Com pandemia, 15 navios de cruzeiro vieram ao Brasil desde março

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Pandemia de COVID-19 fechou espaços públicos, mas não impediu 15 navios de cruzeiro de visitar o país

A pandemia de COVID-19, as restrições de viagem em nível global e a parada total do setor de cruzeiros criaram cenários inéditos para o setor. Além dos navios totalmente vazios e sem rumo ao redor do mundo, situações antes inimagináveis passaram a ser corriqueiras.

Entre elas, navios de cruzeiro sendo usados como meio de transporte entre A e B, companhias específicas em portos distantes de suas áreas de atuação, passageiros e tripulantes em quarentena a bordo, escalas fora de época, embarcações transformadas em hospitais flutuantes e mais. 

Nesse momento, por exemplo, dois dos maiores e mais novos navios da Holland America Line (HAL) se dirigem ao Brasil – em agosto, pleno verão no Hemisfério Norte.

A Holland America Line, o Alaska e o Brasil

Em condições normais, uma operação do tipo beiraria a insanidade. Baseada nos EUA, a HAL tem o Alaska como seu principal mercado historicamente, dedicando, por vezes, mais da metade de sua frota ao destino. Com verões curtos, a companhia concentra, a cada ano, sua operação no destino nos poucos meses disponíveis – entre eles, o de Agosto. 

Altamente lucrativo, o Alaska estava em alta nos últimos anos e vinha recebendo mais atenção, não só da Holland America Line, como de todo o mercado. Enquanto a Norwegian Cruise Line resolveu construir um mega-navio especialmente projeto para o destino, a HAL previa ter sete navios no destino entre maio e setembro. 

O número equivale a pouco mais da metade da frota da companhia, que operava, até a parada, um total de 13 navios. O restante dos navios, inclusive, estava dividido entre a Europa – a casa espiritual da HAL – e a Costa Leste dos EUA. Os dois destinos costumam ser os únicos com preços competitivos o suficiente para fazerem a companhia tirar um navio do Alaska nessa época do ano. 

Outros casos ao redor do mundo

A frota de Manila, em foto de Samuel Andre C. Mcdonald

E a lista de ‘inconformidades’ é enorme no momento. Existem navios da Carnival Cruise Line, que raramente deixa o Caribe, navegando no Índico; navios da P&O Australia, que só oferece cruzeiros na Oceania e Sudeste Asiático, navegando no Canal de Suez; um navio da Silversea na Arábia Saudita e mais.

Isso tudo, sem falar na ‘Frota de Manila’, os cruzeiros que foram repatriar os milhares de tripulantes filipinos e acabaram ficando na capital do país. Como resultado, a cidade, que tem 16 apenas escalas agendadas para 2021, se viu, de repente, com dezenas de navios fundeados em seu porto. 

Hoje a maior parte dos navios seguiu para outros portos, mas, em meados de maio, haviam quase 30 navios de cruzeiro na baía de Manila. Entre eles, embarcações da Costa, Princess, Carnival, Holland America, Royal Caribbean, Norwegian Cruise Line, Dream Cruises, AIDA e mais. 

Agora, a concentração em Singapura, que soma 20 navios atracados ou fundeados em suas águas. 

Os 15 navios que passaram pelo Brasil

Hoje fundeado em Salvador, o MSC Sinfonia é um dos navios que permanece em águas nacionais desde o início da pandemia

Aproveitando a deixa dos navios da Holland America em Fortaleza, listamos todos os navios que passaram pelo país desde o começo da pandemia. Alguns já estavam por aqui e, naturalmente, buscaram abrigo em portos brasileiros.

Outros, no entanto, navegavam em outros países e regiões e acabaram por aqui. Confira a lista com informações de cada navio: 

1 – Silver Shadow (12 de Março, Recife)

O primeiro navio a permanecer inativo no Brasil foi o Silver Shadow. O navio de luxo da Silversea realizava cruzeiro pela América do Sul quando escalou Recife, em 12 de março.

Após um passageiro estrangeiro apresentar sintomas de COVID-19, o Shadow foi impedido de seguir viagem. Posteriormente, a infecção pelo novo coronavírus foi confirmada e o navio foi colocado em quarentena na capital pernambucana

Os 266 passageiros que estavam a bordo foram desembarcados no final de março, seguindo para suas casas de avião. Após 14 dias em isolamento no porto de Recife, o Silver Shadow seguiu viagem no dia 26 daquele mês, apenas com tripulantes a bordo. 

2 – MSC Sinfonia (15 de Março, Itajaí)

Em temporada pelo Brasil e América do Sul, o MSC Sinfonia continua no país até o momento. O navio da MSC Crociere foi um dos primeiros a sair de serviço no país, quando teve sua travessia rumo a Europa cancelada, no começo de março. 

