Com futuro ameaçado, Empress of the Seas completa 30 anos em operação

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Pullmantur
Empress, um dos antigos navios da Pullmantur

Há pouco mais de 30 anos, o Empress of the Seas partia em cruzeiro inaugural no Caribe. Então chamado Nordic Empress, o navio foi batizado pela cantora Gloria Estefan no Porto de Miami, no dia 22 de Junho de 1990. 

Com 211 metros de comprimento, é um dos poucos navios de cruzeiro modernos a não contar com nenhum gêmeo. Suas 48,563 toneladas brutas, o colocam hoje como um navio relativamente pequeno. Mas nem sempre foi assim…

De porte médio para a época, conta com capacidade para pouco mais de 1,600 passageiros em ocupação dupla. Projetado para mini-cruzeiros, entrou em operação para a Royal Caribbean, mas havia sido encomendado por outra companhia de cruzeiros. 

Future Seas

Previsão artística de como o navio teria sido se o projeto do Future Seas tivesse sido levado a frente. A imagem é da coleção de Sea4me

Fundada quatro anos antes da inauguração do Empress, a Admiral Cruises surgiu da fusão de três companhias de cruzeiro de pequeno porte. Baseadas nos EUA, as empresas operavam navios pequenos, com idade média de 30 anos. Após juntar forças, pretendiam aumentar sua presença no mercado com a construção de novas embarcações. 

Nesse contexto, o navio que viria a ser o Empress foi encomendado aos estaleiros Chantiers de l’Atlantique em 1988. Com projeto arrojado e inovador, foi originalmente batizado Future Seas e deveria competir diretamente com as grandes do setor, na época Premier, Carnival e Royal Caribbean, em cruzeiros de fim de semana a partir da Flórida. 

A expansão, no entanto, chamou a atenção de uma das concorrentes, a então chamada Royal Caribbean Cruise Line. As empresas tinham acionistas em comum, e em 1987, decidiram combinar suas operações. A negociação foi concluída no ano seguinte, com a Admiral mantida como marca independente até 1992. 

O Future Seas, porém, nunca chegou a entrar em operação por seus proprietários originais. Ainda em estaleiro, foi transferido para a frota da Royal Caribbean, que,  eventualmente, se tornaria a segunda maior companhia de cruzeiros do mundo.

A empresa, inclusive, ainda transferiu para a sua frota um outro navio que marcaria época no Brasil alguns anos depois. Renomeado Viking Serenade, o então Stardancer operou para a marca norte-americana até 2002, quando foi transferido para a Island Cruises, e se tornou o famoso Island Escape. 

Nordic Empress

Na época, a companhia ainda não havia adotado a prática de nomear seus navios com o sufixo ‘of the seas‘, e, assim, trocou o nome da embarcação para Nordic Empress. Além do novo nome e cores, o Future Seas foi alterado para ganhar características típicas da Royal Caribbean, como o Viking Crown Lounge e o Windjammer Café. 

As mudanças ao projeto base do navio, no entanto, foram mínimas. A embarcação era tão avançada para a época, que já se encaixava bem na já inovadora frota da Royal Caribbean.

A companhia não só manteve o projeto como também incorporou, mais tarde, alguns elementos projetados pela Admiral para o Empress em seus futuros navios. A classe Vision, por exemplo, herdou diversas características do projeto, misturadas com elementos da classe Sovereign, que então tinha os três maiores navios de cruzeiro do mundo. 

Primeiro navio projetado para especificamente para cruzeiros curtos

Um dos grandes diferenciais do design é sua especificação. O Nordic Empress foi o primeiro navio padrão construído com a realização de mini-cruzeiros em mente. Para a Royal Caribbean, essa característica caiu como uma luva.

Enquanto inaugurava os colossos da classe Sovereign para cruzeiros longos, a companhia pôde dedicar o Empress para cruzeiros curtos desde sua inauguração. Em seus primeiros anos, o navio realizou apenas viagens de 3 e 4 noites com destino às Bahamas.

Sempre partindo de Miami, a casa da Royal Caribbean, o navio visitava Freeport, em Grand Bahama, Nassau, em New Providence, e uma novidade: a exclusiva CocoCay. A ilha privada, inclusive, também foi uma herança da aquisição da Admiral Cruises. Hoje amplamente conhecido como destino exclusivo da Royal Caribbean, o local foi cedido à administração da Admiral em 1985 como Little Stirrup Cay.

