Após anos de capacidade reduzida no país, a Costa Cruzeiros tem grandes planos para o mercado brasileiro.
“Nós queremos recuperar o tempo perdido. Mesmo com todas as dificuldades e complicações da pandemia, nós decidimos trazer para a temporada 2021/2022 o Costa Diadema, o maior navio a viajar pela região em nossa história de 74 anos”, disse, em entrevista exclusiva, o Presidente Executivo da Costa Cruzeiros para América do Sul e Central, Dario Rustico.
Marcada para começar no próximo mês de novembro, a próxima estação local deve ser de ainda mais crescimento, com a estreia de um navio ainda maior – o Costa Firenze.
Construída em 2020, a embarcação vem ao país pela primeira vez, tomado para si o título que atualmente pertence a seu companheiro de frota.
Com capacidade para quase 4.500 passageiros em ocupação dupla, o Firenze terá ainda a companhia do Costa Favolosa e do Costa Fortuna.
Juntas, as três embarcações realizarão a maior temporada brasileira em dez anos, oferecendo embarques em Santos, Salvador, Rio de Janeiro e Itajaí até meados de abril de 2023.
Plano estratégico de longo prazo
De acordo com Rustico, a operação é parte de um plano de longo prazo para a região. “O Brasil nunca esteve tão forte na estratégia da Costa como nos últimos dez anos”, disse.
Ainda de acordo com o executivo, a temporada 2022/2023 culmina um trabalho iniciado em 2016. Na ocasião, a Costa começou a crescer gradualmente suas operações locais.
“Inicialmente nós acrescentamos mais dias à programação local, crescendo a temporada a cada ano”, explicou.
Segundo Rustico, com os acréscimos, a estação local chegou a ganhar três meses adicionais em um período de apenas três anos.
Em 2019, a Costa anunciou planos para uma nova fase de crescimento, com a intenção de voltar a operar três navios em águas brasileiras simultaneamente a partir da temporada 2020/2021.
A pandemia, no entanto, acabou adiando os planos da companhia, com o cancelamento total da estação.
Após mais de dois anos de ausência, a Costa só conseguiu retomar operações no Brasil no final de 2021, em temporada ainda afetada pelas restrições da COVID-19.
Desafios e GNL
Acrescentando ainda mais capacidade ao mercado local, a Costa havia originalmente anunciado a vinda do Costa Toscana ao Brasil na temporada 2022/2023. Movida a GNL, o gás natural liquefeito, a embarcação tem capacidade para cerca de 5.250 hóspedes em ocupação dupla.
O navio, no entanto, acabou sendo substituído pelo Costa Firenze alguns meses depois.
Na ocasião, a companhia citou acontecimentos mundiais e as incertezas geradas no mercado energético como razões para a troca.
A decisão veio após uma análise de risco, revelou Rustico.
“No momento que estourou uma guerra que impactou, e ainda vai impactar, de uma maneira muito importante o mercado de energia e gás, nós não quisemos correr o risco de ter problemas lá na frente”, explicou.
Assim, a troca teve como objetivo “assegurar” a vinda de três navios.
“Foi uma precaução, vivemos anos incertos e nossos parceiros e passageiros enfrentaram muitas incertezas”, disse Rustico, citando o cancelamento completo da temporada 2020/2021 e a interrupção da temporada 2021/2022.
Enquanto o GNL não está atualmente disponível para abastecimento de navios no Brasil, de acordo com ele, a companhia já havia assinado um contrato com um fornecedor estrangeiro.
Através da parceira, o combustível ia ser entregue ao Costa Toscana no Porto de Salvador, com intervalos de duas semanas.
“É uma operação que nunca foi feita no Brasil e nós temos a intenção de realizá-la no próximo ano”, acrescentou o executivo.
Smeralda, Toscana e infraestrutura
Adiantando os planos da companhia para futuras temporadas, Rustico disse que os navios da Classe XL – que incluem o Costa Toscana e o Costa Smerelda – estão destinados a operar no Brasil.
