Após cancelar seus cruzeiros até novembro, a Pullmantur Cruceros entrou em recuperação judicial sob as leis de insolvência da Espanha. A marca, que é uma joint-venture do grupo Royal Caribbean e da Cruise Investment Holdings, pode deixar de existir após o processo.
De acordo com o portal Cruise Industry News, a frota da companhia está tendo seus interiores desmontados. Os tripulantes ainda a bordo removem itens de valor e equipamentos de navegação, segundo fontes.
Em comunicado, a Pullmantur afirmou que o impacto sem precedentes da pandemia de COVID-19 levou à recuperação. “Apesar do grande progresso feito para atingir uma reviravolta em 2019 e a melhor dedicação de nossos funcionários, os obstáculos causados pela pandemia são muito grandes para a Pullmantur enfrentar sem uma reorganização”, disse o conselho de diretores da companhia.
Formada nos anos 2000, a Pullmantur foi comprada pelo grupo Royal Caribbean em 2006. Dez anos depois, os norte-americanos venderam o controle acionário da marca para o grupo de investimentos espanhol Springwater Capital LLC. Os investidores criaram então a Cruise Investment Holdings para administrar a companhia, com o desafio de fazê-la voltar a dar lucro após seguidos resultados negativos.
Com enxugamento de oferta, otimização de frota e reorganização interna, os resultados estavam começando a surgir. Como pontuam os diretores no comunicado reproduzido acima, a Pullmantur teve um bom 2019 e deveria voltar a ampliar a frota em 2021, com um navio da Royal Caribbean International.
Sovereign, Monarch e Horizon
Atualmente, a Pullmantur conta com três navios sob sua bandeira. O Sovereign é o maior e mais antigo. Inaugurado em 1988, tem capacidade para cerca de 2,800 passageiros em ocupação máxima. Ligeiramente menor, o gêmeo Monarch (foto) também é parte da frota e foi inaugurado em 1991. Ambos foram construídos para a Royal Caribbean International na França.
Completa a frota o Horizon, embarcação construída para a Celebrity Cruises no começo dos anos 1990. Com capacidade para cerca de 1,450 passageiros, é gêmeo do Zenith, que navegou para a Pullmantur entre 2007 e 2020.
Sovereign e Monarch encontram-se em Nápoles, na Itália, onde supostamente passam por desmonte de interiores. Se confirmada, a operação deve preceder o desmanche completo dos navios.
O Horizon, enquanto isso, é o único navio da empresa que segue em operação. Sem passageiros, encontra-se no momento em missão de repatriação de tripulantes na costa da Índia.
Reservas canceladas poderão ser transferidas para Royal Caribbean e Celebrity
Os passageiros que tiveram suas viagens canceladas devido à pandemia e receberam créditos de cruzeiro futuro, poderão utilizá-los em outras marcas do grupo Royal Caribbean. Além da Royal Caribbean International, o grupo inclui a Celebrity Cruises, a Silversea Cruises e a Azamara Cruises.
Mais detalhes da proposta serão revelados em breve.
A Pullmantur Cruceros costuma realizar roteiros no Mediterrâneo, Norte da Europa e Caribe. Tradicionalmente, um de seus navios fica baseado no Adriático, com roteiros entre a Itália e a Grécia, enquanto outro navega no Mediterrâneo Ocidental, com partidas de Barcelona.
Uma terceira embarcação realiza itinerários no Báltico e Fiordes Noruegueses, enquanto outra faz cruzeiros no Caribe durante todo o ano. Muito populares, estes últimos partem principalmente de Cartagena, na Colômbia, e visitam destinos no Caribe Sul.
Desde a temporada 2018/2019, a Pullmantur também oferecia cruzeiros pelos Emirados Árabes, partindo de Dubai.
Temporada no Brasil ameaçada
Operando no sistema all-inclusive, a companhia também tem tradição no Brasil, onde navega desde 2003. Apesar de ter encerrado a operação própria no país em 2016, a Pullmantur segue atuando no Brasil através de sua histórica parceira no país, a CVC.
Para a próxima estação brasileira, a Pullmantur pretendia realizar mini-cruzeiros com o Sovereign, partindo dos portos de Santos e Rio de Janeiro bem como Recife e Salvador. As viagens começam já nos primeiros dias de dezembro, seguindo até meados de março de 2021.
Com a insolvência da companhia e o possível desmonte dos navios, a operação está agora ameaçada. Consultada por nós, a CVC informou que quem tinha viagem marcada para o navio será reacomodado em navios de outras companhias ou receberá crédito junto à empresa.
Anteriormente, a CVC havia nos informado que ia congelar novas reservas para os cruzeiros, devido à pandemia de COVID-19.
Veja nota oficial e mais informações sobre o cancelamento das vendas:
Temporada brasileira: CVC suspende venda de cruzeiros do Soberano
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