Casino, átrio e restaurante amplos

Destaques do projeto, em anúncio da Admiral Cruises de 1988. A imagem é da coleção de LinerRich

A bordo, o Empress trouxe diversas inovações, entre elas o primeiro salão de jantar panorâmico em dois andares. Localizado na popa, o grande restaurante conta com paredes de vidro, um grande vão aberto e capacidade para atender mais da metade dos passageiros ao mesmo tempo. Até os dias atuais, é reconhecido como um dos maiores e mais chamativos restaurantes em navios de cruzeiro. 

O navio ainda introduziu um casino em três decks, algo que também segue único até os dias atuais. Batizado Casino Royale, assim como todos os casinos da Royal Caribbean, o espaço se expande por dois decks, com um vão aberto central que conta com um mezanino. 

O restaurante Miramar, com sua vista panorâmica para a popa. Ainda hoje, um dos maiores salões de jantar a bordo de um navio de cruzeiro. Foto © Daniel Capella

O átrio principal, batizado Centrum, conta com um vão aberto de 9 decks, coroados com cobertura de vidro. O espaço também está entre os primeiros do tipo em navios e conta com elevadores panorâmicos e um diferencial: uma fonte vertical que se integra à decoração e conta com queda de alguns andares. 

Outras atrações incluem um teatro em dois decks e uma seleção de sete bares e lounges, além de duas piscinas, cinco jacuzzis e ampla área ao ar livre. O Empress ainda introduziu a primeira disco de dois decks da frota da Royal, com seu panorâmico Viking Lounge. 

Cabines pequenas, varandas e ausência de academia

Uma das diminutas cabines externas do navio. Essa, em específico, tem capacidade para até quatro hóspedes, com camas retráteis. Foto © Daniel Capella

O projeto, no entanto, também conta com pontos negativos. Devido à intenção de operar cruzeiros curtos, a Admiral decidiu usar cabines consideravelmente pequenas. As acomodações são bem menores que a média do mercado. Boa parte, no entanto, já foi projetada com varandas, um grande diferencial para a época.

Para a Royal Caribbean, as cabines pequenas se encaixavam em sua estratégia da época, de incentivar o passageiro a passar mais tempo nas áreas públicas do que nas acomodações. 

A Admiral ainda deixou de criar uma área própria para spa e bem-estar, apesar de o navio contar com um pequeno centro de tratamentos e massagens desde seu lançamento. Em uma das reformas pelas quais o navio passou, uma academia foi acrescentada no segundo andar do Viking Crown, criando uma aberração: uma discoteca com equipamentos de musculação! 

O destaque negativo: Viking Crown passou a abrigar disco e academia na mesma área após 2004. No andar inferior, a pista de dança, no superior, os equipamentos de ginástica. Foto © Daniel Capella

As características positivas do navio, no entanto, excedem as negativas. Outro aspecto inovador foram as grandes paredes de vidro criadas nos átrios e que não eram comuns até então. O Empress foi também um dos primeiros navios a contar com um elevador panorâmico voltado ao mar. 

Na ocasião de seu batismo, a Royal Caribbean destacou as seguintes características: 

  • A tinta utilizada para pintar o navio é suficiente para pintar 22 Cadillacs ou um muro de 250 mil m²; 
  • A altura do navio equivale a da Torre de Pisa, caso ela fosse endireitada; 
  • A quantidade de lubrificante usada a bordo seria suficiente para trocar o óleo de 14,000 Mercedes 190s; 
  • O Empress conta com 803 cabines, tem capacidade para transportar até 2,000 passageiros e 675 tripulantes;
  • Além disso, conta com 1,340 aparelhos de telefone e uma televisão em cada cabine. 

Temporada no Brasil cancelada

Ainda como Nordic Empress. nas Ilhas Cayman. Foto por WikiEK

Depois de 9 anos realizando apenas cruzeiros curtos, o Empress passou a navegar a partir de Nova Iorque. Substituindo o Song of America, o navio assumiu itinerários para as Bermudas. Graças a seu tamanho, podia atracar bem no centro da cidade de Hamilton, a capital da ilha. 

Em 2000, depois de cerca de dez anos navegando exclusivamente pela América do Norte, o Empress chegou a ser anunciado para uma temporada no Brasil. O navio deveria ter vindo ao país na estação 2000/2001, para realizar cruzeiros entre Santos e Buenos Aires. 

