós já colocamos em um navio de cruzeiro. Temos carros correndo no topo do navio a mais de 50 km/h e a 18 decks do oceano”, disse o CEO da NCL.
Também é destaque o Galaxy Pavillion, atração disponível apenas no Joy que conta com simuladores e videogames. “É uma área com o que há de mais novo em experiências de realidade virtual, que as crianças e os adultos amam”, contou Stuart.
O espaço ainda possui um cinema 4D e conexão direta com o espaço para adolescentes do navio, chamado Entourage.
O teatro do navio apresenta dois shows diferentes durante um cruzeiro típico: a produção própria da NCL ‘Elements’ e o musical da Broadway ‘Footloose’.
“O Elements é um show com estilo de circo, muito bonito e visual. Tem mágica, acrobacia e tudo que você pode imaginar em um show desse tipo. Além disso temos uma produção completa de Footloose”, disse Stuart.
Ainda são destaques o circuito de Laser Tag, espécie de paintball moderno. Em um cenário espacial e à céu aberto, um grupo de passageiros é instruído em uma ‘missão’, na qual irá enfrentar outro grupo de passageiros com armas de laser. O objetivo, é a sobrevivência.
O Joy ainda conta com duas áreas de piscina e um parque aquático com grandes toboáguas. Localizados em um dos decks mais altos, os escorregadores aquáticos contam com áreas transparentes e suspensas nas laterais do navio.
The Cavern Club e bares temáticos
No quesito bares e lounges, o Joy também conta com grande variedade de opções. O grande destaque é o Cavern Club, uma reprodução do mítico bar de mesmo nome de Liverpool. Foi lá que os Beatles e outros músicos famosos iniciaram sua carreira musical.
Com palco, e também uma área externa no Waterfront, o Cavern recebe, entre outras atrações, a banda cover dos Beatles da NCL. Em cada uma de suas apresentações, o grupo toca músicas de diferentes fases da carreira da banda – alternando também o figurino de acordo.
Outro ponto alto é o Sugarcane Mojito Bar, localizado no 678 Ocean Place – a zona de entretenimento da NCL que ocupa os decks 6, 7 e 8. Com pegada latina, o espaço conta com música ao vivo e um cardápio especial de mojitos variados.
Outro espaço temático, a cervejaria The District conta com cervejas feitas a bordo e cardápio variado da bebida. Com vista panorâmica, o local também conta com música ao vivo e ainda possui grandes TVs para a transmissão de eventos esportivos.
No deck 6, duas atrações são voltadas ao entretenimento noturno: o Social e o Maltings. O primeiro é a disco do navio, com balada até altas horas todas as noites, enquanto o segundo é o bar do navio especializado em whisky e destilados. Mais cedo, o Social é também utilizado como palco de apresentações de stand-up comedy.
Vinte opções de refeição
Junto ao entretenimento, o maior destaque do navio é a oferta de restaurantes e lanchonetes. O navio conta com mais de 20 opções, incluindo restaurantes temáticos, cafeterias e salões de jantar tradicionais.
A operação é proporcional ao tamanho do navio: do total de 1,731 tripulantes que trabalham a bordo do navio, o setor, junto ao de bebidas, é responsável por empregar 700 funcionários. “Nossa cozinha principal tem o tamanho de dois campos de futebol, considerando a área de apoio que conta com uma padaria e uma doceria próprias”, disse Wes Cort, vice presidente da Norwegian Cruise Line para alimentos e bebidas.
No total, o navio tem quatro grandes opções incluídas no preço do cruzeiro. Os tradicionais Manhattan Room, Taste, Savor e Garden Café. Enquanto os três primeiros funcionam como os restaurantes principais do navio, abrindo para todas as refeições e operando no sistema à-la-carte, o Garden Café é o buffet self-service de bordo.
Diferentemente de outros navios, no entanto, os restaurantes principais não tem turnos fixos e tem cardápios diferentes.
O grande diferencial do navio, no entanto, são as opções de especialidade – algumas delas incluídas na tarifa do cruzeiro. Uma dessas é o American Diner, inspirada em uma típica hamburgueria norte-americana dos anos 50. Primeiro da frota, o restaurante não tem tarifa extra e serve hamburgers e outras especialidades.
Outro destaque incluído é o The Local, o pub do navio. Localizado no átrio principal, a lanchonete funciona 24 horas por dia e serve hamburgers e outras opções de comfort food, todas preparadas na hora e sem custo adicional.
