Publicado originalmente em 22 de maio de 2013, às 20:20.

Um navio novo, recém saído do estaleiro que o construiu, mas que quando realizou seu primeiro cruzeiro já tinha mais de cinco anos. Este é o Pearl Mist, da Pearl Seas Cruises, uma subsidiária da American Cruise Line.

Com capacidade para 210 passageiros, o pequeno navio de cruzeiros de 5,109 toneladas opera, cruzeiros costeiros pelo Canadá e Nova Inglaterra, e pelos Grandes Lagos, a partir do Rio São Lourenço. O navio opera desde 2014, após ser finalizado em Maryland, nos EUA, no final de 2013.

De construção canadense, o Pearl Mist foi encomendado por sua companhia em 2006, ao custo de mais de 43 milhões de dólares. Tratava-se do primeiro navio da Pearl Seas, que planejava iniciar suas operações em 2009. A construção começou já em 2007, com o navio sendo lançado em março de 2008. O estaleiro encarregado era o Irving Shipbuilding, de Halifax, na Nova Escócia.

A maior parte dos contratos firmados entre armadores e estaleiros prevê condições bastante específicas para a construção dos navios – que são propriedade do estaleiro até o final da construção. Se o armador não concordar com a embarcação que lhe for apresentada, os contratos costumam prever a recusa do produto.

Foi exatamente o que aconteceu com o Pearl Mist. Inicialmente, a Pearl Seas recusou o navio, que seria entregue no prazo pelo Irving. As disputas entre o estaleiro e armador, que culminaram com a recusa, já haviam começado em 2007. Segundo o Baltimore Sun, cinco meses após o início da construção, executivos de ambas as empresas já se desentendiam quanto ao design do navio e a qualidade do trabalho do Irving.

No fim, a alegação da Pearl Seasfoi de que o Mist não atendia às recomendações dos órgãos de regulamentação. Assim, naturalmente, não estava de acordo com o que havia sido acordado entre as partes no contrato de construção. A companhia apresentou pelo menos 70 itens defeituosos e reprovou o navio nos testes de mar. Segundo o armador, havia problemas de vibração, barulho, falhas de design e deficiência nos sistemas de ventilação e aquecimento.

O estaleiro refutou as acusações, dizendo ter seguido o contrato à risca. Com milhões de dólares em jogo, a briga entre as empresas passou a acontecer nos tribunais dos EUA e Canadá. Um acordo só foi atingido cerca de 4 anos depois. Nele, tanto o estaleiro como o armador concordaram em ceder em alguns pontos, para que o navio fosse finalmente finalizado e entrasse em operação.

Ficou decidido, que o navio receberia alguns trabalhos finais no Irving, antes de seguir para um estaleiro da própria Pearl Seas, em Maryland, nos EUA, onde teria sua construção finalmente finalizada. Desde que sua entrega havia sido rejeitada, o navio permeneceu atracado no estaleiro, sem uso.

Final Feliz – 5 anos depois

Pearl Mist deixa o porto de Fort Lauderdale, na Flórida

Em 2013, mais de quatro anos depois, o Peal Mist foi finalmente entregue, entrando oficialmente na frota da Pearl Seas. O navio deixou o Irving, e chegou em 29 de Abril daquele ano no Chesapeake Shipbuilding. Lá, recebeu mobília, decoração e equipamentos antes de entrar em operação.

Seu primeiro cruzeiro partiu em 28 de Junho de 2014, e visitou a região dos grandes lagos, na fronteira entre os EUA e Canadá. Acabou, no entanto, ficando pronto ainda em 2013. “Conseguimos finalizá-lo entre Setembro e Outubro”, disse o CEO da Pearl Seas, Charles Robertson.

Robertson, que também preside a American Cruise Line, mostrou satisfação com o final da história mesmo que com todo o atraso.

Antes da temporada inaugural de 2014, a companhia teve de cancelar cinco temporadas completas. Por vezes, foi necessário até mesmo devolver o dinheiro a passageiros que já haviam feitos reservas. “Nós concordamos com o que achamos que era aceitável (em relação ao estaleiro). Obviamente, entretanto, estamos muito desapontados com o fato de não ter sido possível aceitar o navio (no prazo) como planejávamos” completou.

Em sua temporada ‘inaugural’, o navio realizou cruzeiros com duração de 7 a 11 noites. Entre os destinos visitados, cidades como Quebec, Newport, Bar Harbour, Martha’s Vineyard, Prince Edward Island, Halifax e o fiorde Saguenay. Nos anos seguintes, o navio voltou a realizar itinerários nos Grandes Lagos, bem como na Nova Inglaterra.

Posteriormente, passou a operar também a partir do sul da Flórida, com roteiros rumo a Cuba.

O Pearl Mist promete um produto mais luxuoso que o de sua matriz, a American Cruise Line (ACL). Tradicional companhia de cruzeiros norte-americana, a ACL opera diversos navios em cruzeiros fluviais do país, além de destinos oceânicos como a Califórnia e o Alaska.

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