Estreando na América do Sul, a Royal Caribbean havia mudado seu nome para Royal Caribbean International e passava então por momento de expansão global. Adicionando itinerários em diversas partes do mundo, pretendia também servir o mercado brasileiro com o Empress.

Pouco depois do anúncio, no entanto, a Royal Caribbean decidiu mudar o navio para a operação brasileira, promovendo a vinda do Splendour of the Seas. Maior e mais novo, o navio da classe Vision tinha características mais apropriadas para a operação, de acordo com Ricardo Amaral, que depois se tornaria vice-presidente regional da companhia para o Brasil e América Latina. 

“O Splendour tinha melhores condições para realizar o itinerário previsto, que contava com diversas escalas e operação de lanchas para transporte de hóspedes entre navio e terra”, conta Amaral em seu livro Cruzeiros Marítimos

Empress of the Seas

Primeiro cartão postal oficial do navio após a mudança de nome. A imagem é da coleção de Ian Boyle, do Simplon Postcards

Dessa forma, o navio seguiu na América do Norte, depois realizando embarques na Filadélfia e em outros portos nos EUA e em Porto Rico. Em 2004, após uma das maiores reformas de sua carreira, foi renomeado Empress of the Seas, em linha com o restante da frota. 

Na ocasião, o Empress era o único navio operado pela Royal Caribbean que não tinha o sufixo em seu nome. Internamente, também recebeu mais características típicas da companhia, incluindo o restaurante de especialidade Portofino e o piano bar de temática naval Schooner. 

Navio ganhou parede de escala em 2004

A operação com esse nome, no entanto, não durou muito. Em 2007, a Royal Caribbean Cruises envolveu o navio em uma troca com a Pullmantur. Recém-comprada pelo grupo, a companhia espanhola passava por adequação e modernização de sua frota. 

No acordo, a Pullmantur cedeu dois de seus navios mais modernos para a Celebrity Cruises, o Blue Dream e o Blue Moon. De pequeno porte e projetadas para cruzeiros de alto padrão, as embarcações eram ideais para o novo produto que a companhia do grupo Royal Caribbean pretendia lançar e que, depois, se tornaria a Azamara Cruises. 

Para compensar a perda destes navios, a Pullmantur recebeu dois navios: o Zenith, da própria Celebrity, e o Empress of the Seas. 

Moon Empress

A aparência original do navio sob a bandeira da Pullmantur, em foto de Daniel Capella

Sem um projeto de marketing muito claro na época, a Pullmantur inicialmente pretendia batizar o navio como Moon Empress. No entanto, quando entrou em operação para a marca espanhola em 2008, passou a se chamar apenas Empress. 

Sua despedida da Royal Caribbean ocorreu em 7 de Março de 2008, em cruzeiro pelo Caribe Sul, partindo de San Juan, em Porto Rico. Poucas semanas depois – e sem grandes intervenções em seus interiores – o navio passou a operar pela Pullmantur, com cruzeiros voltados ao mercado espanhol e português. 

Apesar de ter chegado a aparecer em catálogos e imagens promocionais (como a miniatura ao lado) com a aparência original da Pullmantur, não chegou a ter essa aparência. Quando começou a navegar, a companhia já havia assumido sua nova identidade, que visava refletir sua origem espanhola. Assim, recebeu o novo logo ñ, com casco branco, chaminé e detalhes em vermelho.  

Em sua temporada inaugural, navegou pelo Báltico, realizando o roteiro “Capitales Bálticas”, em substituição ao Blue Moon, que estreou o roteiro em 2007. Entre Setembro e Novembro, realizou o “Jóias do Atlántico”, que partia de Lisboa e Málaga, passando por Marrocos, Ilhas Canárias e Gibraltar.

Em novembro, atravessou o Atlântico para se juntar à frota da CVC na temporada brasileira. Fretado pela operadora brasileira, estreou por aqui em 2008/2009, em temporada histórica para e empresa

História no Brasil começa com a CVC

Fundeado em Punta del Este, em sua segunda temporada na região. Foto © Daniel Capella

Com seis navios operando exclusivamente para a sua marca, a CVC resolveu dedicar o Empress aos mercados do Nordeste e do Rio de Janeiro. Com a alcunha CVC Imperatriz, o navio estreou no Brasil em 7 de Dezembro de 2008.

Na data, partiu do Rio de Janeiro em um mini-cruzeiro de 4 noites, na praia privativa da CVC, em Mangaratiba (RJ), e também em Vitória. A capital do Espírito Santo, inclusive, também serviu como porto de embarque.

Após mais um mini-cruzeiro de itinerário similar, iniciou seu roteiro regular. Batizado Circular Nordeste, o itinerário passava por Rio de Janeiro, Salvador e Maceió, onde realizava pernoite. Em todas as paradas era possível embarcar para o cruzeiro, que tinha 7 noites de duração. 

A primeira escala em Santos, sob forte chuva, no dia 10 de Dezembro de 2009. A foto é de Daniel Capella

A viagem foi repetida até 28 de Fevereiro de 2009, quando o navio partiu vazio de volta para a Europa. 

Na temporada 2009/2010 estreou no Porto de Santos, passando a realizar mini-cruzeiros e itinerários mais longos rumo ao Prata a partir do Concais. Ainda sob a bandeira da CVC, também passou a oferecer embarques em Itajaí, durante os roteiros para o Prata.

Em 2012, sem aviso, o Empress surgiu no Brasil com pintura totalmente nova. Foto © Daniel Capella

No final de 2012, passou por doca-seca antes da temporada brasileira, se tornando o primeiro navio a receber a mais recente identidade da Pullmantur. O Brasil foi o primeiro destino a ver uma embarcação da companhia espanhola com as novas cores, que incluem casco e chaminé em azul marinho e novo logo. 

Os roteiros se repetiram nas duas estações seguintes, antes da Pullmantur assumir a totalidade de sua operação no país. Em 2013/2014, a companhia espanhola deixou a CVC de lado, abrindo um escritório por aqui e se tornando responsável, não só pelo operacional, mas também pelo comercial de seus navios no Brasil. 

O improvável retorno à frota da Royal Caribbean

Logo da Pullmantur deixou a chaminé em 2016. Foto © Daniel Capella

Apesar do novo operador, o navio seguiu realizando itinerários parecidos, sem grandes alterações. A ampliação na duração das temporadas foi uma das principais mudanças, além do acréscimo de Buenos Aires como porto de embarque, o que já havia acontecido pouco antes. 

O Empress se despediu do Brasil de forma abrupta, na temporada 2015/2016. Pouco antes de partir da Europa para o país, o navio se viu envolto em rumores de que estaria para ser transferido da frota da Pullmantur.

Como noticiado por nós na época, suspeitava-se que o navio pudesse ser aproveitado pela Azamara, devido a seu porte e características. Com um investimento, poderia ter suas cabines aumentadas e sua capacidade enxugada, se tornando ideal para os cruzeiros upper-premium da marca. 

O que se viu, no entanto, foi um improvável retorno para a Royal Caribbean International, sua companhia original. Depois de 8 anos, o navio voltaria a ser chamado Empress of the Seas, navegando pelos EUA e Caribe. 

Aparência do único deck de piscina do navio, antes da reforma. Foto © Daniel Capella

Para isso, a companhia anunciou que submeteria o navio à maior reforma de sua carreira, com acréscimo, até mesmo, de um “solarium”. Entre outras novidades, o navio ganharia o deck de piscina clássico da frota da Royal Caribbean, que é exclusivo para adultos e conta com cobertura de vidro. 

No geral, o navio seria passaria por um profundo processo de modernização, que incluiría, não só o acréscimo de características dos mais recentes navios da frota da companhia norte-americana, mas também aspectos técnicos e navegacionais. 

A Pullmantur, enquanto isso, sangrava. Hoje em recuperação judicial, a companhia espanhola já dava prejuízo para seus proprietários nesta época. Assim, convenientemente, cancelou a maior parte da temporada 2015/2016 no país. Poucos meses depois, em Março de 2016, fechou seu escritório brasileiro, deixando de atuar no país diretamente

Despedida do Brasil

Foto © Daniel Capella

Na ocasião, o Empress tinha prevista uma das maiores temporadas brasileiras de sua história, com roteiros no país entre Novembro de 2015 e Maio de 2016. Segundo a companhia, era preciso cancelar todos os cruzeiros que partiriam entre 13 de Fevereiro e 1º de Maio, com o objetivo de criar uma janela para a intervenção em doca-seca.

A crise no Brasil, no entanto, tinha feito com que a procura pelos itinerários estivesse bem a baixo do esperado pelas companhias. Tanto é que a MSC também realizou cancelamento semelhante naquela temporada, reduzindo consideravelmente a permanência do MSC Lirica no país

No total, o Empress teve 24 cruzeiros no Brasil cancelados. A grande maioria eram mini-cruzeiros, com partida de Santos e Itajaí. Assim, o navio se despediu do país com um cruzeiro de Carnaval, iniciado no dia 6 de Fevereiro de 2016. Com 6 noites, a viagem visitou Salvador e Cabo Frio, antes de voltar a Santos no dia 13 de Fevereiro e partir vazio para estaleiro nas Bahamas. 

No total, realizou oito temporadas consecutivas no Brasil, entre o final de 2008 e o começo de 2016. 

Retorno a Miami após reforma atrasada 

Oito anos e alguns meses depois de sua despedida, o Empress of the Seas voltou a navegar pela Royal Caribbean International em Maio de 2016. No dia 25, o navio retornou ao Porto de Miami, embarcando em seu primeiro cruzeiro no dia 28 daquele mês. 

Apesar de ter acabado sendo menos extensa do que o inicialmente previsto, a reforma do navio custou cerca de US$ 50 milhões. A título de comparação, a construção do navio nos anos 1990 custou pouco mais de US$ 200 milhões. 

O navio não recebeu um solarium como previsto, nem viu grandes alterações em suas cabines ou áreas públicas. A revitalização, no entanto, demorou bem mais do que o previsto. Por conta disso, o retorno acabou marcado pelo cancelamento de cruzeiros. No total, 13 viagens tiveram de ser canceladas para a finalização da reforma. 

Justificando o atraso, a Royal Caribbean afirmou que a renovação acabou mais complexa do que o inicialmente previsto. “Enquanto progredíamos, percebemos que mais infraestrutura e melhoras físicas eram necessárias nas áreas de cozinha e armazenamento do navio, de forma a colocá-lo novamente nos altos padrões de nossa frota”, disse a companhia em uma declaração. 

A companhia também afirmou que optou, então, por reconstruir as cozinhas do navio, em vez de simplesmente adaptá-las. “Os espaços terão infraestrutura e equipamentos totalmente novos, em um investimento de US$ 10 milhões”, completou. 

Uma vez pronto, o navio retomou o serviço que realizava nos primeiros anos de sua carreira. Partindo de Miami, passou a fazer mini-cruzeiros de 4 e 5 noites, com escalas em CocoCay, outros portos nas Bahamas, e também no México. 

Fazendo história em Cuba

A primeira chegada à Havana, a capital cubana 

Pouco depois de sua re-estréia na frota da Royal Caribbean, a intenção da empresa em trazer o navio de volta ficou clara: o Empress tinha o tamanho ideal para atracar em Havana, a capital de Cuba

Atenta ao cenário político dos EUA, a Royal Caribbean antecipou a possibilidade de liberação de navios norte-americanos na ilha socialista. Embargada há décadas, Cuba não recebia nenhum cruzeiro com passageiros do país desde os anos 1960. 

Com a Carnival Corporation tomando a dianteira e criando um produto humanitário que poderia visitar Cuba sob condições especiais, a RCI preparou sua resposta. A companhia, no entanto, decidiu não realizar os cruzeiros da mesma forma que a Fathom Travel. A marca da Carnival foi a primeira a operar na ilha depois do embargo, justamente por oferecer cruzeiros que combinavam férias com trabalhos voluntários e turismo social. 

Em vez disso, a RCI decidiu esperar a liberação dos cruzeiros ‘comuns’ na ilha. Fora da rota dos grandes navios de cruzeiro, a infraestrutura de Cuba, no entanto, estava parada no temo. O maior terminal de cruzeiros da capital Havana não tinha capacidade de receber embarcações de grande porte.

Assim, foi preciso trazer de volta o Empress, com suas 50 mil toneladas, para poder operar na cidade. Em 2016, o menor navio da frota era o Legend of the Seas, de 69 mil toneladas, que já tinha sido vendido para outro operador. Em seguida, toda a frota tinha pelo menos 72 mil toneladas, o que inviabilizava a operação em Havana. 

A autorização para a estréia em Cuba acabou demorando mais do que o esperado, mas o Empress of the Seas finalmente chegou à ilha em Abril de 2017. Na ocasião, o navio se tornou um dos primeiros a passar por Havana com passageiros norte-americanos desde os anos 1960. 