A viagem tinha múltiplos portos de embarque, partindo de Itajaí em 7 de março, Santos em 13 de março, e Rio de Janeiro em 14 de março. O destino final era Veneza, onde a chegada deveria ter ocorrido em 4 de abril. No dia 11 de março, no entanto, com a eminência da pandemia, a MSC decidiu que não iria realizar mais o cruzeiro

Assim, após encerrar o último cruzeiro de sua temporada local em Santos no dia 13, o Sinfonia retornou para Itajaí no dia 15, para desembarcar os hóspedes que haviam embarcado para a travessia no dia 7. 

Já sem operar comercialmente, o MSC Sinfonia chegou ao Rio de Janeiro alguns dias depois. Após desembarcar a maior parte de sua tripulação no porto carioca, seguiu para Salvador no começo de maio. Desde então, tem passado a maior parte do tempo ancorado na Baía de Todos os Santos, aguardando a retomada das operações da MSC. 

3 – Costa Fascinosa (17 de Março, Santos)

Seguindo recomendação do Governo Federal, a Costa Crociere decidiu encerrar antecipadamente sua temporada brasileira 2019/2020. No dia 13 de março, a companhia anunciou que realizaria apenas mais um cruzeiro no Brasil antes de desativar, temporariamente, o Costa Fascinosa. 

Assim, o navio partiu de Santos em 14 de Março, retornando no dia 17. Naquele dia, desembarcou todos os hóspedes e permaneceu atracado no Concais, aguardando definições. Pouco depois surgiram suspeitas de casos de COVID-19 a bordo, com o navio logo sendo colocado em quarentena pela Anvisa.

A presença do novo coronavírus a bordo foi depois confirmada, os casos a bordo se multiplicaram e três tripulantes do navio faleceram em decorrência da doença. Entre eles, o médico do Fascinosa, que tinha 70 anos e era da Itália. 

Depois de cerca de um mês em quarentena, o Fascinosa foi liberado pelas autoridades brasileiras em 26 de abril. Ainda assim, permaneceu em Santos até o dia 13 de junho, alternando entre períodos atracado e fundeado na barra, enquanto realizou desembarque da maior parte de sua tripulação.  

4 – MSC Poesia (18 de Março, Santos)

O MSC Poesia também estava navegando pela América do Sul quando a pandemia de COVID-19 estourou. O navio da MSC Crociere está em Santos desde o dia 18 de março, quando teve parte de seu último cruzeiro cancelada

Insistindo em manter os cruzeiros finais da temporada apesar de diversas restrições de viagem já estarem em vigor, a MSC decidiu que a viagem do navio de 15 de março ocorreria normalmente. O Poesia operaria um roteiro alternativo com visitas a Buenos Aires e Itajaí, já que o Uruguai havia se fechado aos cruzeiro. O itinerário original previa duas paradas no país, além da escala na capital Argentina.  

Após partir de Santos naquele dia, o navio seguiu diretamente para Buenos Aires mas acabou retornando para Santos sem chegar ao seu destino. No final do dia 16, no entanto, a Argentina também fechou seus portos e o Poesia acabou tendo seu cruzeiro também cancelado

A viagem seguinte também foi cancelada, assim como a travessia rumo a Europa. Desde então, a embarcação desembarcou a maior parte de sua tripulação e permanece fundeada em Santos, atracando pontualmente para reabastecimento. O MSC Poesia deve partir para o Caribe, onde irá voltar a operar, em novembro. 

5 – MSC Seaview (19 de Março, Santos)

Também fundeado em Santos até os dias atuais, o MSC Seaview se encontrava em situação similar a do Sinfonia, Poesia e Fascinosa. O navio da MSC Crociere estava navegando no Brasil quando a pandemia de COVID-19 estourou.

Assim como o Sinfonia, o Seaview não teve nenhum cruzeiro nacional cancelado, deixando de realizar apenas sua travessia rumo a Europa. Dessa forma, acabou se tornando o último navio da temporada nacional a encerrar suas operações.

A embarcação partiu de Santos em um mini-cruzeiro em 16 de março, quando a maior parte das operações a nível mundial já havia sido suspensa. Apesar de não ter conseguido visitar nenhum porto do itinerário, o navio seguiu com o cruzeiro normalmente até o dia 19, quando o desembarque estava marcado. 

Naquele dia, atracou em Santos para encerrar a viagem, saindo oficialmente de operação. Desde então, desembarcou a maior parte de sua tripulação e permaneceu fundeado na barra do porto, atracando pontualmente para reabastecimento.

