Um navio patrulha da Guarda Costeira da Venezuela afundou após colisão com um navio de cruzeiro no Sul do Caribe. Fora de serviço, o RCGS Resolute abalroou o Naiguatá (GC-23) por volta da 00h45 da última segunda-feira, dia 30 de março. 

O incidente aconteceu à norte da Ilha de Tortuga, que fica 181 quilômetros a nordeste de Caracas. De acordo com comunicado do Ministério da Defesa da Venezuela, o impacto causou o naufrágio do Naiguatá, que realizava um procedimento de controle de tráfego marítimo. 

O ministério venezuelano classificou a manobra do navio, que tem bandeira portuguesa, como covarde e criminosa. Ainda de acordo com o país sul-americano, o Resolute não prestou socorro à tripulação do navio patrulha, desrespeitando códigos internacionais. 

Apesar disso, os tripulantes foram resgatados com vida pela Marinha da Venezuela. Já o Resolute apresentou apenas danos superficiais, seguindo para Curaçao, onde atracou na manhã de terça-feira. 

Naiguatá em seus testes de mar, em 2009

Construído na Espanha, o Naiguatá tinha tripulação de 44 pessoas e foi entregue ao governo da Venezuela em 2009. 

O Ministério da Defesa da Venezuela ainda afirmou que irá entrar com ações legais correspondentes contra o Resolute. 

Navio venezuelano causou acidente, diz jornal português

Dano à proa do Resolute, em foto de o Observador

Citando fonte conhecedora do sucedido, o Expresso afirma que as circunstâncias em que o Naiguatá naufragou são diferentes das apresentadas pela Venezuela.

De acordo com o jornal português, o navio venezuelano que se aproximou do Resolute, dando tiros para o ar e tentando empurrar o navio de bandeira portuguesa para águas venezuelas na madrugada de segunda-feira.

Antes, as autoridades tinham entrado em contato com o navio de cruzeiro, questionando a presença da embarcação no local. Ainda que estivesse em águas internacionais, o Resolute navegava muito próximo ao mar territorial venezuelano. 

Também de acordo com o Expresso, o navio comunicou que realizava manutenção em seus motores, prevendo voltar a navegar rumo a Curaçao em um prazo de seis horas. 

O Resolute acabou virando o Naiguatá, em colisão que provocou danos a sua proa. 

RCGS Resolute tem tripulação ucraniana e não faz cruzeiros desde outubro

Navio foi projetado para expedições e realizava temporadas nas zonas polares

Apesar da bandeira portuguesa, o RCGS Resolute tem tripulação totalmente ucraniana e é propriedade de uma empresa alemã. Construída em 1993, a embarcação tem capacidade para cerca de 185 passageiros e costuma navegar no Ártico e Antártica. 

Projetado para cruzeiros de expedição, o navio estava fretado pela canadense One Ocean Expeditions desde 2018. A empresa, no entanto, encerrou suas operações no final de outubro, após encontrar dificuldades financeiras. 

Na ocasião, o Resolute era o único navio operado pelos canadenses e acabou arrestado na Argentina devido a dívidas. Iniciando uma temporada pela Antártica, o navio estava em Puerto Madryn quando não conseguiu reabastecer e acabou retornando a Buenos Aires para desembarcar seus passageiros, que foram deixados à sua própria sorte na capital argentina. 

Desde então, a embarcação ficou imobilizado no porto da cidade, aguardando uma decisão sobre seu futuro. Enquanto a One Ocean buscava um parceiro para voltar a operar, os proprietários do navio o ofereceram a outros operadores. 

Antes de ser utilizado pela One Ocean, a embarcação se chamava Hanseatic e navegava sob a bandeira da companhia alemã Hapag-Lloyd. 

Após mais de 4 meses atracado, o Resolute deixou Buenos Aires na noite do dia 5 de março, seguindo rumo ao norte. Pelo sistema de AIS, a embarcação não informava um destino

Texto (©) Copyright Daniel Capella / Imagens (©) Copyright Gilmar Nazaré Guedes Leal, GFDL, Observador e One Ocean

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *