MSC Lirica deixa o Ocidente pra trás em 2016 |
A MSC Crociere confirmou ontem na imprensa internacional que operará o MSC Lirica a partir de Shangai para cruzeiros destinados ao público chinês. Com duração entre 3 e 11 noites, os roteiros serão comercializados em parceria com o CAISSA Touristic Group, um dos maiores operadores de viagens do país asiático, e acontecerão até, pelo menos, maio de 2018. A novidade deve impactar a temporada 2016/2017 no Brasil e América do Sul.
Após anunciar que o MSC Lirica fará um roteiro único entre o Rio de Janeiro e Shangai, na China, a MSC Crociere confirmou que irá operar no mercado chinês a partir de 2016. A companhia italiana fez um acordo com um operador de turismo chinês, o CAISSA Group, e operará cruzeiros voltados ao público local durante, pelo menos, 24 meses.
Segundo os italianos, o CAISSA será o responsável primário pelas vendas dos cruzeiros, que terão entre 3 e 11 noites, mas estes também serão comercializados pela própria MSC e por outras agências de viagem chinesas com as quais a MSC já tem relacionamento. A companhia italiana mantém um escritório na China desde 2010, empregando hoje 50 funcionários, que até então comercializavam os roteiros na Europa operados por sua frota.
Recém-reformado e ampliado (entrou hoje em estaleiro para intervenção de três meses), o Lirica terá toda a comunicação com os passageiros feita em mandarim. A companhia também aproveitará a própria reforma para adaptar o navio para o mercado local.
“Nós selecionamos o Lirica como o navio a ser customizado para o mercado. Ele acabou de entrar em doca-seca, como parte do nosso programa de 200 milhões de euros Rinascimento, e remodelando o navio, nós vamos fazê-lo o mais adequado possível ao mercado, e com os requerimentos que nós definimos como pontos positivos para o chinês. Haverá um mix (…) baseado nas nossas raízes mediterrâneas, com uma forte customização chinesa”, disse Gianni Onorato, CEO da MSC Crociere.
“Começando com a tripulação, mais de 30% falará mandarim”, continuou Onorato. “Nós já temos um bom número de chineses que trabalham em nossos navios, e transportamos mais de 20,000 chineses na Europa. Com tudo isso, ainda abriremos um centro de treinamento (de tripulantes) em Shangai”, completou.
O Lirica já na doca seca de Palermo para a intervenção |
O CEO ainda disse que detalhes adicionais da operação serão anunciados em outubro deste ano. Durante a coletiva, o executivo ainda adereçou os planos para o futuro de sua companhia na China, especialmente depois do final do acordo com o CAISSA. “Quando você começa algo assim é por que você quer estar por lá – então, com nosso sentido de ambição, você pode esperar que continuemos crescendo no mercado,” disse ele quando questionado a esse respeito.
“A China é parte da nossa estratégia global,” disse ele. “(Essa novidade) vem juntamente a nossa presença em Cuba, novos itinerários no Sul do Caribe com novos portos de embarque em Barbados e Martinica, enquanto edificamos (nossa presença na) América do Norte, preparando a chegada do novo Seaside (o navio), e mantendo nossas posições na América do Sul, África do Sul, e no Oriente Médio e Abu Dhabi.”
“A China é passo adicional na implementação da estratégia global da MSC baseada em nossas raízes mediterrâneas, mas com customização local”, completou.
Como a entrada da MSC no mercado chinês influencia sua no Brasil
Assim como ocorreu com a Royal Caribbean International e a Costa Crociere, a entrada da MSC no mercado chinês é uma notícia negativa para o mercado de cruzeiros brasileiro. O principal motivo para isso, é a perda de tonelagem (navios) para o país asiático. Navios que poderiam vir para a temporada sul-americana passam a ser dedicados ao mercado chinês.
Muitas vezes sem inaugurar quantidade de navios suficiente para repor no ocidente a oferta colocada no oriente, as companhias acabam deixando de lado mercados domésticos secundários que são menos lucrativos, categoria na qual o Brasil se encontra atualmente.
Costa Victoria, um dos navios da Costa que agora navega exclusivamente na Ásia |
A Costa Crociere é o caso mais simbólico, entre 2012 e 2016 terá passado quatro navios para o mercado chinês (Costa Victoria, Costa Atlantica, Costa Serena e Costa Fortuna), ao passo que inaugurou apenas duas novas embarcações para o ocidente (Costa Diadema e Costa Fascinosa). Nesse mesmo período, a oferta em cruzeiros no Brasil despencou, de quatro navios em 2012/2013, para apenas dois (em temporada curta) em 2015/2016. Os efeitos do aumento chinês foram sentidos mesmo no Mediterrâneo, onde a marca italiana perdeu a liderança.
Ao elaborar seus roteiros e destinar navios para determinados destinos, as companhias levam em consideração diversos fatores, alguns dos principais são a lucratividade, e as condições de operação. Enquanto a América do Sul oferece lucratividade significantemente mais baixa em relação à qualquer destino ao redor do mundo, e condições de operação desafiadoras, a China tem se provado um mercado promissor, com alto lucro, e apoio governamental para as companhias.
O contrato de 24 meses com o CAISSA, e a operação year-round (de ano todo) na China devem acarretar mudanças para a temporada 2016/2017 da MSC no Brasil. A companhia não esclareceu se o navio que operará na Ásia será sempre o Lirica – que estava previsto para a América do Sul até então. Entretanto, sem a entrada de novos navios na frota até março de 2017, certamente um dos destinos visitados pela companhia durante a temporada de inverno boreal perderá em oferta, mesmo que se escolha dedicar outro navio para os chineses.
MSC Opera pós ampliação |
A companhia tinha anunciado inicialmente que teria no Brasil em 2016/2017 o MSC Preziosa (com roteiros de Santos a Salvador), o MSC Musica (fazendo Prata desde Santos), o MSC Lirica (mini-cruzeiros também com embarque em Santos), o MSC Opera (embarcando no porto do Rio de Janeiro), e o MSC Orchestra (para cruzeiros desde Buenos Aires). Veja mais detalhes em matéria nossa da época, neste link.
Com a entrada do MSC Meraviglia em operação em 2017, comenta-se na Itália que o MSC Fantasia passe a navegar também na China. O navio original da classe Fantasia estará no Oriente Médio durante a temporada 2016/2017 e seguiria diretamente para a China após a temporada por lá, que termina em meados de março. Atualmente, o último roteiro previsto para o navio é um cruzeiro de sete noites com ida e volta a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em 11 de março de 2017.
Texto (©) Copyright Daniel Capella, com informações de Cruise Industry News.
Imagens (©) Copyright Daniel Capella e MSC.
Imagens (©) Copyright Daniel Capella e MSC.