Agora sendo desmontado, Victoria era última ligação da Costa com frota clássica

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Visto no Rio de Janeiro, o Costa Victoria realizou diversas temporadas no Brasil até 2012

Com o encerramento definitivo da carreira do Costa Victoria, a Costa Crociere perde a última ligação que ainda mantinha com sua frota clássica. Apesar de ainda relativamente novo, o navio foi encalhado para desmanche na Turquia, no mês passado

Comissionado em 1996, o Victoria havia sido vendido pela Costa para terceiros na metade do ano passado. Seus compradores acabaram revendendo-o para os sucateiros, que o renomearam St. Victoria e o rebocaram para Aliaga, onde está sendo desmontado nesse momento. 

O navio era o último genuinamente italiano da frota, com projeto, encomenda e construção realizados pela empresa antes de seu controle passar para a norte-americana Carnival Corporation – que a detém até os dias atuais. A corporação, inclusive, foi quem decidiu vender o navio, incluindo-o em um plano de otimização da frota e corte de custos

Atracado em Lisboa, em foto de Rui Agostinho

Uma evolução dos gêmeos Costa Classica e Costa Romantica, comissionados no começo dos anos 1990, o Victoria foi construído na Alemanha, pelo estaleiro Bremer Vulkan. Apesar de não vir da Itália diretamente, foi projetado sob a supervisão dos profissionais daquele país e da própria família Costa, que administrou a companhia por várias gerações antes de vendê-la para a Carnival Corp. 

O fato refletia principalmente nos interiores do navio, que seguiam as características que toda a frota tinha até então, com design elegante, cores clássicas e materiais nobres. O estilo, apesar de aperfeiçoado e modernizado, era o mesmo que seguia a companhia desde sua fase clássica, quando era chamada Linea C. 

Assim, o Victoria era, de certa forma, uma ligação direta entre a companhia atual e seu passado histórico, que incluiu transatlânticos, como o Federico C e o Eugenio C. Este último, inclusive, esteve diretamente ligado com o Victoria, ao ser repassado para o estaleiro Bremer Vulkan como parte do pagamento para a construção do novo navio. 

Tradição não paga contas  

A clara ligação com o passado, inclusive, é um dos fatores que levaram o navio a um fim prematuro. Para justificar a venda do Victoria (e de outros treze que já haviam sido vendidos até então), o CEO da Carnival Corp, Arnold Donald, citou exatamente o passado. 

Concorde Plaza, lounge de três andares ocupava área que poderia ter tido cabines

“Ele está ótimo agora, em termos de ressonância com o passageiro. Mas você não pode investir capital nele, já que não irá obter retorno. Ele é menos eficiente”, disse em entrevista ao Cruise Industry News

“É menos eficiente por ter sido construído em outra época, de uma forma diferente. Por isso é mais desafiador em termos de geração de resultado. Você não irá investir em algo que torna sua tarefa muito mais desafiadora enquanto pode trazer navios novos, que são muito mais eficientes”, acrescentou. 

Com cerca de 75 mil toneladas, o Costa Victoria tinha capacidade para 1.900 passageiros em ocupação dupla.

Sem o navio, a Costa Crociere receberá um novo membro para sua frota em 2021, o Costa Toscana. Em construção na Finlândia, a embarcação terá cerca de 180 mil toneladas, além de capacidade para mais de 5.200 passageiros em ocupação dupla. 

Menor número de passageiros e mais áreas públicas

Um dos principais diferenciais do Victoria – que certamente pesou na decisão – era, justamente, o volume menor de passageiros. Construído em uma época em que a Costa ainda tentava se posicionar como companhia premium, o navio tinha quantidade menor de cabines que outros navios de porte similar. 

Assim, tinha maior quantidade de áreas públicas, incluindo um lounge único de quatro andares na proa e uma piscina interna aquecida. Essa última, típica de navios dos anos 1970 e 1980, era parte do spa, mas de uso livre para todos os passageiros, e contava com áreas de hidromassagem. 

Corte longitudinal do navio, com destaque para o Concorde Plaza (número 2) e o átrio Planetarium (número 9)

Já o lounge, batizado Concorde Plaza, funcionava como um segundo teatro, além de ser palco de festas e coquetéis. Com vista panorâmica para a proa, o local contava com queda d’água e tinha até mesmo um elevador de vidro que usava tecnologia à vácuo.

O Costa Victoria ainda tinha um tradicional restaurante externo na popa. Com estilo náutico, o local era similar ao dos gêmeos Classica e Romantica, e funcionava como extensão do buffet. 

Outra característica hoje considerada ultrapassada, é a presença de grandes átrios. O Victoria contava com um, o Planetarium. Com sete decks de altura, o local contava com telhado de vidro, grandes janelas laterais e elevadores panorâmicos – os primeiros da frota da Costa.

Hoje, as companhias veem os átrios como desperdício de espaço, preferindo diminuir suas dimensões e ocupar maior área a bordo com cabines ou atrações adicionais. 

Em Palma de Mallorca, navio é visto com sua aparência original, antes do acréscimo das varandas de 2004. A foto é de Aah-Yeah

Além disso, originalmente não contava com cabines com varanda em quantidade significativa. A falha de projeto foi corrigida já em 2004, com o acréscimo de três decks de sacadas logo a baixo da piscina. Assim, foram criadas 246 novas cabines com varanda, em acréscimo àquelas que já existentes. 

O Costa Victoria ainda foi o primeiro navio da frota da Costa a contar com um restaurante de especialidades. No total, eram cinco salões de refeição a bordo. 

Para ver mais imagens dos interiores do Costa Victoria, clique aqui ou na miniatura a seguir. 

Agora sendo desmontado, Victoria era última ligação da Costa com frota clássica

Último sobrevivente navega nos EUA desde 2018

Com a despedida do Victoria, a frota tradicional da Costa vive em um único navio, o antigo Costa Classica. Vendido pela companhia em 2018, o navio é hoje operado pela Bahamas Paradise Cruise Line. Realizando mini-cruzeiros entre as Bahamas e os Estados Unidos, navega com o nome Grand Classica. 

Grand Classica em seu porto base atual, West Palm Beach

Apesar de ter sido modernizado em diversas ocasiões, conserva muito do design original projetado pela família Costa nos anos 1990.

Da mesma geração, Costa Marina e Costa Allegra também foram desmontados, enquanto o Costa Romantica segue ativo.

Vendido para a Celestyal Cruises em 2020, o navio era gêmeo do Classica, mas foi extensivamente alterado entre 2011 e 2012. Com interiores reconstruídos em suas totalidades, não conserva nenhuma de suas características originais. 

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