Governo Trump acaba com operação

Atracado em Havana, com carro típico 

A operação cubana durou cerca de dois anos, sendo encerrada em Junho de 2019. Após as escalas inicias em Havana, o Empress passou a realizar roteiros mais longos para a ilha, parando também em outros destinos do país. 

Os roteiros do tipo já estavam programados até 2020, mas acabaram suspensos de forma abrupta. Insatisfeito com a aproximação dos EUA para com um país ainda essencialmente socialista, o presidente republicano Donald Trump reverteu a autorização de viagem ao país que havia sido sancionada por Barack Obama alguns anos antes. 

De validade imediata, a proibição foi assinada pelo presidente em 4 de Junho de 2019 e deixou o Empress of the Seas ‘órfão’. Sem os portos cubanos em seu itinerário, a segunda passagem do navio pela Royal Caribbean parecia ter seus dias contados. 

Pós-Cuba e dias atuais

A companhia, no entanto, decidiu mantê-lo em sua frota. Reflexo do momento que o mercado de cruzeiros vivia até a pandemia de COVID-19, a Royal Caribbean não viu necessidade de abrir mão dos leitos oferecidos pelo navio. 

Certamente contribuíram para a decisão a ausência de compradores para navios de segunda mão no mercado e a demanda sem precedentes que as companhias até então testemunhavam. Nesse contexto, a Royal Caribbean criou roteiros alternativos para o navio, com foco em exploração de portos e embarque em diversos de seus portos-base. 

Nesse momento, o navio deveria estar operando a partir de Cape Liberty, o porto da Royal Caribbean em Nova Iorque. Depois de quase 20 anos, o agora Empress of the Seas ia voltar a navegar para as Bermudas, passando pela Nova Inglaterra e Canadá. A temporada também incluía embarques em Montreal, no país vizinho aos EUA. 

O novo coronavírus, no entanto, colocou tudo a perder. Assim como o restante da frota, o Empress está sem operar desde março. Após ser empregado em uma viagem de repatriação de tripulantes europeus e asiáticos, o navio estava em layup na costa da Inglaterra há alguns meses.

A história, no entanto, parece estar para mudar. Nessa quarta-feira, o Empress voltou a navegar, com destino ao Porto de Marsaxlokk, em Malta.   

Próxima parada: sucata?

Imagem oficial na volta à frota

Todos os cruzeiros que partiriam de Nova Iorque e do Canadá acabaram cancelados devido ao vírus. Agora, a previsão é de que o navio volte a operar apenas em 28 de Outubro de 2020, com um mini-cruzeiro entre Miami e às Bahamas. 

Entretanto, a parada temporária de operações da Royal Caribbean pode acabar sendo definitiva para o Empress. Com a pandemia ainda avançado quatro meses depois da parada, a situação financeira da empresa se deteriora a cada dia e o futuro do mercado se torna constantemente mais incerto e difícil. 

Nesse contexto, navios como o Empress cada vez mais perdem espaço. Na Carnival Corporation, a “caça às bruxas” já começou, com 13 navios menores e mais antigos deixando a frota nos próximos 90 dias

A Carnival vendeu, inclusive, navios bem maiores e mais novos que o Empress, incluindo o Oceana, de 2000, e o Costa Victoria, de 1996

Sovereign e Monarch são encalhados para desmonte - Portal ...
Monarch e Sovereign em seu destino final, na Turquia

A exemplo dos gêmeos Sovereign e Monarch, que, acabaram fadados à uma demolição relativamente precoce, o Empress pode ser sacrificado em nome do corte de custos e da ‘otimização’ da oferta. 

Se não encontrar um comprador – o que também não é provável – o navio é grande candidato a terminar, em breve, em uma das infames praias asiáticas que são destino final para navios aposentados.

Localizados em países como a Turquia, a Índia, a China e o Paquistão, os locais devem se ver ocupados nos próximos meses, desmontando e reciclando as, agora, ‘sobras’ do mercado de cruzeiros.

O porto para o qual o navio se dirige no momento, inclusive, foi o último a receber o Monarch e o Sovereign. As duas antigas embarcações da Pullmantur passaram por Marsaxlokk já à caminho dos sucateiros.  

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1 Comentário

  1. gostaria de comprar miniatura do navio pulmantur empress.
    hoje o nome ficou empress of the seas.
    obrigado aguardo retorno
    meu wats 55 9 9674 3706

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