Restaurantes seguem tendência e se tornam entretenimento também
De acordo com Cort, os restaurantes a bordo de um navio da Norwegian Cruise Line são também uma forma de entretenimento. É o caso do Q Texas Smokehouse, a churrascaria texana do navio. “Em restaurantes como esse, é claro que a comida é a atração principal, mas nós procuramos atingir todos os sentidos dos passageiros”, ele disse.
Para isso, a companhia pensa na iluminação dos espaços, no ambiente e no som, além do sabor e cheiro da comida. No caso específico do Q, há apresentações de música ao vivo dentro do restaurante todas as noites. “Nós temos uma banda de Nashville se apresentando lá. Quando não estão tocando no navio, eles estão tocando lá (no Tennessee). Não tem como ser mais country que isso”, acrescentou Cort.
A Norwegian Cruise Line também busca reproduzir a bordo as características das cozinhas locais de forma autêntica. De acordo com Cort, não basta acrescentar pratos temáticos e típicos aos cardápios, é preciso também reproduzi-los com perfeição. “Nós fazemos as coisas da forma mais autêntica possível, com muita pesquisa e degustação”, ele disse.
Além do Q, os restaurantes temáticos de especialidade do Joy incluem o francês Le Bistro, o italiano La Cucina e o Teppanyaki. Outras opções são a churrascaria Cagney’s e o Ocean Blue, especializado em frutos do mar, bem como o Food Republic.
Outras atrações e The Haven
Além das opções citadas de entretenimento e gastronomia, o Norwegian Joy ainda conta com atrações ‘comuns’ em navios de cruzeiro. Casino, estúdio de fotografia, diversas lojas, spa e minigolfe são algumas dessas atrações a bordo da embarcação. O navio ainda possui uma biblioteca, salão de jogos, salas de reunião, um internet café e um salão de beleza.
Já aqueles que buscam uma opção mais exclusiva e luxuosa, a Norwegian Cruise Line oferece o The Haven. Também disponível no Norwegian Joy, a categoria de cabines trabalha o conceito ‘navio dentro do navio’, com áreas exclusivas para seus passageiros.
Quem viaja nessas suítes tem acesso, não só a tudo oferecido pelo navio, como também a um restaurante exclusivo com comida de alto padrão e a uma área de piscina própria. A área privada ainda inclui um lounge panorâmico, uma biblioteca, um solário e um segundo lounge.
Além disso tudo, o Haven tem cabines diferenciadas, com suítes que chegam a ter três dormitórios separados.
Roteiros definidos até o final de 2021
O novo Norwegian Joy estreou no Alaska em maio, mas já tem seus roteiros definidos até meados de 2021. Partindo de Seattle, o navio permanece no estado americano até setembro, quando migra para uma região mais quente.
Em outubro e novembro, realiza cruzeiros pelo Caribe e pelo Canal do Panamá, com embarques em Los Angeles e Miami.
Do final de novembro a janeiro, o navio permanece na Costa Oeste dos EUA, partindo de Los Angeles para a Riviera Mexicana semanalmente. O itinerário inclui escalas em Cabo San Lucas, Mazatlán e Puerto Vallarta.
Nos dois meses seguintes, volta a navegar entre o Canal do Panamá e o Caribe, alternando embarques em Miami e Los Angeles.
Antes de retornar ao Alaska, no final de abril de 2020, o Joy ainda realiza novos cruzeiros rumo à Riviera Mexicana partindo da Califórnia. Mais uma vez partindo de Seattle, o navio viaja semanalmente ao maior estado dos EUA, em roteiro que escala Ketchikan, Juneau e Icy Strait Point, bem como Victoria, no Canadá.
Posteriormente, ao encerrar sua temporada na região em outubro, o navio realiza sua primeira temporada completa no Caribe. Partindo de Miami, o Norwegian Joy realiza cruzeiros de 5 a 7 noites pelo Caribe Ocidental e Oriental. A estação na Flórida e América Central começa em novembro de 2021 e vai até abril de 2021.
A partir de maio de 2021, o Joy explora novas águas, realizando temporada inaugural na Costa Leste dos EUA. Com embarque em New York City, o navio viaja para as Bermudas bem como o Canadá e Nova Inglaterra.
Para ver nosso álbum com interiores do Norwegian Joy, clique aqui.
Texto e Imagens (©) Copyright Daniel Capella