“É um objetivo e uma estratégia da companhia”, disse ele sobre a chegada das embarcações ao litoral nacional.
Após trabalhar para a Costa Cruzeiros em diversas posições ao redor do mundo – com passagens pela China, Austrália, Índia, América do Norte e Mediterrâneo – o executivo vê um conjunto de condições favoráveis únicas no ´Brasil.
Ainda que o país ofereça uma “importante oportunidade comercial e de desenvolvimento”, é preciso mais dar mais atenção a infraestrutura, salientou Rustico.
“Neste momento, o país tem a oportunidade de planejar enquanto olha para o futuro”, disse.
“Estou também falando de sustentabilidade. Infraestrutura não significa apenas dar aos passageiros qualidade e segurança, mas também criar sistemas que permitem abastecer um navio de cruzeiro de diferentes formas”, explicou.
É preciso entender quais são as necessidades dos navios do futuro, ele acrescentou, “não apenas em relação a tamanho e passageiros, mas também em energia e abastecimento”.
Isso será fundamental para acompanhar os objetivos da indústria de cruzeiros, ele disse, notando que as companhias irão “cortar as emissões pela metade a cada ano”.
Custos operacionais e mais portos
Outro ponto importante é o custo operacional, que precisa ser mais competitivo em relação a outros países, disse Rustico.
“Outras regiões do mundo também querem navios, incluindo o Mar Vermelho, o Oriente Médio, o Caribe, o Mediterrâneo e o Sudeste Asiático”, acrescentou.
O Brasil ainda precisa de mais destinos e portos.
“Com mais destinos, poderemos criar itinerários que requeiram menos consumo de combustível – o que não é apenas uma questão de custo, mas também de impacto ambiental e sustentabilidade”, disse o executivo.
Ainda de acordo com ele, criar nova infraestrutura e portos irá permitir ao país crescer “de forma sustentável, dependendo menos de apenas um local”.
“Hubs” regionais
A operação atual da Costa Cruzeiros para o Brasil conta com uma estratégia pautada por “hubs” regionais, Rustico detalhou.
Atualmente, a companhia utiliza quatro portos de embarque no país. Além de Itajaí servindo os passageiros do Sul, Salvador serve os hóspedes do Nordeste.
Enquanto isso, Santos e Rio de Janeiro tem localização central e servem diferentes propósitos, disse o executivo.
Enquanto o primeiro serve de porto para São Paulo, o maior e mais rico estado o país, o segundo serve como referência para utilizam parte aérea antes de embarcar.
“É um hub mais internacional, com aeroportos perto do porto. Há também boa conectividade com o Brasil, a América Latina e o resto do mundo”, ele explicou.
No futuro, o Porto de Manaus pode ser incorporado na estratégia da companhia, se tornando um quinto porto base no país.
A capital do Amazonas já recebeu navios da Costa em operações de longo curso, como cruzeiros de volta ao mundo, mas não costuma ser visitada pelas embarcações que realizam a temporada local.
“É outra região potencial para os cruzeiros, com o Rio Amazonas”, disse Rustico, notando que o porto serviria os hóspedes da região Norte.
“Precisamos sentar e conversar, criar um plano estratégico de médio e longo prazo com as autoridades locais”, acrescentou ao comentar problemas de infraestrutura e desenvolvimento da cidade.
“Conectividade e acessibilidade, aliadas a valor para o dinheiro. Isso foi o que desenvolveu a indústria dos cruzeiros nos últimos 20, 30 anos. Nós estamos trazendo essa estratégia para o Brasil também”, completou Rustico.
Texto (©) Copyright Daniel Capella / Imagens (©) Copyright Daniel Capella, Fincantieri e Costa
Manaus boa ideia.
Manaus boa ideia , assim podemos conhecer uma outra parte do Brasil.
Eu gostaria de saber como ficam os passageiros cujo Cruzeiro foi cancelado e continuam pagando!! Acredito que merecem atenção do Presidente do Costa !?
Alguma previsão de retirarem a obrigatoriedade de teste para vacinados?