O navio chegou a registrar casos do novo coronavírus e entrar em quarentena, mas nenhum caso evoluiu negativamente. 

6 – MSC Musica (21 de Março, Santos)

No dia 21 de março, um terceiro navio da MSC Crociere chegou ao Porto de Santos. O MSC Musica não tinha escalas previstas para essa temporada na cidade, mas acabou vindo buscar abrigo por aqui, já fora de serviço. 

Com cruzeiros cancelados, o Musica encontrou situação turbulenta em Buenos Aires, onde estava baseado desde dezembro. Quando retornou à capital argentina para encerrar sua última viagem e sair de serviço comercial, acabou retido por 30 horas. 

As autoridades locais, a princípio, não quiseram liberar a operação do navio, que tinha, quase exclusivamente, passageiros argentinos a bordo. Depois de finalmente conseguir desembarcar os hóspedes seguiu para Santos, onde se encontra até o momento. 

Por aqui, passou a alternar períodos atracado no porto e outros fundeado na barra, enquanto desembarcou a maior parte de sua tripulação. No final de abril, chegou a entrar em quarentena, com apenas um caso de COVID-19. 

7 – L’Austral (22 de Março, Rio de Janeiro)

O L’Austral acabou escalando o Brasil para desembarcar passageiros após não conseguir operar na Argentina. Antes de pedir ajuda para o Rio de Janeiro, o navio da Ponant também tentou, sem sucesso, atracar no Uruguai e no Chile.

Já com sua operação suspensa, a embarcação de expedição precisava de um local para desembarcar os hóspedes de seu último cruzeiro, que viajou pela Antártica, antes de sair oficialmente de operação. Classificada como um gesto humanitário, a operação foi autorizada pela Anvisa e começou em 22 de março. 

Após alguns dias atracado, o L’Austral repatriou cerca de 250 pessoas, entre passageiros e tripulantes. O navio também realizou reabastecimento e embarque de suprimentos, se preparando para partir para a Europa. Antes, no entanto, fundeou na Baía de Guanabara, esperando seu companheiro de frota Le Boreal. 

8 – Le Boreal (25 de Março, Rio de Janeiro)

Alguns dias depois do L’Austral, foi a vez do Le Boreal atracar no Porto do Rio de Janeiro, em 25 de março. Também operado pela Ponant, o navio se encontrava em situação semelhante à do seu companheiro de frota e realizou o desembarque de  223 passageiros, além de 146 tripulantes. 

Ainda em março, o Boreal partiu do Rio junto ao Austral. Apenas com tripulação reduzida, os navios partiram juntos rumo a França, país sede da Ponant. 

9 – Koningsdam (2 de Abril, Fortaleza)

O primeiro navio da Holland America Line a visitar o Brasil durante a pandemia foi o Koningsdam. Inaugurada em 2016, a embarcação é a segunda mais nova da frota e chegou a Fortaleza no final de março. 

Após passar alguns dias fundeado em frente à capital cearense, atracou no Porto do Mucuripe em 2 de abril, com cerca de 900 tripulantes a bordo. Sem receber passageiros desde 15 de março, o navio realizava viagem posicional entre as costas Leste e Oeste dos EUA e desviou sua rota para visitar Fortaleza. 

Apesar de ter sido considerado humanitária pela imprensa local, a razão para a parada não foi relevada oficialmente. 

A possibilidade de gesto humanitário, no entanto, está totalmente descartada devido as características da escala. Apenas com tripulação a bordo, o navio partiu dos EUA deliberadamente após desembarcar seus últimos hóspedes em 15 de março. Ainda realizou parada normal em Bridgetown, Barbados, no dia 22 daquele mês, antes de seguir para Fortaleza.

Qualquer embarque, desembarque ou abastecimento emergencial poderia ter sido realizado normalmente no período anterior à chegada ao Brasil.

O mais provável é que a escala esteja relacionada ao abastecimento de combustível e mercadorias que já haviam sido compradas anteriormente. No dia em que saiu de serviço, o Koningsdam deveria ter partido em cruzeiro com destino ao Brasil. A viagem incluía parada em Fortaleza e foi cancelada abruptamente, após preparação que costuma incluir a compra de mantimentos, combustível e produtos nas paradas. 

Depois de atracar em Fortaleza, o navio seguiu para o Canal do Panamá, atravessando-o nas semanas seguintes. 

10 – Scenic Eclipse (2 de Abril, Santos)

No mesmo dia em que o Koningsdam atracou em Fortaleza, chegava a Santos o mega-yacht Scenic Eclipse. Projetado para expedições de luxo, a embarcação se tornou, naquele momento, o quinto navio de cruzeiro em águas santistas. 

Após passar o dia fundeado em frente ao porto, teve sua entrada autorizada na noite de 2 de abril. Pela primeira vez em Santos, a embarcação passou uma semana atracada no Armazém 33, realizando repatriação de tripulantes e abastecimento. Depois, em 9 de abril, partiu com número reduzido de funcionários rumo a Gibraltar, na Europa. 

A embarcação da Scenic Tours estava em temporada na Antártica quando teve seus cruzeiros cancelados. Seu último cruzeiro havia partido em 5 de março, de Ushuaia, na Argentina. De lá, o Eclipse rumou para o continente branco, e deveria ter retornado à Argentina após cerca de duas semanas.

Com a pandemia, no entanto, foi recusado pelo país e teve de seguir para o Uruguai, onde conseguiu desembarcar seus passageiros, já no final de março. 

11 – Ocean Endeavour (5 de Abril, Rio de Janeiro)

O Ocean Endeavour foi o quarto navio de expedição a buscar abrigo no Brasil após o desfecho inesperado da temporada na Antártica. O navio da Quark Expeditions chegou ao porto carioca em 5 de abril, após ter desembarcado seus últimos passageiros na Argentina, em 23 de março. 

Apenas com tripulação a bordo, a embarcação de pequeno porte não chegou a atracar no porto. Em vez disso, entrou na Baía da Guanabara, passou a Ponte Rio-Niterói e fundeou próximo da Ilha de Paquetá. Após alguns dias fundeado e reabastecimento, partiu para a Europa. 

12 – Ocean Atlantic (6 de Abril, Rio de Janeiro)

O Ocean Atlantic realizou operação similar, seguindo para o Rio de Janeiro após desembarcar os passageiros de seu último cruzeiro pela Antártica. Também projetado para cruzeiros de expedição, o navio é operado pela Albatros Expeditions, da Austrália. 

Procedente de Montevideo, onde conseguiu encerrar sua última expedição antes da parada, o Atlantic fundeou na Baía de Guanabara em 6 de abril, para reabastecer. Pouco depois seguiu viagem para a Europa. 

13 – Crown Princess (6 de Maio, Salvador)

Cerca de um mês depois da escala do Ocean Atlantic, o Brasil voltou a acolher um navio de cruzeiro fora de serviço. Navegando para a África do Sul, o Crown Princess veio ao país para realizar abastecimento. 

Após navegar com destino a Fortaleza, o navio da Princess Cruises mudou seu destino e seguiu para Salvador. No dia 6 de maio, fundeou na Baía de Todos os Santos, realizando embarque de suprimentos e combustível. Cerca de 24 horas depois partiu para Cape Town, na África do Sul. 

Assim como boa parte da frota da Princess, o Crown realizava missão de repatriação, levando tripulantes asiáticos e africanos de volta para suas casas

14 – Island Princess (7 de Maio, largo de Fortaleza)

Outro navio da Princess Cruises passou pelo Nordeste na mesma semana, o Island Princess. Também realizando missão de repatriação, a embarcação partiu das Bahamas com destino a Fortaleza. A chegada na capital cearense estava marcada, originalmente, para 6 de maio. 

Depois atrasada em um dia, a parada acabou não acontecendo. Apesar de ter navegado ao largo de Fortaleza, chegando a entrar em águas brasileiras o Island Princess seguiu diretamente para a África do Sul. 

15 – Zuiderdam (10 de Maio, Fortaleza)

Pouco depois dos navios da Princess, o Zuiderdam passou também passou pala capital cearense. Operado pela Holland America Line, o navio não chegou a atracar. Em vez disso, passou cerca de 24 horas fundeado na cidade, antes de partir para Salvador. 

Chegou na capital baiana no dia 14, entrando na Baía de Todos os Santos e  permanecendo fundeado por cerca de 20 horas. No dia seguinte, seguiu viagem para Walvis Bay, na Namíbia

A razão da escala não foi revelada oficialmente, mas deve estar relacionada a abastecimento. Assim como a maior parte da frota da HAL, o navio realizava missão de repatriação, levando tripulantes africanos e asiáticos de volta as suas casas. 

16 e 17 – Nieuw Amsterdam e Eurodam? 

Navegando rumo a Fortaleza, o Nieuw Amsterdam e o Eurodam podem se tornar os próximos navios a passar pelo país durante a pandemia. Os dois navios da Holland America Line estão retornando da Ásia, onde realizaram a repatriação de tripulantes. 

Após paradas em Durban, na África do Sul, seguem juntos para Fortaleza. A chegada de ambos está marcada para setembro. Leia mais: 

Navios da Holland America Line navegam com destino ao Brasil

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